O Quarto Nerd https://oquartonerd.com.br/ As Nerds da Cadeira Mon, 17 Feb 2025 03:13:35 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 https://i0.wp.com/oquartonerd.com.br/wp-content/uploads/2021/11/cropped-cropped-cropped-oqnPrancheta-7-1.png?fit=32%2C32&ssl=1 O Quarto Nerd https://oquartonerd.com.br/ 32 32 163939925 Capitão América: Como Sam Wilson Redefine o Heroísmo https://oquartonerd.com.br/capitao-america-e-representatividade-como-sam-wilson/ https://oquartonerd.com.br/capitao-america-e-representatividade-como-sam-wilson/#respond Mon, 17 Feb 2025 13:39:00 +0000 https://oquartonerd.com.br/?p=68206 O aguardado Capitão América: Admirável Mundo Novo chegou aos cinemas no dia 13 de fevereiro de 2025, trazendo Sam Wilson como o novo Capitão América. Nesta nova fase do Universo....

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O aguardado Capitão América: Admirável Mundo Novo chegou aos cinemas no dia 13 de fevereiro de 2025, trazendo Sam Wilson como o novo Capitão América. Nesta nova fase do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU), Wilson enfrenta um dilema moral ao descobrir a corrupção dentro do governo dos Estados Unidos.

Embora compartilhe os ideais de igualdade e justiça de seu antecessor, Steve Rogers, Sam tem uma visão mais realista do mundo e de como o sistema realmente funciona. Sua jornada promete redefinir o significado do escudo e o papel do Capitão América em um contexto político cada vez mais complexo.

O Capitão de Steve Rogers e a Crítica ao Sistema

Inicialmente, Steve Rogers simbolizou a idealização dos Estados Unidos e o sonho americano das décadas de 1940 e 1950. Como um herói patriótico, ele representava a luta contra ameaças globais, como visto na icônica capa da primeira edição de Capitão América, onde ele é retratado socando Adolf Hitler. Então, se tornou reflexo do imenso sentimento patriótico dos americanos, unindo as classes sociais contra o nazismo.

Contudo, com o passar do tempo, Rogers percebe que o governo nem sempre age com integridade. Aliás, isso fica evidente em Capitão América: Guerra Civil (2016), quando ele decide se opor ao Acordo de Sokovia, percebendo que aqueles que ele seguia agora estavam do outro lado da batalha.

Enquanto Steve Rogers permanecia congelado, o governo tentou recriar o soro do super-soldado, mas de forma cruel e desumana. Em Falcão e o Soldado Invernal, conhecemos Isaiah Bradley, o primeiro Capitão América negro, que surgiu nos quadrinhos em 2003. Ele foi um dos poucos sobreviventes de um experimento militar secreto. Infelizmente, Bradley passou 30 anos preso, foi usado como cobaia para novos testes com o soro, o que afetou sua saúde mental e fez com que ele desenvolvesse um profundo ressentimento contra o governo e os militares, além de ser apagado da história. O Bradley só foi reconhecido no final da série. Entretanto, enquanto era condecorado, em ‘Admirável Mundo Novo’, o mesmo tenta matar o General Ross na Casa Branca.

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Sam Wilson: Um Capitão América para os Tempos Modernos

Sam Wilson, o atual Capitão América, compartilha os valores de justiça de Steve Rogers, mas possui uma visão mais crítica sobre seu país. Nos quadrinhos, a edição #12 da HQ do Falcão aborda essa realidade ao mostrar Sam sendo preso injustamente por ser negro, enquanto a polícia deixa um criminoso branco em liberdade. Esse episódio ilustra a desigualdade racial presente no sistema de justiça.

Essa questão também aparece na série Falcão e o Soldado Invernal (2021), especialmente no discurso impactante de Sam. Nele, ele critica como os governantes, muitas vezes, tratam com descaso aqueles que voltaram do Blip, além de imigrantes e até mesmo ele, simplesmente por ser um Capitão América negro. Dessa forma, sua versão do herói não é apenas um símbolo de esperança, mas também um lembrete poderoso de que o patriotismo não deve ser cego. Pelo contrário, ele precisa reconhecer falhas e, acima de tudo, buscar justiça para todos.

Representatividade e o Impacto

No livro ilustrado da Marvel A Hero Looks Like You (“Um Herói Que Se Parece com Você”, em tradução livre), acompanhamos a jornada de um garotinho negro que busca um herói para se identificar. Durante sua busca, ele encontra inspiração em Sam Wilson, o Falcão, que assumiu o manto do Capitão América. A história transmite uma mensagem poderosa: qualquer pessoa pode ser um herói, independentemente da cor da pele ou da origem. O livro reforça a importância da representatividade e mostra que o legado do Capitão América vai além de um escudo – trata-se de coragem, justiça e inclusão.

Assim como Luke Cage, que se tornou um símbolo da resistência da comunidade negra nos anos 1970, Sam Wilson traz um novo significado para o manto do Capitão América. Ele vai além do heroísmo tradicional, usando sua posição para lutar ativamente por equidade e justiça social.

O Futuro do Capitão América no MCU

Afinal, com essa nova abordagem, o que significa ser o Capitão América nos dias de hoje? Como Sam Wilson pode redefinir esse legado em um mundo que ainda luta contra injustiças? Essas são questões que o filme promete explorar, deixando no ar um questionamento maior: quem são os verdadeiros heróis da nossa sociedade?

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Crítica | Capitão América: Admirável Mundo Novo é mais uma vítima da Marvel https://oquartonerd.com.br/critica-capitao-america-admiravel-novo-mundo/ https://oquartonerd.com.br/critica-capitao-america-admiravel-novo-mundo/#comments Thu, 13 Feb 2025 19:26:33 +0000 https://oquartonerd.com.br/?p=68197 Alerta de spoilers (por mais besta que seja, pode ter algum chatonildo online pra reclamar) Nesta quinta-feira, 13 de fevereiro, chega aos cinemas o mais novo lançamento da Marvel Studios:....

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Alerta de spoilers (por mais besta que seja, pode ter algum chatonildo online pra reclamar)

Nesta quinta-feira, 13 de fevereiro, chega aos cinemas o mais novo lançamento da Marvel Studios: Capitão América: Admirável Mundo Novo, o quarto filme da franquia. Mas desta vez, estrelado por Anthony Mackie no papel de Sam Wilson, marcando assim, a primeira vez que vemos o herói empunhando o icônico escudo nas telonas. E o que a princípio, retrata a imagem de um homem negro à frente desse símbolo de esperança pode ser inspiradora, se perde em uma trama que é tudo menos inspiradora. Logo fica claro ao público que o filme é tão raso e desprovido de ousadia quanto os outros projetos recentes da Marvel. Para a tristeza e infelicidade daqueles que tanto esperavam e queria ver o crescimento desse personagem como o simbolo que ele merece ser. (veja o trailer aqui)

E é com pesar que as palavras a seguir são dirigidas tanto aos leitores quanto à Marvel. Se você acompanha o estúdio, sabe que, nos últimos anos, a Marvel, antes conhecida como “A Casa das Ideias”, passou a priorizar a quantidade em detrimento da qualidade. Como resultado, uma série de filmes e séries fracas, com histórias e vilões mal construídos, invadiram os cinemas e o streaming. A necessidade da Disney de preencher lacunas em seu serviço de streaming e a ganância por mais bilhões no box office deram um novo apelido ao estúdio: “A Casa Sem Ideias”. E, mais uma vez, escrevo isso com pesar.

O CAPITÃO AMÉRICA

Crítica | Capitão América: Admirável Mundo Novo é mais uma vítima da Marvel

Agora, vamos ao ponto central dessa crítica. Sam Wilson retorna às telonas, mas desta vez com um papel mais importante: ele agora carrega o símbolo de esperança e coragem. No entanto, apesar de ter estrelado uma série ao lado de Bucky, que explorou questões sobre sua vida pessoal, Sam chega a este filme com um vazio imenso, algo que o estúdio simplesmente ignorou. Quais são as premissas e crenças desse herói? Por mais que o telespectador possa conhecer sua jornada, as palavras que colocam a boca do personagem são vazias e sem emoção.

Os filmes do Capitão América sempre abordaram, de alguma forma, a política. Sua primeira aparição nas HQs foi com ele socando Hitler. O Capitão América sempre foi político, desde o começo. E, por mais que você fosse de qualquer nação, ver aquele homem socando uma pessoa tão cruel unia os públicos. Nos cinemas, o DNA político do herói seguiu firme. Nos três filmes de Capitão América, vemos Steve enfrentando forças governamentais, espiões infiltrados e até o próprio governo. Desde o segundo filme, Sam Wilson esteve ao lado de Steve, abraçando essas ideias. Assim, já conhecíamos um pouco sobre sua índole e suas crenças. E aqui, era um grande lugar para vermos esse herói tomando o lugar e suas crenças de uma forma única e como o tal merecia. Mas já te adianto, que esse filme está bem longe de ser mais um posicionamento de personagem. A preocupação do estúdio para não fazer de Ross um reflexo de Trump é muito maior, então assim, a maior cai na maior cilada que ela mesmo construiu: criar um personagem extremamente político, mas que o estúdio tem medo de ser político.

Veja também:

O SAM WILSON

Essa nova hostória se dá com a ida de Sam ao lados das forças armadas ao México pare recuperar uma arma, que logo de cara ele é informado que as informações sobre a mesma são de sigilo, até mesmo dele – e, sinceramente, Marvel, por que o México? A vitória nessa missão leva Sam e seu novo púpilo Joaquim Torres (que está assumindo o manto de Falcão) à casa branca, com os cortejos presidenciais pela missão bem sucedida. E aí assim, somos introduzidos a um Sam, um Capitão América que agora trabalha ao lado de Thaddeus Ross. Se você não lembra, Ross foi o responsável por acirrar a rixa entre os Vingadores em Guerra Civil. A diferença é que agora o personagem é interpretado por Harrison Ford, que claramente não parece entusiasmado com o papel. É claro que as piadas sobre a mudança do ator estarão tão sem graças (na boca de Ford) e bem servidas para o público.

Crítica | Capitão América: Admirável Mundo Novo é mais uma vítima da Marvel

Agora, como aliado do governo, Sam Wilson posa para fotos ao lado do mesmo homem que causou a separação dos Vingadores. Por qual razão? Não sabemos, e provavelmente a Marvel também não sabe. A situação já é estranha o suficiente. Mas, como se não bastasse, toda a situação estranha que essa personagem se meteu, Sam decide que levar Isaiah Bradley para a Casa Branca é uma boa ideia. E vamos a um pequeno parenteses sobre o Bradley, torturado e usado como experimento pelo governo americano, na intenção de recriar o super soro que deu poderes ao Steve, ele e outros quase 300 soldados negros foram mantidos em cativeiro durante a segunda guerra mundial dentro dessas circuntancias. Quando conseguiu retornar aos Estados Unidos, foi preso e condenado a prisão perpetua.

Apesar das boas intenções e do coração generoso de Sam, a pergunta que fica é: por que ele levaria um homem torturado pelo governo dos EUA para o coração do poder que o colocou nessa situação? Não vou nem mencionar a conveniência de roteiro aqui, porque esse não é o ponto. A questão é: por que ele acha que isso seria algo bom para ele ou para os que ele defende? Mesmo após tudo o que ocorreu nos últimos anos, com o governo se recusando a aceitá-lo, por que ele estaria nesse contexto? A sua busca por uma aceitação parece muito maior do que a de seus principios.

A essa altura, a confusão de ideias e intenções de Sam impede que o telespectador se conecte com ele. É necessário se lembrar diversas vezes que esse é um personagem que você gosta e acredita, e é claro que essa foi uma das coisas que a Marvel precisou mexer no filme em suas regravações. A falta de evolução e discurso político na boca de Sam traz a necessidade de trazer outro personagem para lembre não só a ele mas também ao público o porque ele ser o capitão américa. E aí que, pela primeira vez ouvimos um: “É porque você inspira as pessoas.”. Mas, após mais de uma hora e meia de filme, com esse personagem claramente trabalhando ao lado do vilão, se colocando em situações que você não consegue acreditar, buscando uma aprovação popular e governamental… tudo que você não irá se sentir é inspirado.

Crítica | Capitão América: Admirável Mundo Novo é mais uma vítima da Marvel

Queremos torcer por ele, nos emocionar, rir e nos segurar na cadeira com seus desafios. No entanto, a Marvel Studios torna quase impossível essa conexão. O único momento em que lembramos por que gostamos dele é quando ele divide a tela com outro personagem. Claro, o estúdio tentou colocar Sam em uma posição de mentor para o Joaquin, algo que remete à dinâmica de Tony Stark e Peter Parker, com algumas risadas leves, mas com a falta de tudo que a há envolta, isso não é o suficiente para fazer o filme minimamente agradavel.

A CULPA AINDA É DA MARVEL

Tudo isso parece uma tentativa de dar ao público uma amostra do que seria Sam liderando os Vingadores. E, infelizmente, ficamos com dúvidas se isso vai funcionar. Uma das razões para esse filme existir é, além, claro, de fazer milhões (ou quase bilhões), continuar a história do Capitão América. Ele serve como uma ponte para a Marvel, que precisa reunir os Vingadores novamente, mesmo que a maioria das pessoas nem se lembre por que eles estão separados, e mostrar que Sam Wilson será o responsável por uní-los. É claro que o estúdio tem tentado construir algo como os Jovens Vingadores, mas sem os personagens clássicos que o público ama e sem uma conexão real com os novos heróis, o sucesso parece incerto. Talvez seja hora de deixar esse time em hiato e focar nos mutantes.

Está na hora de voltar a ouvir pitching de ideias, colocar a necessidade de procurar boas histórias para contar acima da necessidade de fazer milhões, e assim como antes, um será consequência do outro. Pois não podemos ser bobos, essa é a única razão pela qual grandes estúdios entram nessa jogada de produzir filmes investindo milhões. Talvez a consultória de pessoas que entendam de roteiros e desse universo antes de colocar seus filmes em produção possam salvar milhões e uma legião de exaustão do seu mais do mesmo.

Em Capitão América: Admirável Mundo Novo, o telespectador é guiado por uma jornada sem rumo, sem profundidade, com personagens mais frios que o próprio Capitão antes de ser resgatado do gelo. Ao final, fica a pergunta: Que admirável mundo novo é esse? E a verdade, meus caros leitores, é que nem a Marvel sabe. O que nos resta esperar é que este grande erro de priorizar a quantidade em detrimento da qualidade sirva de lição para a Marvel e outros estúdios apressados em entregar seus produtos. Esse caminho leva à queda, não à estabilidade.

Crítica: Capitão América: Admirável Novo Mundo

Diretor: Julius Onah
Elenco: Anthony Mackie, Giancarlo Esposito, Danny Ramirez, Harrison Ford e outros.

Onde Assistir: Cinemas

Nota: 2/5

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Arcane II – review, pautas pertinentes e continuidade https://oquartonerd.com.br/arcane-ii-review-pautas-pertinentes-e-continuidade/ https://oquartonerd.com.br/arcane-ii-review-pautas-pertinentes-e-continuidade/#respond Thu, 13 Feb 2025 14:11:22 +0000 https://oquartonerd.com.br/?p=68170 Chegou a hora de falar sobre a segunda temporada de “Arcane” que, desde o seu lançamento, tem quebrado recordes e a própria internet com a introdução de histórias paralelas e....

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Cena épica da segunda temporada de Arcane: o amor fraternal de Viktor e Jayce suprimindo o poder de Hextec.

Chegou a hora de falar sobre a segunda temporada de “Arcane” que, desde o seu lançamento, tem quebrado recordes e a própria internet com a introdução de histórias paralelas e outros elementos exploráveis das lendas de Runeterra.

Desde 2021, gamers e não-gamers esperam pela continuação de Arcane, série animada em streaming na Netflix, baseada no universo do jogo League of Legends. Lançada em novembro daquele ano em uma coprodução da Riot Games com a Fortiche Productions, ela se sustentou no top 1 das mais assistidas do Brasil por semanas, bateu recordes de notas em base de dados variados, e conquistou diversos prêmios no Annie Awards e no Emmy, que falei mais neste artigo.

Arcane explora a relação entre duas cidades-Estado: Piltover, conhecida como a “Cidade do Progresso”, e Zaun, uma subferia industrial marcada por pobreza e desigualdade, que fica na zona periférica e subterrânea de Piltover. A série foca na origem de personagens icônicos de League of Legends, e o enredo inicialmente se centraliza na relação conflituosa das irmãs Vi e Jinx, mostrando como eventos traumáticos moldaram suas personalidades e os colocaram em zonas extremas de uma guerra com muito mais do que dois lados.

Porém, enquanto, na primeira temporada, o desdobramento entre as irmãs (bem como a relação de Vi e Caitlyn, e a relação de Jinx e Silco) são o foco, com as demais personagens servindo para completar alguns arcos na ambientação, na segunda temporada, diversos outros núcleos têm maior destaque, mesmo que sem deixar o jogo político deixar de ser uma temática relevante. E é sobre esses núcleos, em especial àqueles que deixam o gostinho de quero-mais para séries paralelas, que falaremos neste artigo!

ATENÇÃO: Este artigo contém spoiler, então, caso você ainda não tenha visto a série, agora é um ótimo momento para começar a maratonar!

Crítica: a urgência de temas em Arcane II

Vi em sua "fase emo" da segunda temporada de Arcane.

[Imagem: Riot GamesFortiche Productions e Netflix]

Mas antes, precisamos falar sobre a velocidade em que a história se desenrola em Arcane II. Li esses dias uma resenha que criticava a rapidez da sucessão de acontecimentos, e tive a impressão que um fator que pode influenciar nessa sensação é a multiplicidade de planos de espaços-tempos nessa segunda temporada.

Há um trecho da série em que oscilamos entre plano real (crescente guerra entre Piltover e Zaun, ou seria Piltover e Noxus?), plano astral (Viktor consumido pelo arcano trabalhado em conjunto com a essência de Sky), dimensão paralela de Ekko e Heimerdinger, dimensão paralela de Jayce no pós-apocalipse, e a prisão mágica da Rosa Negra sobre Mel Medarda. Isso sem contar, é claro, com as idas e vindas do passado para explicar um pouco mais da relação familiar dos pais das meninas com Vander e Silco.

Para quem assiste sem muito repertório de LoL, algumas coisas podem parecer jogadas e sem muita amarração, mas meu lado fã fanático não permite julgar isso com negatividade, e sim busca entender a semiótica por trás. Afinal, estamos falando de uma guerra entre seres humanos (e hominídeos), mas que ao final se revela ser uma guerra da humanidade contra as máquinas. Típico clichê de qualquer distopia futurista, mas salientada em drama e fantasia, uma cor que só as lentes do universo produzido pela Riot poderiam dar. 

Mesmo assim, desde a temporada anterior, ficava claro que a série tinha muitas histórias para resolver… Para quem conhecia os Campeões do Rift pelo jogo, sabia-se que haviam personagens ainda não totalmente desenvolvidos, como Ekko, que terminou a primeira parte de Arcane muito antes de “estilhaçar o tempo”.

O segundo ato da temporada 2 trouxe um alívio nesse sentido, conectando enredos soltos e preparando o terreno para um desfecho convincente. Ainda assim, algumas subtramas poderiam ter sido trabalhadas de forma mais detalhada.

Os maiores problemas de Arcane II, eu diria, estão no desenvolvimento inconsistente de Jayce e no drama sáfico pouco explorado que permeia o arco romântico entre Caitlyn e Vi. 

Apesar de ser peça-chave por introduzir o Hextec, Jayce é facilmente manipulado pelas pessoas ao seu redor, e quando finalmente demonstra amadurecimento, não há tempo suficiente para tornar sua redenção crível. A série tenta resolver esse arco às pressas, mas o impacto fica aquém do esperado.

Já o casal que, desde a primeira vez que contracenou, demonstrou um alto teor de tensão sexual, deixa que o espectador adivinhe os sentimentos que existem por trás da passagem temporal abrupta entre os atos. Estamos entre uma Caitlyn, oficial condecorada e líder de sua casa, que é transformada pela perda de um ente familiar, e uma Vi solitária, que afoga as mágoas da própria existência entre se embebedar, dar porrada em homem e por vezes se fazer de saco de pancadas e, por trás de tantas palavras não ditas, não entendemos o que causa a súbita reconexão entre as duas e a mudança que faz Caitlyn “voltar a ser boazinha”.

Confira também:

Essa pressa, talvez reflexo do alto custo de produção – Arcane é conhecida como uma das animações mais caras já feitas –, acaba ironicamente destacando o potencial dos episódios mais pausados. Um dos momentos mais marcantes da série é justamente aquele que permite ao enredo e aos personagens respirarem. E sim, estou falando do episódio que faz o coração de Ekko, e de todos nós, amolecer…

E por falar em temas…

Arcane é uma série empoderadora. Por mais que contenha personagens masculinos, a esfericidade das personagens femininas é arrebatadora – não à toa, performam o eixo principal da série: a dualidade do amor e da lealdade de Vi, que se segmenta em duas figuras antagônicas e que a torna uma protagonista que sempre molha os pés em solidão, incapaz de encontrar paz em nenhum dos lados.

Falei sobre a importância da representação das mulheres no review que fiz sobre a primeira temporada. Recomendo a leitura!

Leia agora:

Mas, como dito, a segunda temporada, no seu multiverso de temáticas, ressalta a importância das tramas pessoais de alguns outros personagens, e suas análises nos levam a conclusões cheias de moral e ensinamento.

  • Isha e o culto a ídolos pelo explorado
Isha e Jinx lado a lado na cena em que as duas se conhecem na segunda temporada de Arcane. Isha utiliza o chapéu do Teemo.

[Imagem: Riot GamesFortiche Productions e Netflix]

No segundo ato da temporada, somos introduzidos a Isha, uma criança que conquista um espaço emocional para a nossa tão amada e odiada Jinx. Desde a sua primeira aparição, a série faz paralelos entre ambas e a relação fraterna que Powder tinha com Vi. Não à toa, Isha, que está fugindo de homens maus, dá um salto em direção à sua segurança, mas acaba acidentalmente caindo sobre Jinx. O mesmo acontece com Powder no primeiro episódio da série – a diferença é que Vi a segura por querer.

Isha é retratada, ao mesmo tempo que um espelho de Powder, uma âncora para ela se resgatar da persona vilanesca de Jinx. Mas, na verdade, a criança, por si só, tem uma simbologia ainda mais importante para o enredo geral do contexto de Arcane II.

Voltemos para a cena inicial – Isha fugindo pela sua vida. Ela corre pelos becos e vielas de homens com aparência bandidesca e utiliza um capacete como o de trabalhadores de mina, o que pode demonstrar suas raízes proletárias, e talvez até induzir que ela é uma criança que sofre de trabalho infantil. Em um salto de uma tubulação a outra, entre dois prédios, ela falha ao se segurar e cai sobre Jinx. Jinx mata os capangas que a perseguem e, a partir daí, a idolatria é instantânea: além de reconhecê-la como uma das mais renomadas figuras da luta de Zaun, também há, aí, a gratidão. Isha, afinal, a deve sua vida.

Quando, ainda nessa cena, com a criança caída ao seu lado, Jinx recupera o chapéu de mineração de Isha e o coloca de volta em sua cabeça, simbolizando proteção. E, quando Isha resolve seguir Jinx, o chapéu de mineração cai novamente. Ela o retoma, mas isso alude à falta de autopreservação da personagem, que se mostra cada vez mais evidente a cada batalha que as duas enfrentam juntas. A lealdade transpassa a relação de fraternidade que elas constroem. Isha não espera ser salva por Jinx; Isha quer salvar Jinx. 

Entenda: Isha está numa idade onde ainda é difícil ponderar bom e mau. Para ela, Jinx – suas ações, seus ideais – é inteiramente boa. A inocência de Isha coloca Jinx num patamar de idolatria. Isha picha muros, ressaltando Jinx como o símbolo da resistência, e se traveste dela, operando até quando a mais velha insiste em se omitir, apenas para tornar a sua memória viva mesmo para aqueles que não acreditam no retorno de Jinx às ruas de Zaun. Ela estaria disposta a morrer por Jinx, como faz em diversos momentos, até a batalha final que predita a Evolução Gloriosa. Ela ama Jinx, mas acima de tudo, ela ama o que Jinx representa.

O mutualismo dessa relação de autonomia e de liberdade é o que torna ela ainda mais bonita. Jinx é a esperança de Isha; Isha foi quem retomou a esperança de Jinx de continuar vivendo… Mesmo em seu ato final.

  • Ekko e sua realidade paralela não-tecnológica
Powder (em sua versão alternativa que nunca desenvolveu o alterego Jinx) abraçando Ekko por trás. Ekko aparece com uma expressão confusa.

[Imagem: Riot GamesFortiche Productions e Netflix]

Quando multiversos são apresentados em enredos que destoam do tema, a chance do arco cair em trivialidade é alta. Porém, Arcane II conseguiu fugir do lugar-comum com a mensagem repassada pela realidade paralela vivida por Ekko e Heimerdinger.

Fora a necessidade de trazer à tona uma das principais habilidades do personagem em League of Legends (a capacidade de voltar alguns segundos no tempo), a Netflix e a Riot Games refletem, neste episódio arrebatador, sobre um mundo sem tecnologia.

Ora, a guerra cabalística da temporada já fala justamente disso, mas com uma abordagem centrada no impacto da tecnologia sobre as relações humanas e o equilíbrio entre progresso e destruição. No entanto, a realidade alternativa vivida por Ekko e Heimerdinger amplia a reflexão ao mostrar um mundo onde avanços tecnológicos foram substituídos por um retorno à simplicidade, ressaltando os dilemas éticos e emocionais de viver sem as ferramentas que moldam nossa existência atual.

Para além disso tudo, o amor entre Ekko e Powder (já que, nesse mundo, Jinx não existe) revela o grande “e se…?” da vida do personagem, cuja escolha de voltar para sua vida primária determina o arco final da série. Ekko dá as costas à realidade que sorria a seu favor, com a maioria dos amigos ainda vivos, com uma família e, principalmente, do amor aceso entre si e uma pessoa que não chegou sequer a existir na vida real.

E, tendo deixado aquela Powder para trás, ele enfrenta a dura verdade de não reconhecê-la em Jinx. Mesmo assim, insiste em voltar, e voltar, e voltar quantas vezes for no tempo para impedir que ela desista da vida e da única pessoa que ela ama naquele plano – Vi. Ekko abriu mão do amor, para ser o responsável de que os demais não abram mão também.

  • Jayce e o Mito da Caverna invertido
Jayce em seu visual pós-apocalíptico da segunda temporada, após passar meses na realidade alternativa da qual Hextec assolou toda Piltover.

[Imagem: Riot GamesFortiche Productions e Netflix]

Se no Mito de Platão a sociedade só vê as sombras e, ao sair da caverna, descobre que nada é como parecia, Jayce precisa ser enviado ao futuro e cair – literalmente – para entender um pouco da realidade de Viktor.

No fundo de uma Piltover destruída, o “náufrago” Jayce tem que perseverar para superar a adversidade de sua perna lesionada e conseguir subir até o edifício onde os Hexportals assolaram tudo. Nesse momento, fica clara a referência que a série traça entre os ex-amigos. Jayce tinha empatia pelo amigo, embora não o entendesse. Enquanto culpabiliza Viktor por se entregar ao arcano e traçar escolhas que levam ao fim do mundo, Jayce também vive em sua pele, e só então passa a enxergar as coisas de forma nua e crua (talvez, como o próprio Viktor, ainda humano, já enxergava).

Sobretudo, foi só então, durante essa árdua e solitária jornada de reconhecê-lo como uma ameaça mundial, que ele pôde encarar o próprio destino. No passado, ele foi resgatado de uma nevasca por um misterioso mago, evento que moldou sua perspectiva sobre a magia e inspirou o desenvolvimento do Hextec. Contudo, é, nos episódios do segundo ato da segunda temporada, se descobre que, na verdade, o mago era uma versão alternativa de Viktor, proveniente de uma linha do tempo onde a humanidade foi transformada em autômatos desprovidos de emoção. Essa reviravolta entrelaça ainda mais os destinos de Jayce e Viktor, redefinindo a trajetória de Jayce como o “Defensor do Amanhã”.

É como o professor Heimerdinger o falou na primeira temporada: “Nenhuma grande ciência deveria colocar vidas em perigo”. Assim, a moral da história do arco de Jayce defende a importância de ouvir os outros, especialmente aqueles que são mais velhos e mais experientes do que nós (como Heimerdinger), bem como respeitar os sentimentos e as escolhas daqueles que amamos (tal qual aconteceu com Viktor, antes que ele criasse sua relação simbiótica com o Hextec).

  • Caitlyn e suas constantes “mudanças por amor”
Caitlyn olhando diretamente para a câmera, com uma expressão rígida, com sinais de briga em seu rosto (lábio machucado, etc).

[Imagem: Riot GamesFortiche Productions e Netflix]

Caitlyn é, sem dúvidas, uma das personagens centrais dessa temporada, chegando a deixar, talvez, Vi em segundo plano. Sua crescente personalidade dá uma guinada absurda logo no final do primeiro ato, e nós podemos perceber como a perda de um ente querido a faz amadurecer…

Eu me lembro de achar singular a forma com como Caitlyn lidou com o luto. É claro, nem tudo ali foi por iniciativa própria – o golpe de Ambessa falou por si só –, mas Cait foi grandona e sem medo para assumir a responsabilidade. Dias antes, era apenas uma jovem ingênua e confiante, que aos poucos rompia a alienação vinda do berço. Então, ela se tornou a líder da casa Kiramman e uma oficial condecorada, comandante do estado de sítio que se declarou a cidade de Piltover.

Foi tudo demais para ela, eu diria. Conciliar os novos deveres, a importância e adoração vinda dos demais, a mentoria recebida de Ambessa e o ódio cego que cultivava por Jinx (e que lentamente se estendia a Zaun como um todo) foram alguns dos fatores que a mantiveram afastada de Vi. Como enfrentar uma guerra e amar alguém em quem não se pode confiar? E assim, a perda da compaixão e inocência de Caitlyn veio tão logo quanto a insanidade que tomou controle das suas ações.

Essa já não era a mesma Caitlyn da primeira temporada. E também, não era uma Caitlyn digna da adoração de Vi.

Nessa montanha-russa em que se colocou pelos lutos (tanto pela mãe, quanto por seu relacionamento afetivo com Vi), o espectador assiste seu senso de moral diminuir. Caitlyn muda. Se deturpa tanto que poderia atirar inescrupulosamente em uma criança.

Mas ela já havia mudado antes. Foi, ainda num estado de pureza de sua índole, ao conhecer e se afeiçoar por Vi, que ela deu à Subferia tantas chances ao longo da primeira temporada de Arcane. Ao lado daquela lutadora de cabelo rosa, a bravura de Caitlyn em desbravar Zaun também tinha espaço para a benevolência. 

E, quando pensamos que Caitlyn está perdida por completo, quando ela está há algum tempo mantendo um relacionamento com uma de suas subordinadas apenas para mitigar a dor (Maddie), quando parece que se embriagou do impulso tirano e orgulhoso de ceder aos caprichos de alguém que, em verdade, só estava a manipulando (Ambessa), há o reencontro.

Num piscar de olhos, todo o arco odioso no qual a personagem caiu se resolve. Elaborando um plano de ação em conjunto com Vi, entre indiretas e olhares cheios de tensão e sentimentos mal resolvidos, temos uma Caitlyn razoável de novo.

É essa queda inevitável, mas também a possibilidade de reascensão, que a torna uma heroína tão boa, tão verossímil. O amor fala mais alto. Mesmo com tanto poder nas mãos, Caitlyn é capaz de perdoar o passado e confiar no futuro. 

  • Jinx, seu cabelo e sua personalidade fragmentada
Jinx no final da segunda temporada de Arcane, com mechas roxas no cabelo.

[Imagem: Riot GamesFortiche Productions e Netflix]

A suposta “morte” de Jinx poderia até ser clichê, se não fosse extremamente conclusiva para sua redenção. E não, não à ótica do espectador. Nós, desde o começo, sabemos que Jinx é uma vítima da inevitabilidade dos fatos e, por mais que ela seja retratada como vilã em muitos momentos, nós nos sentimos compadecidos por sua história.

Mas é aos olhos de si própria que ela precisa se redimir. E, por mais que Vi, Isha e mesmo Ekko tenham enxergado a coexistência de Powder e Jinx, isso só começa a ser claro para a personagem quando ela se conecta com a irmã mais velha na expectativa de salvar o pai e, por fim, quando ela se sacrifica. 

Essa personalidade fragmentada e a busca por identidade vai sendo sutilmente mostrada no cabelo da personagem ao longo dos atos. O desespero e a profunda imersão na volátil Jinx se dá ao passo que ela se sente, mais uma vez, traída pela irmã, na cela da prisão de Piltover. Ali, seu cabelo está solto e mais comprido do que nunca, extravasando o comprimento da usual trança da sua persona “Gatilho Desenfreado”.

Mas, depois da fuga, quando ela está prestes a dar um fim ao próprio sofrimento, percebemos que seu cabelo foi cortado, e agora se encontra quase do mesmo jeito da inocente Powder criança, ou da Powder trabalhadora e inventiva da realidade paralela vivida por Ekko.

Assumir para si mesma que dentro de si há ambas – Jinx e Powder, Powder e Jinx – leva a personagem a uma outra representação: ela aparece no capítulo final dotada de uma franja tingida de rosa, uma marca da maturidade, talvez inspirada pelo amor que ela tanto guarda pela irmã – elemento também precursor de sua rebeldia.

O perdão aí, também, se revela como a aceitação definitiva de quem ela realmente é: um amalgama de traumas, esperanças, amor e desespero. Jinx não precisa mais ser apenas Powder ou apenas Jinx, mas ambas coexistindo, em um equilíbrio imperfeito, como reflexo de sua jornada.

Sua redenção, portanto, não é sobre apagar os erros ou voltar ao passado, mas sobre abraçar todas as partes de si mesma e encontrar força nessa dualidade. O arco de Jinx conclui-se como um retrato profundo e trágico de uma personagem que, mesmo perdida no caos, luta para construir uma identidade própria, marcada tanto pelo amor que a define, quanto pelo sofrimento que a molda.

Arcane II e os diálogos não ditos com outros Campeões de League of Legends

Fala-se muito de Vi, Caitlyn, Jinx e Jayce, mas Arcane, desde o início, tem mostrado outros personagens relevantes para a lore do jogo, e muitas vezes sem nem nomeá-los. Aparecendo de forma fixa ou não, tomam parte na história embasando ações secundárias ou mesmo trazendo curiosidades sobre o universo. 

Outro fato curioso é que as habilidades dos Campeões Viktor, Ekko e Heimerdinger, três figuras pertencentes ao elenco central, demoram para se revelar na série; enquanto isso, Ambessa se tornou um Campeão de LoL apenas depois da primeira temporada de Arcane, sendo anteriormente introduzida ao espectador pela cinematografia. E alguns vazamentos recentes confirmam que Mel Medarda será a primeira Campeã a ser lançada em 2025.

A seguir, trataremos de alguns Campeões escondidos ou nunca oficialmente nomeados, que fazem parte da série:

  • Singed
Singed em Arcane.

[Imagem: Riot GamesFortiche Productions e Netflix]

Um dos principais personagens de Arcane que nunca são chamados pelo nome, o alquimista pode ser reconhecido por qualquer fã do jogo por sua fisionomia física e por sua história – afinal, ele é o grande cientista louco que criou a cintila e permitiu que as ruas de Zaun fossem dominadas pelos Barões da Química. O elenco o trata como “Doutor”.

  • Warwick
Warwick em Arcane.

Também de alta relevância para a história, Warwick é a criação que Singed tanto se dedica durante a primeira temporada, aparecendo apenas em pequenas cenas de “spoilers”. O espectador já esperava que ele surgisse na segunda temporada, mas talvez não soubesse que ele seria, na verdade, uma versão transformada de Vander. Assim, na série, o nome “Warwick” também não existe. Mesmo aqueles que o utilizam como ferramenta de guerra só se referenciam a ele como “besta”, “arma”, entre outros.

  • “LeBlanc” (Rosa Negra)
A representação da Campeã LeBlanc em Arcane.

[Imagem: Riot GamesFortiche Productions e Netflix]

A organização da Rosa Negra é uma cabala, um grupo que se utiliza do oculto para alcançar seus feitos, grande parte deles envolvendo a manipulação política de Noxus e outros pontos de Runeterra. Em Arcane, é apresentado como o grande antagonista de Ambessa – o único capaz de deixá-la desesperada. De toda forma, no jogo, a Rosa Negra é fruto da poderosa LeBlanc, uma maga centenária com muitos rostos (e uma das Campeãs mais antigas do jogo).

  • Swain (easteregg)
O corvo de três olhos, easteregg de Swain, em uma das últimas cenas da segunda temporada de Arcane.

[Imagem: Riot GamesFortiche Productions e Netflix]

Numa das últimas telas do capítulo final de Arcane II, somos apresentados a um corvo de seis olhos, que acompanha de perto a guerra que assola Piltover. Para espectadores comuns, ele pode não significar muita coisa, mas quem joga LoL sabe que essa é uma referência de Swain, um dos maiores antagonistas da Rosa Negra. O corvo é visto perto dos navios que levam Mel Medarda, nova comandante de Noxus, escoltada por seus novos soldados. Dada sua ligação com a sociedade secreta de magos assassinos, é possível que a Riot Games explore esse enredo em futuras produções, ou mesmo na lore da Campeã a ser lançada.

  • Janna (mencionada)
O easteregg da deusa Janna retratada em uma parede de Zaun, com fiéis orando pela sua prece.

[Imagem: Riot GamesFortiche Productions e Netflix]

A deusa do vento, Janna, surge como uma figura de esperança em Zaun, sendo reverenciada por sua capacidade de conter o gás cinza e tornar a subferia habitável. Em Arcane II, sua presença é sutil, aparecendo de relance em um mural grafitado e menções de Jinx sobre as histórias contadas por Vander durante sua criação. Mesmo assim, é bastante simbólica! Dada sua habilidade em purificar o ar, sua aparição na segunda temporada poderia representar uma solução crucial para os desafios causados pela poluição, oferecendo um contraponto à degradação que afeta tantos personagens.

  • Teemo (aparição)
O easteregg de Teemo aparecendo em um livro infantil na primeira temporada de Arcane.

[Imagem: Riot GamesFortiche Productions e Netflix]

O yordle Teemo, amado pela Riot Games e tão odiado por muitos jogadores, marca presença compondo aparições no cenário de Arcane de forma sutil. Após aparecer em um livro infantil na primeira temporada, ele ressurge na segunda como referência no chapéu de Isha, jovem aliada de Jinx. Além disso, sendo um “herói” para crianças, a aparição na base de operações de Ekko e seus Vagalumes reforça seu papel de simbolismo infantil.

O que vem aí nos próximos “a Netflix original series

Apesar de o nome “Arcane” fazer referência ao conflito da humanidade contra a magia que, no fim, acaba sendo protagonizado pela desavença entre Jayce e Viktor, eu diria que a série é sobre a Vi, afinal. É sobre essa personagem dividida entre amar duas pessoas que estão em posições antagônicas.

E, como tudo na lore de LoL, nenhum personagem anda sozinho. Então a série é sobre Jinx e Caitlyn, também. E sobre a escolha que, no fim das contas, com a suposta morte de Jinx, Vi não precisa fazer.

Leia também:

O final brutal do último episódio até poderia chocar o espectador que também ama Jinx, se não ficasse claro para nós que ela está viva, mas escolheu fingir a morte para dar a Vi uma saída mais fácil – afinal, ela nunca estaria em paz tendo uma irmã criminosa:

Há grande expectativa para o retorno de Jinx em um possível desdobramento de Arcane, ainda que os produtores já tenham afirmado que as aventuras envolvendo Zaun e Piltover já tenham chegado ao fim e que não pretendem continuar com a série, tendo ela de fato chegado ao fim na temporada 2.

De toda forma, os fãs de Summoner’s Rift já podem comemorar, pois pelo menos três novas séries ambientadas no universo de League of Legends já estão em produção. A confirmação veio do próprio showrunner, Christian Linke, que revelou em entrevista ao Necrit94: “Noxus, Ionia e Demacia terão suas próprias séries, marcando o próximo passo nesse universo cinematográfico.”
E aí, quem tá tão ansioso quanto eu?! (Até voltei a jogar LoL agora nas férias…)

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Flow chega aos cinemas brasileiros no dia 20 de fevereiro e tem um enorme potencial para ficar na sua mente por dias. Seja pela beleza visual, pela história ousada ou pela emoção que qualquer tutor ou pai de pet sentirá ao assisti-lo.

Com uma premissa que tem se tornado mais comum — como em Robô Selvagem (2024) e Stray (2022) —, o filme apresenta um mundo onde os animais não coabitam com os seres humanos, seja por estarem em um local isolado ou pela extinção da raça humana. No entanto, o principal foco de Flow não é mostrar como os animais vivem após o desaparecimento dos humanos, mas sim contar uma história sobre superar medos, buscar salvação e criar laços.

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E é justamente nesse ponto que Flow se destaca como uma excelente história, com uma narrativa ao mesmo tempo complexa e repleta de nuances que não são entregues de forma fácil ao espectador. Além disso, a maneira como a trama é construída permite diferentes interpretações ao longo do enredo, incluindo reflexões sobre qual é, de fato, o objetivo final da história.

Flow traz uma história ousada que não necessita de diálogos e mesmo assim consegue impactar

A ousadia de Flow está em trazer uma história tão complexa sem se fazer valer do uso de falas para explica-la

Em um primeiro momento, o filme apresenta um desafio evidente: a ausência de diálogos. Flow se propõe a contar sua história exclusivamente por meio dos sons emitidos pelos próprios animais. Embora essa escolha possa parecer um obstáculo para alguns espectadores, a narrativa compensa amplamente a falta de palavras.

A decisão do diretor letão Gints Zilbalodis não é novidade em suas animações anteriores, e Flow é o exemplo perfeito de como ele consegue transmitir tanto sem recorrer a um único diálogo ao longo de quase uma hora e meia de filme. Apesar de os animais não serem humanizados com falas longas que facilitariam a exposição da trama, a história de Flow é contada de forma clara, ao mesmo tempo em que deixa espaço para teorias e interpretações, sem qualquer prejuízo à compreensão.

Confira abaixo o trailer de Flow.

Lindo, bonito, maravilhoso… Nenhum desses adjetivos é o suficiente para descrever Flow

Flow
Flow se tornar um filme intimista e contemplativo com sua escolha de narrativa

Outro ponto essencial para a experiência de assistir Flow é o primor estético e o design do filme. Em primeiro lugar, a animação foge do ultrarrealismo e adota uma estilização que remete, até certo ponto, a animações como Aranhaverso. Em segundo lugar, os efeitos visuais, especialmente aqueles que costumam ser desafiadores de traduzir para a animação — como a água —, são trabalhados de forma impressionante. Tudo isso contribui para tornar o mundo de Flow tão palpável e real para o espectador que parece que estamos imersos nele ao lado dos personagens.

Mesmo nas cenas mais psicodélicas, como a sequência do Gato e da Ave-secretário em meio à tempestade ou a cena da pesca do Gato, é possível perceber a preocupação da produção em manter as cores vivas, mesmo nos momentos mais sombrios. Além disso, o filme consegue equilibrar essa abordagem visual sem se perder em um surrealismo exagerado que poderia dificultar sua compreensão.

Os amigos que fazemos pelo caminho…

Flow
Flow mostra como as nossas diferenças se completam quando temos o mesmo objetivo

Talvez o principal tema abordado por Flow seja como as diferenças nos tornam mais fortes quando estamos em grupo. Acompanhamos o Gato desde o início como uma criatura solitária e cheia de medos, mas, ao ser forçado a mudar de ambiente, ele precisa aprender a viver em uma pequena sociedade à deriva. Esse processo o leva a superar seus medos para sobreviver em um cenário hostil.

É nesse contexto que percebemos como cada integrante do grupo desempenha um papel essencial, seja nos momentos de lazer ou nos desafios da sobrevivência. Tudo isso contribui para um filme que aborda diversas questões, mas cujo cerne está na importância do outro, especialmente nos momentos de maior desamparo.

Considerações finais

Flow é mais do que apenas um filme bonito, ele também é uma mostra de como até os seres mais “primitivos” também buscam salvação

Podemos dizer que Flow se sustenta em diversos pilares narrativos, como amizade, sobrevivência e a busca por salvação. Todos esses elementos se complementam harmoniosamente para construir a história que Zilbalodis deseja contar ao público, resultando em uma obra tão bela que chega a tirar o fôlego.

Além disso, Flow se destaca pela maneira como transita entre múltiplos temas, permitindo diferentes interpretações a depender da perspectiva de cada espectador. Dessa forma, o filme reforça a ideia de que uma história bem contada não precisa de uma única linha de diálogo para ser plenamente compreendida ao longo de seus 85 minutos de duração.

Por isso, se você ainda está em dúvida sobre assistir Flow e se o filme realmente vale o seu ingresso, posso garantir que a resposta é sim. Sem dúvida, Flow merece sua atenção e deve ser apreciado por quem busca uma experiência cinematográfica única e envolvente.

Flow

Flow (2024)

Diretor: Gints Zilbalodis.

Roteiro: Gints Zilbalodis, Matiss Kaza e Ron Dyes.

Onde Assistir: Cinemas.

Nota: 5.0/5.0

Avaliação: 5 de 5.

Mas e você, o que achou de Flow? Conte para a gente nos comentários.

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CaitVi em Arcane e as marcas de gênero em uma relação entre duas mulheres https://oquartonerd.com.br/caitvi-em-arcane-e-as-marcas-de-genero-em-uma-relacao-entre-duas-mulheres/ https://oquartonerd.com.br/caitvi-em-arcane-e-as-marcas-de-genero-em-uma-relacao-entre-duas-mulheres/#respond Fri, 07 Feb 2025 14:00:27 +0000 https://oquartonerd.com.br/?p=68159 Desde o lançamento de Arcane (2021), o ship de CaitVi se tornou mais forte do que nunca. As personagens Caitlyn e Vi, no jogo, têm lores sugestivas, mas a Riot....

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Desde o lançamento de Arcane (2021), o ship de CaitVi se tornou mais forte do que nunca. As personagens Caitlyn e Vi, no jogo, têm lores sugestivas, mas a Riot Games nunca antes havia confirmado nada além de uma parceria afetiva e profissional. 

Terminamos a primeira temporada da série suspeitando de um baita queerbait, mas para a felicidade de todos, a comunidade LGBTQIAP+ não saiu invisibilizada dessa vez. Ao longo da segunda temporada, CaitVi (ship oficial do casal) se confirma com um beijo antes de um combate potencialmente fatal, passa por um rompimento, e se concretiza em um final feliz — algo raro de se ver em representações de casais homossexuais. 

De fato: além de ser extremamente vanguardista no que diz respeito aos enredos e à impecabilidade da animação, Arcane consegue romper com o padrão na retratação de suas mulheres (algo que falei mais profundamente neste artigo) e, principalmente, construir um relacionamento entre duas mulheres sem que ele esteja atrelado com uma bandeira política.

Vi e Caitlyn ficam juntas porque precisam ficar juntas — isso está implícito desde o momento em que Vi foi lançada como Campeã parceira de Caitlyn no jogo, em 2012 —, e não porque a série precisava de uma “cota gay”. Além disso, o relacionamento não é, de forma alguma, dispensável para a história. O arco principal (da relação conflituosa das irmãs Vi e Jinx) não seria tão emblemático sem a tensão que a mera existência de Caitlyn representa e o ciúme que a atenção recebida causa em Jinx.

A série não é sobre o romance das duas, não é um manifesto sobre a historia de amor entre pessoas do mesmo sexo, mas retrata tal advento com a naturalidade merecida. Arcane normaliza um acontecimento que, para nós, pessoas LGBTQIAP+, é tão corriqueiro quanto em pessoas héteros — o amor. 

Eu, como uma lésbica acostumada a assistir shows apenas pelo apoio a qualquer migalha de representatividade, não posso deixar de notar importantes marcas de gênero na relação “slowburn” que a Riot e a Fortiche Productions construíram para as duas maiores defensoras da Cidade do Progresso. Por isso, tentei ressaltar, neste artigo, os principais elementos presentes em CaitVi que conversam com a temática da identidade de gênero dentro de casais sáficos.

Este artigo contém spoilers. Se você ainda não assistiu Arcane temporada 2, talvez agora seja um ótimo momento para começar a maratonar!

CaitVi do jogo para as telas

Splash art do jogo League of Legend, no qual as Campeãs Caitlyn e Vi aparecem lado a lado.

[Imagem: Riot Games]

Segundo a lore de League of Legends, Caitlyn (lançada em 2011) e Vi (introduzida em 2012) são duas figuras opostas que, apesar de origens e trajetórias diferentes, se uniram para proteger Piltover em meio ao caos nos conflitos contra a subferia de Zaun.

Caitlyn Kiramman nasceu em uma família rica de mercadores de Piltover, aprendendo desde cedo a navegar entre a elite e as florestas ao redor da cidade, onde desenvolveu suas habilidades de rastreamento e tiro de precisão. Sua vida tranquila foi destruída quando sua casa foi saqueada e seus pais sequestrados, um evento que despertou nela um senso de justiça inabalável. Determinada a desvendar a trama criminosa por trás do ataque, Caitlyn se tornou uma investigadora particular, ganhando fama por sua inteligência, determinação e a habilidade de resolver casos complicados com seu rifle hextec, um presente de seus pais.

Violet Blake, por outro lado, teve uma infância difícil nas ruas de Zaun, marcada por perdas e violência. Criada em meio às condições insalubres de uma cidade subterrânea, ela se destacou por sua força e habilidade em resolver conflitos com os punhos. Desde jovem, liderou gangues e construiu uma reputação como uma figura rebelde e impulsiva, mas com um senso moral peculiar: nunca prejudicava os mais vulneráveis. Seu mentor tentou discipliná-la, ensinando-a a canalizar sua raiva e a usar sua força com propósito. Após um período de desaparecimento durante conflitos intensos entre Piltover e Zaun, Vi ressurgiu ao lado da então Xerife de Piltover, Caitlyn, em uma aliança inesperada que chocou aqueles que a conheciam.

No jogo, ainda, a Campeã Jinx é apresentada como uma zaunita imprevisível, famosa por seus atos de destruição e caos, que desafiam a ordem da Cidade do Progresso. Embora muitos se lembrem dela como uma menina criativa e curiosa que não se encaixava, ninguém sabe ao certo o que a transformou na lunática que assina suas obras com grafites provocativos e explosivos. Seus crimes, que variam de travessuras perigosas a roubos grandiosos, ganharam notoriedade, especialmente por ela sempre escapar das armadilhas de Caitlyn e Vi (da qual ela parece ter uma obsessão especial).

A relação entre essas três personagens é marcada por oposição e contraste. Caitlyn, com sua busca pela ordem e justiça, e Vi, com seu estilo direto e combativo, unem forças para conter os atos de Jinx. Enquanto isso, Jinx continua a desafiá-las, simbolizando o caos que ameaça desestabilizar a frágil paz entre as cidades.

Considerando a diferença na data em que as Campeãs foram lançadas (Jinx foi trazida à jogabilidade do público apenas no final de 2013), era necessário que suas histórias não dependessem uma da outra, embora as personagens, quando presentes na mesma partida, sejam feitas para interagir e gerar buffs (aumento de atributos) e/ou nerfs (diminuição de atributos) na jogabilidade. Por isso, nada parece muito bem amarrado — e é nessa defasagem narrativa que Arcane opera.

Em Arcane, as histórias de Vi e Caitlyn diferem um pouco do jogo, ganhando mais profundidade e nuances emocionais. No Rift, Vi já é uma Defensora de Piltover que trabalha ao lado de Caitlyn como uma parceira funcional, enquanto na série, sua origem em Zaun, sua relação com Jinx e o trauma de seu passado são mais explorados. Caitlyn, por sua vez, passa de uma xerife consolidada no jogo para uma jovem Defensora ainda em desenvolvimento profissional em Arcane, que trilha o caminho para provar seu valor de líder em meio à corrupção de Piltover.

A relação entre elas também é mais detalhada na série. Em vez de serem apenas colegas, Arcane mostra como Caitlyn retira Vi da prisão e como as duas desenvolvem gradualmente confiança e respeito mútuo, formando uma parceria estratégica que aos poucos vai se mostrando emocional.

Além disso, o conflito entre Vi e Jinx, que é menos explorado no jogo, se torna central na trama da série, afetando diretamente a dinâmica entre Vi e Caitlyn. Afinal, Vi se vê constantemente dividida entre amar e odiar a irmã, em sintonia com o amar (e tentar odiar) Caitlyn.

Dinâmica de papeis de gênero e a performance fluida da masculinidade em CaitVi

CaitVi: Caitlyn segura o rosto de Vi e se aproxima para beijá-la.

[Imagem: Riot Games, Fortiche Productions e Netflix]

Mesmo quando falamos de relações entre pessoas do mesmo sexo, é difícil não fazermos comparações e presunções sobre “quem é o homem, e quem é a mulher” do casal. Por mais que os debates sobre performance de gênero sejam pautas efervescentes nos dias atuais, mesmo nós, gays, reforçamos papeis de gênero ao relacionar ativo/ dominante com o masculino, e passivo/ submisso com o feminino. (Eu, na minha relatividade, sou a maior defensora da fluidez sexual, por mais que não deixe de ser lésbica — mas isso é papo para outro artigo.)

Ainda assim, quero comentar como esse símbolo do “masculino” se apresenta na relação CaitVi em diversos pontos, por vezes individuais em cada personagem, por vezes simultâneos.

  • O rompimento de CaitVi

Comecemos, então, do meio: nada melhor do que uma briga cheia de tensão sexual não resolvida para apimentar o drama de um casal que todo mundo não aguenta mais shippar.

Vimos isso em CaitVi na primeira temporada de Arcane — farpinhas, olhares, discordâncias morais, embora um crescente afeto pautado em parceria e desejo reprimido. E, quando pareceu que elas finalmente iam ficar juntas na segunda temporada, depois de um tão esperado primeiro beijo… Outra briga. Ainda pior.

O desfecho disso? Para o desprazer de alguns (e críticas sobre a velocidade dos acontecimentos da série à parte), enquanto Vi enlouquecia pelas vielas e pela luta livre clandestina de Zaun, Caitlyn comprovava ao espectador a sua preferência por mulheres ao acordar do lado de outra, em um rolo pouco explorado que mais parecia passatempo e uma tentativa de superar aquela que realmente estava em seu coração. Eu me lembro de pensar: “ufa, ela é mesmo sapatão…! Mas, ai… coitada da Vi!”.

Entretanto, refletindo melhor sobre a performance de gênero durante esse episódio adverso para o casal, gostaria de pontuar que ambas as ações (entrar num ciclo de violência/alcoolismo e transar com outra pessoa para esquecer) são manifestos de imaturidade e negação frequentemente atrelados a um comportamento masculino nas narrativas. 

Ora, as duas se recusam a ceder à saudade e conversar, como duas mulheres esclarecidas fariam. Preferem sufocar a emoção com outros estímulos e tentar seguir em frente.

Falo isso sem papas na língua. Fugir dos sentimentos é algo que ensinam, desde sempre, aos homens. “Homem não chora”. “Sentimento é coisa de maricas, de mulherzinha”. E a história dessas duas personagens, ainda que femininas, sugere uma dureza tão máscula quanto. 

  • O background de CaitVi

Vejamos: Vi cresceu praticamente nas ruas, criando caráter na base do soco. Não à toa, sua arma é uma dupla de manoplas. Já a criação de Caitlyn mostra uma figura paterna omissa, com a mãe performando a liderança familiar. Por isso, era esperado que Caitlyn seguisse seus passos, tornando-se uma matriarca fria, centrada na razão, na disciplina e na ambição (características frequentemente associadas a manifestações masculinas).

Além disso, com relação ao aspecto físico, é natural assumir que Vi, que possui um estilo desfem (“não-feminino”) e uma conduta flertiva mais ativa e predatória, tenha um papel mais masculino do que Caitlyn, que desde o início é desenhada numa caricatura da feminilidade — seja por suas roupas, sua personalidade recatada, terna e até um pouco inocente, ou por seu cabelo comprido e liso. Mas, na minha leitura, o que acontece ao longo do desdobramento da relação é justamente o oposto.

O arco de amadurecimento de Vi é sobre conciliar o amor que nutre por dois lados opostos de uma guerra, personificados nas personagens de Jinx (sua irmã mais nova) e a própria Caitlyn. Já o “amadurecimento” de Caitlyn reside no advento da perda de sua mãe, sua consequente ascensão como líder da casa Kiramman, o crescente ódio por Jinx e pelos zaunitas, que beira a insanidade, e o golpe de Estado que a torna uma ditadora implacável e sem escrúpulos, mesmo que isso signifique desapontar e rejeitar a mulher pela qual ela é apaixonada.

Ou seja, enquanto a trama de Vi é uma jornada pessoal que tenta fugir da solidão (tema de terapia muito frequente em lésbicas desfems) e busca um desfecho de amor — comum a representações da femininas —, a trama de Caitlyn é sobre a execução de um bom serviço, no intuito de cumprir sua missão política e familiar de honra e disciplina — comum a representações masculinas.

Gif animado de CaitVi: Caitlyn segura o rosto de Vi e tenta acalmá-la.

[Imagem: Riot Games, Fortiche Productions e Netflix]

Pessoalmente falando, é aí que eu acho que está a genialidade da construção narrativa do casal. CaitVi não é, de forma alguma, estereotipada. A lésbica desfem sofre, chora, fantasia, enlouquece de amor, mesmo ao se colocar em um cenário másculo de lutas e abuso de álcool — retratos mais puros da emoção, extremo sempre representado em mulheres. Enquanto isso, a lésbica “patty” dorme com outra apenas para saciar suas vontades, amaciar seu ego, e tentar esquecer.

  • Em resumo:

Lá atrás, é Vi quem flerta. Mas também, é Vi quem se entrega e se abre. Enquanto isso, Caitlyn corresponde até onde está confortável. Depois, age igual um boy lixo.

Ainda assim, é importante ressaltar que, mesmo em profunda negação sobre seus sentimentos, Caitlyn não é, de forma nenhuma, frígida à presença de Vi. No momento do seu reencontro, fica claro que a zaunita balança verdadeiramente as estruturas de Cait, e não apenas pelo desejo sexual envolvido.

Deste modo, o arco imoral de Caitlyn se interrompe, ao passo que ela recobra a razão do próprio dever diante dos olhos de Vi. Como o Yin-Yang — duas forças opostas que se complementam —, a admiração de Caitlyn liberta Vi de um passado turbulento, apenas para o afeto de Vi também salvar Caitlyn de se tornar alguém da qual ela se arrependerá.

De maneiras diferentes, o amor que as personagens nutrem uma pela outra, mesmo apesar de todos os pesares, é responsável por quebrar ciclos de violência tanto em suas condutas pessoais, quanto para com os ambientes que as cercam.

Vi, lealdade e submissão – “sou a sujeira sob suas unhas”

Vi aparece olhando para a câmera, com um aspecto enfurecido.

[Imagem: Riot Games, Fortiche Productions e Netflix]

O estereótipo que se presume a Vi muito pautado pela sua aparência desde a lore do jogo, é que ela seja uma sapatão predadora de atitudes de um “macho hétero”.

Em Arcane, as cenas da sua infância já sugerem uma adolescente tomboy que bate nos outros e age feito um moleque. Depois, durante os primeiros episódios de interação com Caitlyn, ela detém uma confiança e um conforto para flertar dignas de um homem, isso sem nem ter certeza sobre a sexualidade da outra.

Gif animado de CaitVi: Vi encurrala Caitlyn na parede e lhe pergunta: "então, o que você prefere, homens ou mulheres?".

[Imagem: Riot Games, Fortiche Productions e Netflix]

De fato, algumas cenas mostradas reforçam e culminam para nos certificarmos do clichê. Mas um outro lado começa a se revelar ao passo que ela, ainda na primeira temporada, passa a se afeiçoar por Caitlyn.

Quando adolescente, Vi pautava seus episódios de violência na defesa daqueles que amava, especialmente da irmã mais nova — um traço materno e feminino. Já o carinho crescente que nutre por Caitlyn faz com que ela se torne mais insegura e cuidadosa na forma que se porta. Caitlyn não é apenas mais um rostinho bonito que ela vai pegar. Caitlyn é alguém com que ela genuinamente se preocupa e por quem ela, aos poucos, se permite mudar. Isso, é claro, sem saber ao certo sobre os sentimentos românticos da outra.

O espectador vê a violência inerente a Vi diminuir ao longo dos episódios. Seu senso moral é moldado pela estranha fidelidade que ela cultiva por Caitlyn. Além disso, Vi ousa menos. Flertar, agora, pode dar tremendamente errado, então ela se segura. Vi se torna a melhor amiga de Caitlyn, que até então, pode muito bem ser hétero (sentiu aí também, sapatão?). Ela quer conquistar seu afeto e sua admiração, mais do que comprovar a mutualidade de um desejo sexual.

Vi muda por Caitlyn. (E sofre, também, mas já falamos disso.)

Mas, no final, ela encontra em Caitlyn a representação do amor e da segurança que procurou desde que sua infância foi destruída.

E, submetendo-se a ela, à cidade dela, ao emprego dela, aos costumes dela, ao status social dela, declara sua lealdade ao trazer uma metáfora que a coloca como um artífice da compulsão pelo dever de Caitlyn. E, como uma sujeira impregnado sob as unhas, Vi será, para sempre, parte da vida dela.

Caitlyn, independência e dominação – “a paz é a justificativa para a violência”

Caitlyn olha para a câmera através da lente de um rifle, mirando alguém.

[Imagem: Riot Games, Fortiche Productions e Netflix]

Caitlyn é apresentada para o espectador como uma menina de berço nobre, criada em uma elite política. Isso nos faz percebê-la como uma personagem alienada dentro dos privilégios da riqueza, da intelectualidade e, principalmente, do amor familiar.

Por mais que, na primeira temporada, ela queira romper com a bolha ao explorar Zaun e questionar a corrupção dos agentes Defensores de Piltover, é frequente acharmos graça da ingenuidade de Caitlyn. Por isso, ela, por muitos episódios, deixa que a malícia aflore apenas pelo contato e pela influência de Vi, por quem ela rapidamente se afeiçoa.

A grande mudança da personagem se dá no assassinato de sua mãe por Jinx. O luto e o sentimento de injustiça consomem-na, e ela rapidamente precisa vestir a farda dos novos deveres — a liderança da casa Kiramman, a liderança de uma cidade em meio a um conflito armado, e a liderança da relação com Vi.

Isso porque, o arco de amadurecimento da personagem envolve a ruptura de sua inocência com ódio, agressividade, impulsividade e desejo de vingança, coisas pelas quais Vi, já uma personagem muito mais empática e transformada pela relação que desenvolveu consigo na primeira temporada, não enxerga com bons olhos. E, para não ser questionada, para não ser dominada pelas expectativas da outra, Caitlyn acha mais fácil romper o relacionamento. Abre mão de Vi, para não abrir mão daquilo que ela achava serem seus novos ideais.

Caitlyn passa, nesse momento, por um processo que eu entendo como um evitacionsimo de alguém que ainda não está preparado para compartilhar a vida com o outro. Em um momento de muita dor, ela se vê incapaz em receber ajuda externa para cuidar das feridas. Então, ela afasta talvez a única personagem que de fato se importa de verdade com ela, cega pelo medo do que o amor poderia fazer consigo.

Gif animado de CaitVi: as personagens estão deitadas lado a lado no chão, e Caitlyn acaricia o rosto de Vi.

[Imagem: Riot Games, Fortiche Productions e Netflix]

Afinal, o amor pela mãe quase a arruinou. É evidente que ela passe a ver outras formas de amor como uma fonte nociva. O amor de Vi, naquele momento, é uma arma que pode machucá-la de duas formas: ou restringir os seus ímpetos, ou fazê-la lamentar mais uma potencial morte brutal em meio à guerra.

E assim, elas se afastam. E Caitlyn se embebe nos prazeres da carne de um outro corpo qualquer, ao passo que alimenta seus desejos violentos se tornando uma general punitivista e ditatorial.

O tempo passa. Por vezes, ela questiona as próprias escolhas. Ainda há, ali, por trás de todas as perdas, uma Caitlyn razoável e humana. E o arco arruinado se resolve quando elas se reencontram e todo aquele sentimento se mostra à tona, enfim.

Caitlyn reluta, mas também muda por Vi.

Ela volta a ser aquela pela qual Vi se apaixonou, coexistindo astúcia e compaixão, mesmo diante das mazelas de personalidade trazidas pelo luto. Caitlyn retorna para a melhor versão de si mesma, moldada ao longo da primeira temporada — uma versão que trabalha e pensa melhor na companhia da outra.

Assim como, em algum momento, questiona como a paz pode ser a justificativa para a violência, Caitlyn entende que a vulnerabilidade, se bem cuidada, não precisa ser uma ruína, e sim um superpoder.

Caitlyn entende que se entregar para o sentimento que sente por Vi não é algo que a enfraquece, e sim a fortalece. Dentro da própria independência, ela assumiu o amor pela outra não como uma necessidade, mas uma escolha.

CaitVi em Arcane: um fim incomum?

CaitVi em uma cena de afeto: Caitlyn com a cabeça encostada sobre o ombro de Vi.

[Imagem: Riot Games, Fortiche Productions e Netflix]

O desfecho da segunda temporada de Arcane consegue ser tão apaixonante quanto autêntico, especialmente ao explorar como a “morte” de Jinx, ainda que simbólica, liberta Vi de suas lealdades divididas e lhe dá a chance de viver em paz ao lado de Caitlyn. A aparente perda, dentro do contexto narrativo, funciona como um catalisador emocional para a personagem. Essa resolução não só fortalece a história, mas também apresenta uma rara representação positiva de um casal homossexual, permitindo que Vi e Caitlyn escolham viver o amor sem culpa.

Esse desfecho se destaca em um cenário cinematográfico que muitas vezes evita ou termina tragicamente histórias LGBTQIAP+. A relação CaitVi, coroada por um final feliz, não só é construída com profundidade, mas também oferece à comunidade um raro vislumbre de esperança e positividade em histórias de amor na mídia. 

Leia também:

A série, que se destaca por mostrar um relacionamento lésbico de maneira natural e sem carregar o enredo com mensagens forçadas ou excessivamente didáticas sobre representatividade e bandeiras políticas, também evita tropeçar no “final trágico” frequentemente reservado aos romances queer. É uma trama de amor em sua essência, que não busca agradar agendas, mas sim celebrar a conexão genuína entre duas personagens que cresceram e evoluíram juntas.

O ponto alto da temporada foi, sem dúvida, a cena de intimidade entre Caitlyn e Vi. Com uma direção sensível, esse momento foi ao mesmo tempo elegante e eletrizante. Li algumas comparações de espectadores com o clássico “Cry to Me” de Dirty Dancing (1987) — uma química que exalava paixão e vulnerabilidade. Foi uma cena que trouxe de volta a essência do bom entretenimento e sem distrações externas.

A decisão de Arcane de priorizar a emoção de uma história redonda e verdadeira, ao invés de se perder em debates externos, resultou em algo raro no cenário atual: uma narrativa inclusiva que não sente a necessidade de justificar sua existência.

CaitVi é um casal apaixonante porque é bem escrito, porque sua história faz sentido, e porque seu amor é mostrado de forma universal e humana. O resultado é um romance que transcende fronteiras culturais e políticas, embora seja lamentável que censuras em algumas regiões tenham restringido essa expressão artística.

E, mesmo com a censura, é louvável que a Riot Games tenha bancado tal feito, considerando suas raízes de desenvolvimento na China e que o mercado asiático (especialmente na China, Coreia e Japão) é extremamente relevante ao nicho dos e-sports.

O equilíbrio entre narrativa pessoal e universalidade faz com que essa segunda temporada ressoe em diversos níveis: é uma celebração do amor, da liberdade de escolha e da possibilidade de redenção, algo que deixa um impacto duradouro tanto em sua audiência geral quanto na comunidade LGBTQIAP+, que tanto ansiava por representações desse tipo.

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Crítica | Casamentos Cruzados uma leve comédia romântica que serve mais comédia que romance https://oquartonerd.com.br/critica-casamentos-cruzados/ https://oquartonerd.com.br/critica-casamentos-cruzados/#comments Sun, 02 Feb 2025 23:58:22 +0000 https://oquartonerd.com.br/?p=68131 Se você estiver procurando um filme para assistir, para relaxar, fazer o seu skincare, a sua unha ou até mesmo ficar deitada no sofá sem qualquer compromisso com a vida....

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Se você estiver procurando um filme para assistir, para relaxar, fazer o seu skincare, a sua unha ou até mesmo ficar deitada no sofá sem qualquer compromisso com a vida externa, Casamentos Cruzados é uma ótima opção para você.

Para quem não sabe, Reese Witherspoon, é uma das maiores produtora do mundo cinematografico. Se você já assistiu Garota Exemplar, “Daisy Jones and The Six”, Little Fires Everywhere, Big Little Liars, Um Lugar Bem Longe Daqui e outros, saiba que esses projetos só vieram à tona porque Whiterspoon lutou por eles. Entenda, a atriz revelou que aos seus 34 anos estava esgotada de ler roteiros com histórias de mulheres que não valiam a pena serem contadas. Para ela, faltavam histórias de mulheres que se selvam, que estão no centro da ação, “Porque é isso que as mulheres fazem. Ninguém está vindo nos salvar!” (Via Folha).

Com isso, atriz abriu o seu Reese’s Book Clube (Clube do Livro da Reese), onde ela lê e divulga histórias de mulheres como os já citados. Uma vez que eles façam sucesso, ela tem direito a primeira via de produção deles. E assim, nasceu a Hello Sunshine, um produtora focada em contar histórias de mulheres REAIS para as telonas. Enfim, tudo isso para lhe dizer, que se você não conhece essa produtora, melhor ficar atenta no que ela está produzindo, e se você já conhece, saiba que Casamentos Cruzados, é dela.

A PROPOSTA

Como eu disse, esse é um filme para se assistir sem precisar pensar muito, dar algumas leves risadas esquecer dos seus grandes problemas e seguir pela sua jornada. Em Casamentos Cruzados acompanhamos a história de Jim (Will Ferrell), um homem que vive por sua filha (Geraldine Viswanathan) incondicionalmente, e que recebe a notícia de que a mesma vai se casar. Ainda chocado com a decisão da menina se casar tão jovem, ele decidi ajudar ela no casamento, e reserva o mesmo chalé que casou com sua esposa anos antes.

Acontece que antes de finalizar a inscrição a querida que os atende falece de um ataque cardiaco. E do outro lado do país, Margot (Whiterspoon) recebe a notícia do casamento da irmã, e assume a organização do mesmo. Acontece que elas também querem realizar o casamento no mesmo lugar que Jim e sua filha, e no mesmo dia. Assim, a guerra dos casamentos é traçada. Clássico de comédia românticas.

ENEMIES TO LOVERS E A COMÉDIA

Crítica | Casamentos Cruzados uma leve comédia romântica que serve mais comédia que romance

Aqui vou destacar dois pontos muito importante para essa histórias. Dois pontos essenciais para uma comédia romântica. Obviamente o romance e a comédia. O engraçado que acontece aqui é: a comédia super funciona, o romance não.

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Nunca imaginei que veria Reese Whisterpoon e Will Ferrell leads em uma comédia romântica, e a combinação parece algo estranho de cara, você se questiona por qual razão esse acabou sendo o casal final para essa produção, mas é quando a comédia entra em cena que você entende. Veja bem, para quem vos escreve, Ferrell estava a tempos sem trazer graça ou sequer uma atuação divertida e interessante para as telas, mas Whiterspoon conseguiu trazer o melhor do ator de volta, a dupla funciona no meio do caos e do desespero. As caras e bocas de Ferrell finalmente não voltam para um lugar apelativo e sim para um lugar divertido.

Então, saiba que quando for ver esse filme, não é o romance que vai te chamar a atenção e te fazer ficar por ali, mas sim uma comédia leve e divertida.

CAINDO NOS CLICHÊS

O filme claramente se inspira nos clássicos dos anos 80 e 90, tanto na estética quanto no roteiro. Isso transparece na forma como os personagens falam, se vestem e na própria construção da história. É gracioso ver como os pequenos detalhes são trabalhados para evocar esse clima nostálgico, mas, infelizmente, isso não é suficiente para que a trama funcione completamente.

Recorrer a clichês não é necessariamente um problema—eles se tornaram clichês porque funcionam. No entanto, é essencial trazer um frescor, uma abordagem contemporânea e personagens cativantes. Não digo que o filme falhe completamente nesses aspectos, mas ele se apoia excessivamente nas convenções do gênero sem inovar. Como resultado, falta a ele um olhar mais atual. Ainda assim, consegue se destacar ao apostar em uma comédia leve e despretensiosa.

Crítica | Casamentos Cruzados uma leve comédia romântica que serve mais comédia que romance

Casamentos Cruzados (2025)

Diretor: Nicholas Stoller
Elenco: Reese Whisterpoon, Will Ferrell, Geraldine Viswanathan, Meredith Hagner e outros


Onde Assistir: Prime Vídeo

Nota: 3/5

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Pesquisa QN | Os queridinhos do Natal https://oquartonerd.com.br/pesquisa-qn-os-queridinhos-do-natal/ https://oquartonerd.com.br/pesquisa-qn-os-queridinhos-do-natal/#respond Wed, 25 Dec 2024 22:12:20 +0000 https://oquartonerd.com.br/?p=68082 O Natal é, sem dúvida, uma das épocas mais mágicas do ano. É o momento perfeito para nos divertir, refletir e, claro, revisitar os clássicos natalinos que marcaram a história....

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O Natal é, sem dúvida, uma das épocas mais mágicas do ano. É o momento perfeito para nos divertir, refletir e, claro, revisitar os clássicos natalinos que marcaram a história do cinema. Inspirados por essa atmosfera, nós, do QN, realizamos uma pesquisa para descobrir quais filmes de Natal são os favoritos do público. Os resultados foram surpreendentes.

Filmes Natalinos: Preferências e Tendências

De um total de 47 participantes, quase 90% dos filmes mencionados foram lançados entre os anos 1990 e a primeira década de 2000. Apenas 9% das escolhas pertencem a produções pós-2010, enquanto somente 1% citou filmes anteriores aos anos 1990.

As animações e especiais de Natal tiveram grande destaque, representando cerca de 40% da lista. Curiosamente, o único filme anterior aos anos 1990 mencionado foi o famoso “Especial de Natal de Star Wars”.

Os Favoritos da Geração Z

Entre os filmes mais citados pela Geração Z (nascidos entre 1997 e 2012) estão:

O Grinch – Disponível na Netflix

  • “Esqueceram de Mim”– Disponível na Disney+
  • O Estranho mundo de Jack– Disponível na Disney+

Esses títulos marcaram a infância de muitos e continuam encantando novos públicos. No segmento de animações, o destaque foi para o inesquecível “O Expresso Polar”

Romances e Comédias Natalinas

Além dos clássicos, gêneros como romance e comédia também ganharam espaço na pesquisa. Alguns destaques incluem:

  • Romances:
    • “Alguém Avisa?”- Disponível na Netflix
    • “Uma Segunda Chance para Amar” – Disponível na PrimeVideo
    • “Simplesmente Amor”- Disponível no Youtube para Aluguel
    • “O Amor Não Tira Férias” – Disponível na Netflix
  • Comédias:
    • “Um Duende em Nova York”- Disponível Na Max
    • “Um Herói de Brinquedo” – Disponível na Disney+
    • O recente “Operação Natal” – Nos cinemas e na Prime Video

Por Que Amamos Filmes de Natal?

Os participantes destacaram os principais motivos que os levam a assistir filmes natalinos:

  • A magia do espírito natalino
  • Histórias de romance, alegria e união
  • Canções que trazem emoção e lições de fraternidade

E Você, Qual é o Seu Filme Favorito?

Deixe nos comentários o seu filme de Natal favorito e compartilhe conosco o que torna essa época tão especial para você. Não se esqueça de seguir o QN para mais conteúdos incríveis sobre o universo do cinema!

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Dandadan é o melhor anime desse ano e NÃO é pelo motivo que você pensa https://oquartonerd.com.br/dandadan-e-o-melhor-anime-desse-ano-e-nao-e-pelo-motivo-que-voce-pensa/ https://oquartonerd.com.br/dandadan-e-o-melhor-anime-desse-ano-e-nao-e-pelo-motivo-que-voce-pensa/#comments Thu, 19 Dec 2024 09:00:00 +0000 https://oquartonerd.com.br/?p=68113 2024 está sendo uma grata surpresa para todos os fãs de cultura japonesa, e para encerrar o ano com chave de ouro, tivemos a chegada de Dandadan na Netflix. A....

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2024 está sendo uma grata surpresa para todos os fãs de cultura japonesa, e para encerrar o ano com chave de ouro, tivemos a chegada de Dandadan na Netflix. A animação é uma adaptação do mangá homônimo e chegou conquistando uma base de fãs gigantesca com seus espetaculares 12 episódios. Mas afinal, porque em um ano cheio de grandes lançamentos, Dandadan se destaca dos demais?

 Dandadan é uma tempestade perfeita

Escrito por Yukinobu Tatsu, o mangá Dandadan é publicado desde abril de 2021 pela Shonen Jump. Talvez o principal diferencial da obra esteja no fato de apresentar um mundo onde demônios e alienígenas coexistem como os principais antagonistas da história.

Além disso, a trama inclui um romance que se desenvolve de forma natural e verossímil, fazendo jus a qualquer história de amor presente nos mangás shoujo. À primeira vista, pode-se imaginar que essa mistura de elementos teria tudo para dar errado caso fosse mal executada. Contudo, o resultado final é uma narrativa que funciona surpreendentemente bem, integrando esses aspectos divergentes de forma coesa e oferecendo uma experiência divertidíssima.

Apesar de o mangá já ser uma obra que cativa leitores ao redor do mundo, o anime levou Dandadan a outro nível. Produzido pelo Estúdio Science Saru, o anime chegou ao seu episódio final hoje, 18 de dezembro, disponível na Netflix e na Crunchyroll, e foi um sucesso em ambas as plataformas.

Com uma animação incrível, uma direção de arte impecável, personagens cativantes e cenas de tirar o fôlego, Dandadan é um espetáculo que combina arte e ação de maneira magistral. Além disso, não podemos deixar de destacar a maravilhosa abertura feita pela banda Creepy Nuts, que foi um sucesso à parte no anime.

Com todos esses elementos juntos, a adaptação de Dandadan é uma mistura de fatores que em qualquer outro momento não teria dado certo.

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Mas, afinal, por que Dandadan é o melhor anime deste ano?

A grande verdade é que Dandadan se diferencia de outros animes deste ano por saber explorar elementos que vão além dos clichês comuns do gênero. Um exemplo disso é a cena da corrida de Okarun e Momo contra a Velha Turbo, no episódio 4. A sequência traz a música First Call, remixada para se encaixar perfeitamente no contexto da cena.

Aqui temos a cena do episódio com a música remixada, e abaixo a música original feita somente com trompetes

Outro exemplo de como o anime consegue despertar emoções diversas ao longo de seus episódios é a cena da bailarina no episódio 7. Nessa cena, vemos o passado da Sedosa Acrobata e, ao final, testemunhamos o que talvez seja a cena mais bonita de todo o anime.

A comédia é um elemento recorrente na história do anime, sendo ainda mais elevada a outro nível com a dublagem brasileira na versão da Netflix. A cada episódio, as piadas e os maneirismos dos personagens se tornam ainda mais divertidos, enriquecendo a experiência ao longo da série.

https://www.youtube.com/watch?v=OArErY227BM&ab_channel=NetflixBrasil

No final, Dandadan é uma combinação de tantos elementos que funcionam perfeitamente dentro da proposta de Yukinobu Tatsu que é impossível não se encantar e querer acompanhar até onde a história chegará.

Mas e você, acha que Dandadan foi o melhor anime do ano? Conte para a gente nos comentários!

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A crescente do e-sports universitário no Brasil https://oquartonerd.com.br/a-crescente-do-esports-universitario-no-br/ https://oquartonerd.com.br/a-crescente-do-esports-universitario-no-br/#respond Sat, 14 Dec 2024 13:35:00 +0000 https://oquartonerd.com.br/?p=68110 Na última década, os jogos eletrônicos receberam um destaque escalonado dentro do cenário competitivo mundial, ganhando até nomenclatura desportiva: passou a ser chamado de e-sports. Isso se deu muito em....

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E-atleta do IME Wolves comemora ACE de seu time.

Na última década, os jogos eletrônicos receberam um destaque escalonado dentro do cenário competitivo mundial, ganhando até nomenclatura desportiva: passou a ser chamado de e-sports.

Isso se deu muito em detrimento do aumento da popularidade de League of Legends, consoante com o tradicional Counter-Strike, e um cenário de incentivo dos mundos cibernéticos e realidades virtuais, tendo em vista os avanços tecnológicos que propiciaram a melhora da infraestrutura (tanto das máquinas propriamente ditas, quanto da internet como um todo).

Assim, ligas mundiais passaram a receber bastante aporte financeiro, bem como se criaram plataformas de streaming cada vez mais interativas. Somados, esses fatores fizeram a audiência crescer, a cultura do e-sport se globalizar, jogadores passarem a ser exportados e a receber vistos de atleta, e as grandes organizações a tornarem-se entidades esportivas profissionais.

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No meio disso tudo e, tal qual o desporto “tradicional”, a categoria de e-sports universitária tem atuado como uma oportunidade de base para jovens atletas amadores cavarem reconhecimento e serem cooptados pelas organizações.

Por isso, neste artigo, falaremos sobre como e por quê o e-sports universitário cresceu nos últimos anos no Brasil.

O e-sports universitário brasileiro antes de 2020

Jogadores de e-sports aparecem encostados em cadeira gamer, com a interface de Valorant aberta em seus computadores.

(Imagem: CPUeS / Reprodução)

Há – especialmente entre atletas mais tradicionais – quem diga que os e-sports não podem ser considerados uma categoria esportiva, uma vez que não envolvem exercícios físicos.

No entanto, sabendo-se que utilizam, em sua maioria, de espírito de equipe, estratégia e conhecimento tático, além do fator competitividade, e de necessariamente seguirem regras pré-estabelecidas, os jogos eletrônicos podem, sim, serem considerados “esportes”, de acordo com algumas acepções de dicionários.

No entanto, antes de 2020, o reconhecimento das Associações Atléticas, Diretórios e Ligas Acadêmicas para com o e-sports ainda era bastante embrionário, muito devido ao fato de que eram poucos os campeonatos universitários que reconheciam-no, e inseriam-no, portanto, em seu calendário competitivo.

Sem competições, não havia incentivo por parte das Atléticas. Sem incentivo, os times eram pouco visados e, quando existiam, eram tratados como um grupo de amigos que jogavam pelo forfun e que, por ventura, faziam parte da mesma Instituição de Ensino Superior.

Até então, a entidade de maior relevância no cenário era o Torneio Universitário de e-Sports – o TUeS –, criado em 2016, e que desde então mobilizava a primeira competição nacional em formato remoto, entre entidades do país inteiro.

A partir daí, outras pequenas iniciativas passaram a surgir, como a Liga Universitária de E-Sports (LUE), formalizado em 2017, que consistia em uma fase de seletivas online, e uma classificatória de intensos 3 dias, de forma presencial, como um grande Jogos Universitários, mas voltado para as modalidades eletrônicas. A LUE, no entanto, teve poucas edições e, devido ao alto custo, deixou de existir depois da pandemia.

Modalidades de e-sports nos Jogos Universitários

Torcedor universitário, Leonardo Mendes, da FFLCH-USP, comemora vitória de seu time.

(Imagem: Liga BIFE 2023; Roushinol; Indie Clicks / Reprodução)

Desde as conquistas do Brasil no e-sports profissional, que vinham crescendo, até o buzz criado pelo TUeS e pela LUE, já era perceptível a movimentação dos e-atletas, em instituições onde a cultura do esporte universitário era grande, por um maior reconhecimento das entidades estudantis que faziam a manutenção da verba e do incentivo à prática esportiva. Aos poucos, seja por busca das próprias Atléticas ou de forma orgânica, esses times começaram a se organizar e, cedo ou tarde, serem “oficializados” por elas.

Dentro da Universidade de São Paulo, a Liga BIFE – composta por dez Associações Atléticas do campus Butantã da USP – foi a pioneira em inserir o e-sports como uma das modalidades demonstrativas da competição poliesportiva. A iniciativa foi estimulada pelo caráter de inclusão do BIFE, um dos seus pilares (afinal, a Liga foi criada em 1999 para antagonizar a Liga InterUSP, que era exclusiva às sete instituições mais “tradicionais” da USP).

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Membro da Comissão Organizadora (C.O.) Esportiva do BIFE de 2020 a 2022, Leonardo Mendes, de 24 anos, estudante de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Sociais (FFLCH) da USP, explica que o e-sports foi inserido no campeonato em 2018, já contando com uma série de modalidades, buscando agradar a todos os públicos – League of Legends (o jogo MOBA mais famoso do mundo), Counter-Strike: Global Offensive (jogo tradicional, em estilo first-person shooter), Hearthstone (jogo de cartas), Clash Royale (jogo de cartas mobile) e FIFA (jogo de futebol, disputado em console).

Já em 2019, com a grande incidência de aprovação, outras três foram adicionadas: Just Dance (jogo de dança), Super Smash Bros. (jogo de luta) e Brawl Stars (jogo mobile em estilo MOBA). Nesses dois anos, a competição aconteceu na antiga CNB Arena, na Zona Sul de São Paulo.

Quando perguntado sobre como o BIFE utilizou desse público já existente de e-sports durante a pandemia, ele respondeu: “Por não podermos executar nossa competição regular de diversas modalidades presenciais, pelos anos de 2020 e 2021, fizemos o E-BIFE, ou seja, um BIFE apenas de games, e remoto. Como era o único esporte que podia rolar com segurança, o alcance cresceu muito. A C.O. se dedicou demais para fazer acontecer, e o formato de um fim de semana, que rolava no modelo presencial, se transformou em um campeonato que durou mais de meses, sendo todos os jogos transmitidos”.

Leo relembra que foi durante a pandemia que o Valorant, jogo FPS da mesma desenvolvedora de LoL, foi lançado, e que ele rapidamente virou febre. Então, o E-BIFE foi um dos primeiros campeonatos universitários a incorporá-lo na lista de modalidades. Depois, ainda adicionou com orgulho: 

“Por demanda dos atletas, em 2021, nós inserimos algumas modalidades na categoria feminina, como forma de incentivar a competitividade entre mulheres, que muitas vezes são discriminadas no meio dos jogos eletrônicos. Então, por exemplo, ao invés da modalidade League of Legends, a gente tinha o ‘League of Legends Absoluto’, ou seja, sem distinção de gênero entre os competidores, e também o ‘League of Legends Feminino’. Mulheres, naturalmente, podiam jogar os dois. Foi um pioneirismo do BIFE”. 

– Leonardo Mendes, 2024

Quando questionamos o InterFAU, renomada competição que existe há quarenta e cinco anos entre Faculdades de Arquitetura e Urbanismo do estado de São Paulo, do por quê se demorou tanto para introduzir o e-sports como modalidade guarda-chuva – fato que ocorreu somente em 2022 –, a resposta veio de Samara Gusman, 21, presidente da Atlética do Mackenzie, que foi da Comissão Organizadora Esportiva do campeonato no ano passado:

“Infelizmente os e-sports ainda sofrem muito preconceito dentro das Universidades. O próprio Mackenzie, enquanto Instituição, não os reconhece como esporte”, pondera, sabendo que a delegação do Mackenzie é uma das maiores do InterFAU, tendo sido campeã em mais de trinta edições. Mas ela também ressalta: “Em 2023, tivemos uma boa adesão do público não-atleta que foi até o local dos jogos para vibrar por seus times. Isso evidencia uma demanda para a consolidação dessas modalidades dentre os torcedores.”

Quanto ao desfecho de 2024, Samara revelou que a competição deste ano, que ocorreu em agosto, contou com cinco modalidades – duas a mais do que nos anos anteriores, que só tiveram League of Legends, Counter-Strike e FIFA. Eles adicionaram Valorant e Just Dance e, assim, caminhando com o crescimento da cultura dos e-games internamente nas faculdades de Arquitetura.

A “dádiva” da pandemia

Foto focada em mãos manuseando um teclado. Unhas pintadas induzem que trata-se de uma mulher praticante de e-sports.

(Imagem: Liga BIFE 2023; Luan Porto; Indie Clicks / Reprodução)

A pandemia da Covid-19 assolou o globo com incontáveis perdas, é claro, mas sem dúvidas acabou sendo uma ferramenta de aceleração para a cultura dos e-sports, já que a interrupção das temporadas regulares das ligas profissionais fez com que os fanáticos por esporte buscassem nova forma de entretenimento.

No Brasil, os e-sports universitários certamente foram os maiores beneficiados, porque as associações estudantis precisaram se reinventar para manter a chama da competitividade esportiva acesa durante o ensino à distância, e a forma mais comum de o fazer foi colocando os devidos holofotes nos seus times de jogos eletrônicos.

“Foi importante para que as pessoas mantivessem essa cultura de torcer, de acompanhar, de se emocionar pela prática esportiva da sua faculdade, por mais que estivessem trancadas em casa por conta do isolamento social”, explica Heloísa Justo, 27, que era Diretora Geral de Esportes pela A. A. A. Lupe Cotrim (Atlética da Escola de Comunicações e Artes da USP) na gestão de 2020 a 2021.

Durante a entrevista, Heloísa conta que ela e as demais integrantes do setor esportivo da Atlética chegaram, inclusive, a organizar um campeonato universitário de Clash Royale em meados de 2021, para incentivar a valorização dos games mobile, e também angariar fundos para o time que representava sua faculdade – a ECA Lions. Mesmo assim, as coisas não saíram bem como planejado. Explica com pesar: “Ainda era o auge da pandemia, mas, ao mesmo tempo, estava todo mundo meio saturado. Trabalhamos muito para engajar as pessoas na nossa iniciativa, e mesmo assim, não tivemos muitos inscritos…”

Sobre esse assunto, Leonardo faz coro para falar da experiência com o “E-BIFE”: “Se adaptar para o online foi um desafio… Muita gente da C.O. não tinha conhecimento com tecnologia de jogos, seja para entrar no Discord e fazer o contato com os atletas, seja para entender o que estava rolando nas partidas e lidar com as questões do público comentando no chat da Twitch. Mas […] no segundo ano, a gente já estava ‘voando baixo’ com a juventude gamer (risos).”

Em questões de infraestrutura, Leo chegou a pontuar: “O fato da gente não ter todo mundo em um lugar também dificultou, porque cada pessoa dependia do próprio equipamento e internet, por isso, rolavam alguns contratempos”. Além disso, adicionou: “[…] uma coisa que não foi necessariamente um desafio, mas acho que precisa ser dito, foi o nosso público se tornando narrador ou comentarista. Isso foi incrível, de verdade. Acho que podemos ter ajudado vários gênios táticos do a se lançar na carreira de caster. A Maria Fogueta, que hoje em dia é bem famosa e narra diversos campeonatos robustos da Riot, chegou a ser caster no E-BIFE 2020.”

Para completar, ainda, o desenvolvimento do e-sports dentro de uma grande e numerosa Instituição como a USP, todo esse movimento individual das Atléticas fez crescer a necessidade de uma representação coletiva dentro desse pólo. Assim, em 2020, alguns alunos se juntaram e promulgaram uma competição entre todos os Institutos, intitulada Taça JúpiterWeb – fazendo referência ao sistema moodle adotado pela Universidade, de mesmo nome.

Com o sucesso da Taça, esse coletivo resolveu, por fim, fundar a entidade USP Cronos, no intuito de levar os e-sports do campus Butantã da USP para outro nível, com seletivas e treinos constantes, para, eventualmente, disputar campeonatos semiprofissionais.

Mobilização das Atléticas e Ligas para acompanhar a demanda

Ted“, que foi Presidente da USP Cronos em 2023, explicou que a iniciativa de criar uma equipe-“seleção” dentro da Universidade, também era de criar uma comunidade – não apenas de atletas, mas também de torcedores. Assim, os aficionados por e-sports não torceriam apenas pelas suas Atléticas; eles poderiam, sobretudo, acompanhar o desempenho desse “supertime uspiano” em grandes campeonatos brasileiros.

Para dar um currículo breve, Ted conta que a USP Cronos já participou “[…] do TUES (nacional), CPUE (paulista), campeonatos da AcadArena (nacionais), campeonatos da Red Bull, campeonatos nacionais exclusivos de cada modalidade…”

Quando questionado sobre a rivalidade da USP Cronos, ele citou a Unicamp Tritons, além da própria vendeta com os times internos – a USP Ribeirão Preto (“Royals”) e a USP São Carlos (“CAASO Hogs”). Uma outra potência, ressaltou, são os times da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que cresceram bastante nos últimos anos.

Por fim, o entrevistado contou que o retorno às atividades presenciais gerou um movimento de desengajamento da Cronos, porque “os estudantes têm menos tempo para treinar, já que perde-se muito tempo de locomoção entre aulas e trabalho em São Paulo.”

Um outro fator pode ter sido a perda de interesse de quem não é atleta propriamente dito de e-sports, uma vez que os esportes convencionais voltaram a ser amplamente praticados e, portanto, incentivados pelas Atléticas e Ligas. É o caso da Liga Atlética Acadêmica da USP (LAAUSP), que ainda não inseriu os e-sports como modalidade do seu calendário de competições, com exceção ao torneio de calouros – chamado de BichUSP – que teve algumas modalidades e-sportivas envolvidas nas edições 2021 (remoto) e 2022 (presencial).

Sobre isso, Arthur Alves, 22, bacharelando em Esportes pela Escola de Educação Física e Esporte da USP (EEFE/USP) e Diretor Esportivo da Federação Universitária Paulista de Esportes na gestão de 2024, pontua:

“Como organizador, a discussão é bem delicada. Pessoas que gerem o esporte universitário muitas vezes não têm a concepção de que e-sports são modalidades esportivas. Isso não é culpa da Liga, é uma cultura do Brasil como um todo.”

– Arthur Alves, 2024

Tentando, ele próprio, balancear a carreira de e-atleta amador de Wild Rift, assim como profissional em formação para gerir tecnicamente times de futsal, ele disserta: “Na Coréia, no Japão, onde os e-sports são muito bem desenvolvidos e os atletas que se destacam ganham bolsas universitárias para jogar por uma faculdade, no Brasil, ainda estamos no degrau de discutir: e-sports é ou não esporte? Enquanto não superarmos essa barreira a nível nacional, a gente não vai evoluir.”

A acessibilidade dos jogos mobile

Mãos seguram celular, com interface de game mobile aberta.

(Imagem: Tecflow / Reprodução)

Com o aprimoramento das tecnologias de aparelhos móveis, popularizam-se, mais e mais, os games mobile. Esses jogos, que no geral são mais breves, possibilitam que as pessoas joguem em situações corriqueiras, durante a rotina do dia a dia, como em deslocamento em transportes públicos, por exemplo.

Júlia Bentes, estudante do Instituto de Matemática e Estatística da USP (IME/USP), e que há anos representa sua Atlética como uma das lead players da equipe de Brawl Stars, explica que incorporar esses jogos aos campeonatos é importante devido à sua acessibilidade: 

“É difícil jogar LoL, Valorant e CS se você não tem um computador bom. Então, o jogo mobile ajuda nesse sentido de conseguir trazer mais gente pros e-sports. E esse é um meio de entrar ‘mais leve’. O LoL, por exemplo, tem muito mais informação, tem uma comunidade muito maior, e consequentemente tem muito mais toxicidade. Já os e-sports mobile ainda estão nesse momento gradual de crescimento. É mais fácil se sentir parte, crescer e entender mais tecnicamente do game“.

– Júlia Bentes, 2024

Confira também:

De acordo com a Anatel, o número de dispositivos conectados à internet ultrapassou a população do país em 2020. Segundo uma pesquisa da Global Web Index, os downloads de jogos para celular aumentaram em 33% em todo o mundo no mesmo ano. Contribuindo para esse crescimento, está o avanço constante na tecnologia de smartphones, e das operadoras de celular, com planos cada vez mais acessíveis de pacotes de dados que sustentam a cultura desses jogos.

Embora o incentivo de grandes corporações seja enorme a torneios de jogos em dinâmica “battle royale” (experiência multiplayer no qual o objetivo é que apenas um jogador vença), como Free Fire e Fortnite, no cenário dos e-sports universitários, em especial na Região Sudeste do Brasil, preponderam-se competições de games em equipe estilo “MOBA” – como Brawl Stars e League of Legends: Wild Rift.

Novas iniciativas privadas

Uma iniciativa da AcadArena sugere a distribuição de bolsas de estudos para praticantes universitários de e-sports.

(Imagem: AcadArena / Divulgação)

O Brasil, que desde sempre se mostrou uma potência e-sportiva, estando apenas atrás de alguns gigantes como China, Coréia, Estados Unidos e Canadá, não ficou para trás. Nos mundiais, nossos representantes brasileiros sempre chegam a fazer cócegas nos campeões e, por mais que nem sempre voltem com a taça para casa, certamente deixam o recado de que estamos lá para competir.

Assim sendo, de tempos em tempos, novas iniciativas privadas se lançam ao cenário dos games para tentar a sorte de construir algo inovador. 

Confira também:

É o caso da LOUD, que hoje se sagra como a principal e a maior organização de e-sports da América Latina e a segunda maior do mundo, com diversos segmentos de modalidades, além de diversos parceiros institucionais e uma vasta gama de influenciadores, streamers e pro-players. Criada apenas em 2019, a LOUD decolou muito rapidamente no cenário no que concerne à visibilidade e ao fandom – foi a primeira equipe brasileira a atingir um bilhão de seguidores no Instagram.

Tendo em vista a importância do universitário no cenário amador, outro exemplo é a AcadArena. Executando ativações pelas principais capitais nacionais e servindo como uma rede de relacionamentos para todo o Brasil, a empresa de “campus gaming” se dedica a empoderar organizações estudantis, com o fim de elevar o padrão gamer nas universidades e garantir auxílios a e-atletas destaques, como bolsas de estudos e cursos de extensão e imersão.

Para onde vai o e-sports universitário?

Gamer utilizando headphone e óculos juliet.

(Imagem: Liga BIFE 2023; Luan Porto; Indie Clicks / Reprodução)

O destino, acredita-se, é promissor. O Brasil possui uma forte cultura de esporte universitário, perdendo apenas para os Estados Unidos. Então, com paciência e mediante ao reconhecimento mundial do país como uma potência e-sportiva em desenvolvimento nos campeonatos mundiais, os e-sports universitários devem, cada vez mais, ser reconhecidos pelas entidades que fomentam essa categoria desportivas.

Uma pesquisa realizada pelo O Quarto Nerd entre times universitários em abril de 2023 procurou saber como estavam os ânimos das equipes depois da pandemia. Nela, 45,5% dos entrevistados afirmam que os times continuam crescendo. Pelo contrário, 27,3% diz que eles estão em declínio porque as pessoas estão jogando menos, enquanto 18,2% reclamam que isso se dá por conta da escassez dos campeonatos e 9,1% culpabilizam as Atléticas pela falta de incentivo.

O estudo, que também analisou a demografia dos correspondentes, reparou que 72,7% das respostas vinham da Região Sudeste do Brasil, 18,2% da Região Sul e apenas 9,1% da Região Centro-Oeste, com nenhuma resposta vinda das demais, sendo que mais de 70% dos entrevistados declararam morar na capital de seus estados. Isso mostra que a valorização dos e-sports ainda está atrelada a pólos de influência, por mais que seja uma categoria de jogo remota e que, não necessariamente, demanda estruturas de municipais e/ou regionais para a execução de treinamentos e competições.

O estudante Arthur Alves, que por alguns anos esteve à frente da organização discente autogerida do esporte universitário, pondera: “É importante consolidar como modalidade esportiva, mostrar que as pessoas competem por isso, interagem por isso, e então se sentem realizadas como atletas a partir disso”.

Por aqui, nós continuaremos de olho nesse movimento de ascensão dos e-sports. E você, o que acha de tudo isso? Concorda que a valorização do universitário é um trampolim para o alto rendimento?

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Porque os mangás demoram tanto para chegar no Brasil? https://oquartonerd.com.br/porque-os-mangas-demoram-tanto-para-chegar-no-brasil/ https://oquartonerd.com.br/porque-os-mangas-demoram-tanto-para-chegar-no-brasil/#comments Sun, 24 Nov 2024 21:54:44 +0000 https://oquartonerd.com.br/?p=68076 Atualmente, acompanhar animes no Brasil é muito mais fácil e legalizado. Com a chegada dos serviços de streaming, tornou-se possível assistir aos lançamentos de séries animadas quase em tempo real.....

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Atualmente, acompanhar animes no Brasil é muito mais fácil e legalizado. Com a chegada dos serviços de streaming, tornou-se possível assistir aos lançamentos de séries animadas quase em tempo real. Assistir animes no Brasil ficou fácil com os streamings, mas acompanhar mangás oficialmente ainda é complexo, dificultando o acesso simultâneo ao Japão.

Como é o atual mercado de mangás no Brasil?

Atualmente, os mangás chegam no Brasil por editoras como Panini, JBC, NewPop, Pipoca e Nanquim, além da Editora Veneta. Cada editora foca em tipos distintos de mangás: algumas em mangás mais comerciais como One Piece, outras, em obras de nichos como Yaoi e Yuri.

No entanto, independente do estilo, gênero ou autor(a) que fez o mangá, é importante lembrar que eles chegam no Brasil no mesmo modelo de venda. No Brasil, os mangás costumam ter sua publicação no formato de volumes, que agrupam vários capítulos em um único livro. Assim, independentemente de a história do mangá ter mais de 100 volumes ou apenas 1, quase sempre eles seguem esse modelo por aqui.

Abaixo um exemplo de como é uma revista de mangás feita no Japão.

Um problema recorrente dentro do mercado de mangás no Brasil

Apesar de o mercado brasileiro de mangás ter se consolidado ao longo do tempo, ainda existem alguns problemas. Entre os principais, está a demora no lançamento dessas histórias no Brasil.

Um exemplo disso é Jujutsu Kaisen. O mangá foi encerrado em setembro de 2024 e, até a data de publicação deste artigo, novembro de 2024, os últimos volumes ainda não foram lançados no Brasil. Mas, afinal, qual é o principal problema dessa demora? Justamente por causa dela, há um grande impacto no combate à pirataria de mangás e conteúdos correlatos.

Em uma sociedade cada vez mais conectada, o mercado de mangás também segue essa tendência. No entanto, no Brasil, embora esse mercado tenha crescido nos últimos anos, ele ainda é pequeno em comparação ao do Japão, país de origem dessas obras.

É claro que isso também ocorre com o mercado de livros. Autores consagrados entre o público brasileiro, como Stephen King e George R.R. Martin, por exemplo, têm seus lançamentos mais recentes publicados praticamente simultaneamente. Contudo, ainda há obras mais antigas que nunca receberam traduções oficiais. Assim como acontece com os livros, os mangás também recebem traduções não oficiais pela internet. No entanto, no caso dos mangás, o problema pode ser ainda mais profundo.

Scans Brasileiras e a pirataria: uma solução rápida ou um problema a longo prazo?

Hoje, um dos meios mais comuns para acompanhar os capítulos recém-lançados de um mangá é através do trabalho das scans. No Brasil, as scans geralmente são produzidas por fãs, que se dedicam a traduzir e editar essas obras de forma independente. Embora as scans sejam uma forma rápida e acessível de acompanhar obras, elas enfrentam um sério problema: a ilegalidade.

O impacto das scans vai além da questão econômica, afetando a localização e tradução, o que pode alterar completamente a história. Um exemplo disso é o mangá Chainsaw Man, que também impactou o anime. Embora o mangá Chainsaw Man tenha chegado ao Brasil pela Panini, inicialmente, ele foi disponibilizado através de scans. No entanto, ao ser publicado oficialmente, passou por um processo de tradução e localização, além de uma equipe especializada revisar e editar a obra para garantir a maior fidelidade possível ao original. Mas afinal qual o problema da scan ter traduzido Chainsaw Man antes do mangá chegar oficialmente para o Brasil? O problema foi a “liberdade criativa” que a scan trouxe para o mangá.

O limite entre o criativo e o preconceito

Como mencionado anteriormente, as scans oferecem uma tradução feita de fãs para fãs; no entanto, esse método pode ser bastante perigoso. Um ótimo exemplo é a tradução feita para Chainsaw Man, que assim que teve sua “primeira versão” disponibilizada de graça na internet trouxe várias piadas de cunho preconceituoso, assim como escolhas de falas que não condizem com o original como é o caso da frase “O futuro é pica” que levou Guilherme Briggs, umas das maiores vozes da dublagem brasileira, a abandonar a adaptação em anime de Chainsaw Man, mas isso é uma conversa para outro texto.

Mangás

Mas voltando ao tópico da tradução feita por fãs, a tradução de scans normalmente é a tradução de outros fãs em outra língua, normalmente inglês, mas pode ser francês ou espanhol, somente esse fato já torna a tradução um possível telefone sem fio, porque afinal você está lendo algo que é uma tradução de outra tradução. Com isso em mente ainda temos que levar em conta o fato de como essa tradução é algo que não passa por um crivo de um revisor mais sério, podemos ver várias vezes erros de digitação, erros de português, além é claro que dependendo de quem está fazendo a tradução ou revisão podemos ver piadas de mau gostos, para não dizer preconceituosas.

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O uso de gírias e memes pode, sim, gerar discussão sobre sua validade, já que podem marcar temporalmente a obra, tanto em traduções oficiais quanto nas feitas pelas scans. No entanto, não é justo afirmar que essas traduções não deveriam recorrer a esses artifícios de escrita; é apenas necessário ter bom senso ao utilizá-los. Porque como esse trabalho de tradução de fãs é um trabalho muitas vezes anônimo, pelo menos para quem está lendo o resultado final daquela obra, é muito difícil saber quem está fazendo aquilo e também o que ela pretendia ao fazer certas escolhas para certas falas e colocações dentro do mangá.

Apesar dos problemas as scans não são vilãs (pelo menos não necessariamente)

Apesar dos problemas citados sobre as traduções feitas por scans, não podemos generalizar e afirmar que todas entregam traduções mal feitas. No entanto, mesmo trazendo traduções não oficiais para a internet brasileira, as scans assumiram um papel importante no cenário de mangás no Brasil, funcionando como uma “peneira” para a seleção das obras que chegam oficialmente ao país. Mas como isso acontece, considerando que a maioria dessas traduções chega de forma não oficial?

O lançamento de um mangá no Brasil envolve a escolha da obra, compilação, tradução, revisão e, por fim, sua entrada no mercado nacional. Por outro lado, o trabalho das scans é bem mais simples, pois geralmente ocorre capítulo a capítulo, quase sempre no mesmo período em que os capítulos são lançados no Japão.

Para as editoras brasileiras, é difícil acompanhar o ritmo das scans na internet. Além disso, é preciso considerar o preço dos mangás no Brasil. Embora o valor varie por diversos fatores, atualmente é raro encontrar títulos mais simples custando menos de 30 reais.

Sob a perspectiva econômica, as scans oferecem uma alternativa mais acessível para quem não pode arcar com os preços, muitas vezes elevados. Por outro lado, estamos lidando com algo ilegal, o que traz à tona a discussão moral.

Não cabe aqui fazer juízo de valor sobre essa questão, mas é impossível discutir o tema sem incluir esse ponto na pauta. Portanto, o único ponto realmente válido que podemos levar sobre todo o tema em relação a scans e traduções piratas, é que no final depende de cada pessoa e qual são suas ideias e moral em cima desse ponto.

Conclusão (ou quase isso)

No final dessa breve discussão temos que salientar 2 pontos importantes. O primeiro é o fatoa de que o mercado brasileiro para mangás está ainda muito longe do mercado japônes, por isso essa demora para essas histórias chegarem aqui.

O segundo ponto é o fato de que apesar do mercado brasileiro demorar a trazer os mangás de forma oficial para o Brasil, as scans servem como um meio ilegal de ser ter acesso a obras. Entretanto, as scans trazem para o público brasileiro obras que provavelmente nunca chegarão ao Brasil de forma oficial.

Dessa forma podemos concluir que todo esse mercado de mangás no Brasil abre espaço para que as scans e outros meios ganhem cada vez mais forças entre o público. Contudo, a importação dessas obras tem ganhado cada vez mais espaço com o sucesso que os mais diversos tipos de animes em vários streamings como Netflix e Crunchyroll, por isso não é impossível de imaginar que em algum momento do futuro poderemos ver essas obras chegando ao Brasil de forma oficial e sendo lançadas quase simultaneamente ao Japão.

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