Review | Ashton Irwin se redescobre em seu álbum solo “Superbloom”

Ontem (23), Ashton Irwin, o baterista da banda 5 Seconds of Summer, lançou seu primeiro projeto solo, o álbum Superbloom.

O álbum contém 10 faixas sendo elas: SCAR, Have U Found What Ur Looking For, Skinny Skinny, Greyhound, Matter of Time, Sunshine, The Sweetness, I’m to Blame, Drive e Perfect Lie.

Desde o início o baterista deixou claro que esse projeto solo não iria interferir na banda, e que era apenas um lugar onde ele podia compartilhar suas histórias e superações enquanto explorava seus vocais e seu talento como multi-instrumentista.

Mesmo dentro da banda, Ashton sempre se mostrou espirituoso e inventivo e podemos comprovar o fato a partir do nome e capa do álbum.

Superbloom, é uma super explosão de flores, um fenômeno raro que acontece no deserto, onde uma proporção alta de flores silvestres germinam de uma vez, deixando a aparência usual do deserto, colorida e de certo modo, mágica. As cores das flores silvestres são vívidas e enérgicas, assim como os tons laranja e verde, escolhidos para a capa do álbum.

Ashton Irwin

Podemos interpretar a escolha desse fenômeno para um conceito, como flores germinando em terra seca, um sinal de renascimentos e bons frutos, exatamente o que Ashton nos passa nas letras de sua composição.

O álbum começa com SCAR, onde já podemos ver a vibe rock dos anos 90 que se faz presente no álbum, aparecendo, época em que Ashton cresceu e que sua inspiração e influência musical começaram. A letra é extremamente pessoal, na qual são citadas os irmãos mais novos e sua mãe, e mesmo assim, qualquer pessoa que passou por auto-mutilação e se sentiu perdido no mundo, consegue se identificar.

Desejo a Deus que ele possa me mostrar o caminho/Me mostrar o céu pelo menos uma vez/Estou sentido algo que não entendo/Pode me ajudar a ser uma pessoa melhor?

Logo depois, temos Have U Found What Ur Looking For? e vemos a batalha de Ashton para superar cada medo que possui e desenvolver resistência mental. O nome nos traz à memória, a música da banda U2 “I Still Haven’t Found What I’m Looking For” e arriscamos dizer que a sonoridade do álbum é similar ao estilo dos irlandeses.

Skinny Skinny foi a primeira música a ser lançada juntamente de um clipe, onde o cantor descreve a música como “Não se sentir em casa em seu próprio corpo”, a letra fala sobre transtorno dismórfico corporal de uma maneira intimista, verossímil e delicada, no clipe vemos sua luta contra o espelho, e felizmente, Ashton ganha. Confira o clipe aqui.

“Minha segunda face, a droga do meu reflexo/Nós sempre nos encontramos quando estou derrotado”

O rock clássico se mostra presente novamente em Greyhound, os efeitos, solos de instrumentos e técnicas vocais utilizadas lembram artistas e bandas como Queen, AC/DC e David Bowie. A composição é mais simples que as outras, porém, eficaz do mesmo jeito, com frases como “Eu não estou amargo e machucado, eu só estou rasgado por dentro.”

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Matter of Time é o interlúdio do álbum, uma quebra conhecida na ópera, onde temos uma pausa entre dois atos ou duas cenas do mesmo ato. Também é conhecido como um intervalo. O instrumental calmo é o ponto forte, a letra traz esperança e finalmente vemos a luz no fim do túnel para as batalhas pessoais de Ashton Irwin.

O cantor mostra empatia em Sunshine, ele reclama de diferenças socioeconômicas e como a sociedade nos desencoraja e faz-nos sentir mal com nosso verdadeiro eu, mas a esperança que foi apresentada na faixa anterior permanece, onde o eu lírico luta para focar apenas na luz do sol.

Ashton cresceu com sua avó e mãe solo, e sempre viu comportamentos repudiáveis de relacionamentos amorosos da mãe, o cantor diz que de certo modo cresceu sentido uma aversão a homens e sua masculinidade tóxica, The Sweetness fala exatamente sobre isso, jovens aceitando suas emoções não como um sinal de fraqueza, como lhes foi ensinado, mas como força e incentivo para amar a vida com todos seus sentimentos.

Como marca registrada dos sofrimentos de uma vida, chegamos ao coração partido e fim de relacionamento. A bateria predomina na composição pesada, pesarosa e enérgica de I’m to Blame, na qual, o cantor mostra como ás vezes é mais saudável assumirmos a culpa, do que ficarmos remoendo a dor.

Diferente das outras composições, Drive não nos mostra a resolução e a resposta do problema, e sim, uma outra maneira de lidar com ele. Ashton conta que escreveu essa música sobre um momento de luto que ele passou junto a sua namorada Kay Kay Blaisdell e como ele lutou para atravessar esse momento, ao invés de deixar a dor e o luto tomarem conta deles.

“Eu sei que você está machucada, eu sei que não é justo.”

Perfect Lie encerra a discografia nos dando um vislumbre da parte sombria e falsa de estar em uma banda em seu processo de crescimento, Ashton mostra como as pessoas por trás da indústria muitas vezes forçaram a banda a escreverem músicas que seriam só mais um hit, sendo que o desejo de todos sempre foi fazer músicas para que as pessoas se conectassem e relacionassem, algo que eles só conseguiram a partir de seu segundo álbum, Sounds Good Feels Good.

O ritmo é sombrio e nos passa o sentimento de algo forçado e falso, assim como a mensagem da letra. “É a melancolia que vende” e “Eu posso contar uma mentira perfeita”

Liricamente, vemos poesia, musicalmente, vemos coerência, e de certo modo, nostalgia. Este é o Superbloom, primeiro álbum solo de Ashton Irwin.

Superbloom

Artista: Ashton Irwin

Ano de lançamento: 2020

Gravadora: Ashton Irwin Music Group LLC

Nota: 5/5

Avaliação: 5 de 5.

Isabela Caroline
Tradutora e redatora d' O Quarto Nerd. Viciada em música, clipes, séries, teorias, entrevistas e tudo que seja um escape da realidade. Currently listening to any pop songs.