“O Doutrinador” chega aos cinemas hoje, 01 de Novembro, como o primeiro filme do gênero de super-heróis nacional. O longa é baseado nas HQs de Luciano Cunha, de 2008. Estrelado por Kiko Pissolato, como Miguel, um agente federal que vem a se tornar o anti herói, Doutrinador.
O Quarto Nerd assistiu o filme e você pode conferir nossa crítica aqui: Crítica | O Doutrinador .
Tivemos a oportunidade de entrevistar Kiko Pissolato, o protagonista do filme, para descobrirmos mais como foi a produção e idealização do primeiro filme de super-heróis brasileiro. Confira!
Kiko Pissolato: O cinema realmente tem explorado bastante esse gênero de super-heróis e eu sou um fã da DC, da Marvel, acompanho desde moleque todos os filmes de super-herói. Primeiro filme que eu vi no cinema foi Superman. Foi uma honra, um privilégio poder fazer esse filme. Eu fiquei muito feliz com o convite, e me realizei, voltei a ser criança no set. Sem medo da responsabilidade, eu entendo pelo fato de ser o primeiro que a cobrança com certeza vai ser muito grande e pelo fato de ser de uma HQ que já ter um número de fãs muito grande também, essa pessoas esperam um trabalho intenso de qualidade. Mas eu estava tranquilo, me preparei muito pra esse filme, acho que me preparei a vida toda e aceitei o desafio com muita tranquilidade, com noção, sim, da responsabilidade, mas sobretudo com muita alegria.
Kiko Pissolato: O filme trabalha bastante entre essa linha da realidade e da fantasia, mas isso basicamente ficou mais ao cargo da direção de arte, da fotografia e da própria direção, e pra nós do elenco, a preocupação é sempre trabalhar com a verdade absoluta do personagem. Não há uma necessidade de se colocar cores, mais fortes ou menos fortes, a não ser em determinadas cenas específicas, e aí o conjunto todo da equipe técnica somado ao elenco que faz essa cor se sobressair na tela. A gente tem claramente um filme de ação, de herói, de HQ e as cenas de ação é que são algo diferente, fora do hábito do que estamos acostumados a trabalhar aqui no Brasil. Então foi um desafio, mas foi muito prazeroso, e esse caráter do herói, ele é presente nesses momentos da ação, quando ele está com a máscara, com os olhos vermelhos acesos. Enfim, eu acho que é o todo que realmente conta essa história, mas para mim, era mais a responsabilidade de estar com a verdade daquele momento, entregando a luta com o máximo de qualidade técnica, nos momentos todos de ação. Mas sempre trabalhar com a verdade, para não deixar nenhuma brecha para que nunca se duvide do personagem ou duvidar do que ele faz.
Kiko Pissolato: O filme tem uma mensagem clara, de combate à corrupção interior, combater nossa própria corrupção. Não adianta o extermínio dos corruptos, se a nossa própria corrupção não for exterminada. Mas aparte disso, eu acho que realmente é um filme pioneiro que pode, de fato, abrir mais portas para filmes de ação no nosso país e sim, para filmes de HQs. O Doutrinador não é filho único dessa safra, temos outros filmes já adaptados de HQs, o Tungstênio, Motorrad, o próprio Turma da Mônica – Laços, que sai ano que vem, então isso deve crescer cada vez mais e a idéia é que O Doutrinador seja um pontapé inicial nessa sequência de heróis. A própria Guará tem um panteão maravilhoso de heróis e é possível sim que tenhamos um universo estabelecido de heróis nacionais. Nós temos quadrinistas, roteiristas de muita qualidade, equipe técnica, atores sedentos por esse tipo de trabalho diferente, com a possibilidade de fazer cinema de ação, de herói, de quadrinhos. Então acho que realmente pode ser sim que O Doutrinador seja um divisor de águas, um percussor de um novo jeito de fazer cinema no Brasil.
Kiko Pissolato: Com certeza, é o personagem da minha vida até esse momento. A gente vive o personagem intensamente enquanto a gente tá com ele, mas eu sou um cara de teatro, e no teatro já tive a possibilidade de experimentar muitas vezes, e na televisão, eu tive algumas oportunidades, mas de fato, o Doutrinador, somando televisão e cinema, é o meu primeiro protagonista numa produção muito grande e no tipo de personagem que sempre sonhei em fazer, então não é só o fato de ser um protagonista, é um tipo de filme, tipo de protagonista, o desafio, a entrega corporal, física que eu me propus. Com toda certeza, se houver a oportunidade de fazer esse personagem mais uma vez, eu farei. É o tipo de personagem que a gente abraça pra vida. Quem dera, eu tenha uma vida na longa na pele de Miguel, o Doutrinador como o Hugh Jackman teve com o Wolverine ou o Robert Downey Jr. no Tony Stark. É realmente o tipo de personagem que a gente não quer largar de jeito nenhum.
Kiko Pissolato: Bom, é um personagem super bem explorado nessa primeira incursão dele no cinema, e também na série, onde é bem mais aprofundado os dramas pessoais, físicos, as questões de ação do Miguel. É um personagem que eu vejo multiplas possibilidades, eu enxergo como sendo possível uma vida muito longa para ele, se a gente pensar que ele atingiu um esquema de corrupção na saúde, embora ele tenha ido atrás de todo o Congresso né (risos). Mas a corrupção, como a mensagem do filme traz, ela é presente na nossa sociedade, em todas as instânicas, desde o micro até o macro. Dentro da nossa casa, na nossa rua, no nosso bairro, então são múltiplas possibilidades desse personagem ir atrás de fazer justiça da maneira dele, claro, um anti-herói. Mas dá pra a gente manter isso indefinidamente, então que ele possa encontrar outras justificativas, sempre trabalhando com a dor, sabendo que está errado. Acho que basicamente a essência dele deve ser manter na dor, nessa raiva que ele sente, nesse desajuste emocional, nessa loucura que ele vive, porque só isso pode tornar justificável, empaticamente falando, porque o que ele faz é totalmente errado, então que seja motivado por um combustível muito poderoso, sentimental. E que ele encontre outras relações possíveis, com outros personagens, com uma possibilidade de continuar na luta dele, nessa luta solitária e sem rendenção, que é uma vida de um justiceiro. Mas seria muito interessante continuar dando vida a ele, e é isso, vamos torcer para que O Doutrinador seja um sucesso que ele merece. O filme tá muito legal, fiquei muito satisfeito com ele e agora é esperar a recepção das pessoas, mas que já tem sido muito boa nas pré-estreias pelo Brasil a fora. Agora tá entregue (risos) e vida longa ao Doutrinador, ao cinema de ação e de super-herói no Brasil.
O Quarto Nerd é imensamente grato pela oportunidade e pela honra da entrevista com o Kiko Pissolato. O Doutrinador está em exibição nos cinemas em todo Brasil. Não deixe de conferir!
