QN Independente | Maré Tardia fala sobre as dificuldades em ser um artista indie no Brasil

Maré Tardia

Maré Tardia é uma banda independente brasileira composta por Bruno Lozorio, Bruno Fischer, Gustavo Lacerda e Matheus Canni. Formada um pouco antes da pandemia, o grupo lançou recentemente o single ‘Linda Estrada’. Atualmente, a banda encontra-se no Top 10 da Playlist “Indie Brasil” do Spotify e contém quase dois mil ouvintes mensais.

Neste bate-papo com o QN, a banda compartilhou sobre como foi a formação da banda, as dificuldades em ser um artista independente no Brasil e como foi trabalhar em novos projetos durante a pandemia.

Confira a entrevista abaixo:

QN: Como surgiu a ideia par formar a banda e como vocês se encontraram?
MT: – Bruno Lozorio e Bruno Fischer se conheceram num ensaio de um projeto de banda com uma amiga em comum, que não foi pra frente. Na vontade dos dois de ter uma banda e pelas referências parecidas, surgiu a Maré Tardia. Logo após, Lozorio convidou Gustavo, que havia conhecido num bar na Rua da Lama, para entrar na banda. A Maré Tardia passou um tempo com o Munalt no baixo, até ele sair no começo da pandemia. Depois de um período sem baixista, e sem shows por conta do covid, Canni entrou na banda.

QN – Como vocês trabalham a dinâmica como banda? Na hora de tomar decisões sobre as letras, arranjos, produção e divulgação?
MT: Geralmente Gustavo e Bruno Lozório trazem uma letra ou esboço da música e a banda desenvolve conjuntamente nos ensaios. Todos trazem ideias para a banda, cada um com suas referências pessoais. As decisões são tomadas por consenso dos 4 integrantes depois de muita briga.

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QN: Árvores Azuis é uma canção muito pessoal que fala sobre universos mentais e fuga da realidade, e de fato é algo que rodeia muitos jovens hoje em dia, o que faz com que as pessoas se identifiquem ao escutar. Desde o início essa foi a intenção da banda? Fazer com que toda essa energia canalizadas nas canções alcancem seus ouvintes?
MT: A intenção das nossas letras é, muitas vezes, externar o que estamos sentindo no momento que escrevemos. É muito interessante que cada ouvinte tem sua própria interpretação das músicas e podem se identificar de maneira bem pessoal, levando para sua realidade. Saber que as pessoas estão se identificando com nossas músicas é muito gratificante, pois vemos que estamos indo pelo caminho certo.

QN: Qual o maior desafio em ser uma banda Indie no Brasil? Vocês acham que existe uma certa relutância do público quando se trata de um estilo que é tão famoso lá fora e algo não tão explorado em nosso país?
MT: O mainstream no Brasil é dominado por outros gêneros musicais, o que faz do indie aqui um gênero underground. Isso pode tornar mais difícil conseguir alcance, de certa forma,  mas pode ser bom por um lado.

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QN: Quais as principais referências de vocês para a criação de seus projetos? Desde artistas nacionais até internacionais.
MT: Nossas referências são voltadas para o surf rock, garage e indie. Falando de referências internacionais nos inspiramos bastante numa sonoridade dos anos 60 e 70, como Beatles, The Doors, Jefferson Airplane, entre outros. Mas também temos como norte bandas atuais tanto da cena californiana, como por exemplo Buttertones, Growlers, Surf Curse e Triptides, como da cena australiana, King Gizzard e Tame Impala. Quanto às referências nacionais clássicas temos Roberto Carlos, Erasmo, Chico Buarque, Jorge Ben e Mutantes. Já na cena atual Boogarins é uma das bandas que mais nos inspira.

QN: Como vocês se viraram como banda durante a pandemia? Foi um ano de muita inspiração para novos projetos?
MT: Durante a pandemia nós tivemos que refazer os planos de shows e festivais que pretendíamos realizar ao longo do ano. Então decidimos passar alguns períodos na casa do Bruno Lozório em Guarapari para dar início às gravações do nosso primeiro álbum, que sai até o fim deste ano. Apesar de bastante frustrante pela falta de shows, sentimos que conseguimos conquistar um público por meio dos singles que já lançamos até o momento. Passamos por um período de imersão nas gravações, totalmente independentes, e evoluímos muito como banda; praticando e compondo bastante.

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QN: Estamos em uma era digital, e com a ascensão das redes, todos precisam colocar a “cara a tapa” e se mostrar nesse mercado que ao mesmo tempo que existe lugar para todos ainda é bem competitivo. Como artistas independentes, como vocês usam a internet a favor da banda para mostrar o seu trabalho?
MT: A internet é o maior meio que temos para mostrar nosso trabalho para o mundo, principalmente durante a pandemia. As redes sociais facilitam nossa comunicação com o público e ajudam a nos expor a mais pessoas. Sair divulgando nosso som na internet vem nos ajudando muito a crescer, e os próprios ouvintes usam a internet para divulgar também.

QN: Um dos integrantes entrou depois de um tempo que a banda já estava formada, como foi a decisão de que precisavam de mais um integrante? Vocês estavam procurando alguém ou foi algo que simplesmente aconteceu?
MT: Com a saída do nosso primeiro baixista, Munalt, ficamos um tempo sem um membro fixo. Depois de várias tentativas que acabaram não dando certo, encontramos o Canni, que já havia tocado com Gustavo em outras duas bandas, mas como baterista, e caiu como uma luva. No primeiro ensaio parecia que já estava na banda desde o começo.

Clique aqui para conferir o single ‘Linda Estrada’, de Maré Tardia, através do Spotify. Também acompanhe a banda em seu Instagram, @maretardia.

Karina Sena