Em época de BBB sempre em alta nas redes sociais, nós, do QN, decidimos elaborar alguns dos motivos pelos quais amamos reality shows…
Antes de mais nada, é importante contextualizar: afinal, o que é um programa reality? Esse gênero de programa é conhecido por sua abordagem não roteirizada e, portanto, por capturar a vida cotidiana, as interações sociais, os desafios estipulados pelos diretores entre os participantes.
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Nesse sentido, devido à exposição intensiva e, muitas vezes, sem cortes, às câmeras, bem como a premissa de isolamento (isto é, na maioria dos realities, os participantes não sabem qual é a receptividade do público), muitas questões em relação à ética e à privacidade são abordados…
A história dos reality shows
(Imagem: Terra / Reprodução)
A “reality TV” tem raízes na tradição do documentário, mas o formato evoluiu ao longo do tempo para se tornar uma forma de entretenimento popular. O termo “reality show” refere-se a programas de televisão que retratam situações da vida real, muitas vezes envolvendo pessoas comuns em vez de atores profissionais.
O conceito começou a se desenvolver na década de 40 e 50, com programas como Candid Camera (CBS, 1960), que capturava as reações de pessoas a situações inusitadas e era uma forma inicial de reality show cômico. No entanto, o verdadeiro boom dos realities ocorreu nas últimas décadas do século XX e início do século XXI.
O pioneiro moderno muitas vezes citado é The Real World, que estreou em 1992 na MTV. Este programa colocava um grupo de estranhos em uma casa juntos e documentava suas interações diárias. Já Survivor, um reality show de competição, onde os participantes precisavam trabalhar para sobreviver frente às adversidades de uma ilha deserta, também desempenhou um papel significativo na popularização do gênero. Ele estreou nos Estados Unidos em 2000 e rapidamente se tornou um sucesso global.
John de Mol é um proeminente produtor de televisão e bilionário holandês, amplamente reconhecido como o “pai dos reality shows“. Sua notoriedade advém de sua influência na criação de diversos programas desse gênero por meio da empresa de comunicações Endemol. Um de seus maiores feitos foi a concepção do Big Brother, cuja primeira edição foi ao ar em 1999 e desencadeou uma revolução no mundo dos reality shows.
Após a venda da Endemol, John não apenas consolidou sua reputação como um visionário na indústria televisiva, mas também estabeleceu seu próprio canal de TV. Nesse canal, ele lançou com grande sucesso o The Voice, outro que se destacou internacionalmente e foi licenciado para transmissão em vários países.
A partir daí, a evolução da tecnologia e a proliferação dos canais de televisão e plataformas de streaming também contribuíram para a diversificação e popularidade contínua dos reality shows. Eles agora abrangem uma ampla variedade de temas, desde competições e relacionamentos até programas que exploram o cotidiano de famílias e comunidades.
Reality shows por gênero
Os reality shows abrangem uma ampla variedade de gêneros, cada um focando em diferentes aspectos da vida real, buscando mesclá-la com entretenimento e competição. Abaixo estão alguns dos principais:
(Imagem: Collider / Reprodução)
- Talent Shows
Exemplos: American Idol, The Voice, The X Factor, RuPaul’s Drag Race.
Participantes competem em performances artísticas ou desafios para demonstrar talentos específicos, como cantar, dançar e performar lip syncs!
- Dating Shows
Exemplos: The Bachelor, Love Island, Casamento Às Cegas, O Ultimato, The Circle.
Os participantes buscam relacionamentos afetivos duradouros, passando por encontros e desafios relacionados ao amor, muitas vezes até antes de se verem pessoalmente.
- Confinamento/ Experimento social
Exemplos: Big Brother, Too Hot To Handle, A Fazenda, No Limite.
Os participantes são colocados em um ambiente controlado, como uma casa ou ilha, e são filmados enquanto interagem e competem entre si. Por vezes, o público decide quem ganha.
- Estilo de Vida/ Transformação
Exemplos: Queer Eye, The Biggest Loser.
Focado na transformação pessoal, seja na aparência, na saúde ou na vida cotidiana dos participantes.
- Documentário de Vida Cotidiana
Exemplos: Keeping Up with the Kardashians, The Osbournes.
Mostra a vida diária de pessoas conhecidas ou de famílias comuns.
- Policial/ Investigativo
Exemplos: Cops, Forensic Files.
Acompanham o trabalho de policiais, detetives e equipes de investigação.
- Aventura/ Sobrevivência
Exemplos: The Amazing Race, Largados e Pelados.
Os participantes enfrentam desafios físicos e mentais enquanto viajam ou sobrevivem em condições extremas.
- Alimentação/ Culinária
Exemplos: Top Chef, MasterChef, Cake Boss, Sugar Rush.
Competições culinárias onde chefs amadores ou profissionais mostram suas habilidades.
- Moda/ Beleza
Exemplos: The Hype, Next In Fashion, Glow Up.
Competições fashion, onde estilistas ou maquiadores renomados e/ou em ascensão competem entre si, passando por diversos desafios do ofício, em busca de levar para casa um grande prêmio em dinheiro.
- Esportes e Competições Físicas
Exemplos: The Challenge, American Ninja Warrior, Ultimate Beastmaster.
Competições que envolvem atividades físicas e desafios atléticos.
O Brasil é do BBB
(Imagem: Globo; Meio e Mensagem / Reprodução)
O Big Brother Brasil (BBB) é a versão brasileira do Big Brother, um reality de confinamento. A primeira edição do BBB foi ao ar em 29 de janeiro de 2002 pela Rede Globo, uma das principais emissoras de televisão do país.
A ideia central do programa é isolar um grupo de participantes em uma casa especialmente projetada, onde são monitorados 24 horas por dia por câmeras. Os participantes competem em desafios, interagem entre si e são submetidos a votações do público, que decide quem será eliminado a cada semana. O último participante restante é o vencedor e recebe um prêmio em dinheiro (quantia que, atualmente, ultrapassa os R$ 3 milhões).
A popularidade do Big Brother Brasil cresceu rapidamente desde sua estreia, tornando-se um fenômeno cultural no país. O formato inovador, que combina voyeurismo, estratégia de jogo e experimentação social, atraiu uma audiência diversificada. O programa também se tornou uma parte importante da cultura popular, gerando discussões, análises e debates em todo o país, e sendo uma importante plataforma de ativação e divulgação de marcas.
A cada temporada, o BBB passou por adaptações e introduziu novos elementos para manter o interesse do público. Da mesma forma, a mudança de apresentador, que aconteceu de tempos em tempos (com Marisa Orth no ano de estreia, Pedro Bial de 2002 a 2016, Tiago Leifert de 2016 a 2021, e Tadeu Schmidt a partir de 2022), também foi crucial para reinventar o programa – tanto a forma que as coisas acontecem dentro da casa, quanto os conteúdos que se geram do lado de fora, pela própria emissora ou organicamente, pelo público telespectador.
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Segundo pesquisa elaborada pelo Wake Creators e divulgada em 2025, o Big Brother é o reality queridinho dos brasileiros, sendo escolhido como favorito por 61% dos entrevistados, o que choca zero pessoas, mas sinaliza uma certeza para grandes marcas continuarem investindo no programa – cuja audiência continua quebrando recordes mesmo após mais de vinte anos nas telinhas.
Existem várias evidências do porquê o BBB acabou se consolidando como um marco para a televisão e a cultura do Brasil. Entre elas, estão o entretenimento e o drama – afinal, ele é projetado para ser um programa altamente envolvente –; a empatia – a exposição constante dos participantes às câmeras permite uma identificação dos telespectadores –; o formato interativo – que permite que o público se sinta parte do rumo do programa –; a interconexão digital; a cobertura de mídia; e recentemente a participação de celebridades e subcelebridades, que, no experimento, acabam se mostrando “gente como a gente”.
Assim, a Casa Mais Vigiada do Brasil, neste ano comemorando sua vigésima quinta edição, ou seja, debutando o seu primeiro “Massacre Quaternário”, se mantém como o elemento principal desse fenômeno tão duradouro na mídia brasileira.
Há quem diga que reality shows são apenas alienação, mas…
(Imagem: “Fahrenheit 451” (1966), Anglo Enterprises; Vineyard Film Ltd. / Reprodução)
A Psicologia explica.
De acordo com especialistas, o comportamento humano emerge como o principal atrativo nos reality shows. Esses programas nos apresentam a vida cotidiana de pessoas comuns, mostrando desde as atividades mais triviais, como comer e tomar banho, até momentos de festa, discussões e relacionamentos. A constante exposição dos participantes às câmeras proporciona uma identificação profunda, permitindo que os telespectadores se vejam refletidos em diversos aspectos da vida dos participantes.
Além disso, a atração é intensificada quando celebridades, amplamente conhecidas na “vida real”, participam de programas como o Big Brother Brasil. Essa experiência oferece ao público a oportunidade de conhecer as múltiplas facetas de seus ídolos, estabelecendo uma proximidade única. O desejo de se sentir mais próximo dos ídolos é satisfeito por meio da exposição detalhada proporcionada pelos reality shows.
Uma pesquisa conduzida pelo Professor de Psicologia Jonathan Cohen, da Universidade de Haifa, em Israel, revelou que os telespectadores desses programas desenvolvem fortes sentimentos de empatia pelos participantes, muitas vezes reconhecendo-se em suas escolhas e ações. O estudo, envolvendo 183 entrevistados e abrangendo 12 reality shows diferentes, como Big Brother, MasterChef e Supernanny, indicou que a afinidade com um programa está diretamente relacionada à identificação e ao desejo de participação.
Outro aspecto que contribui para o envolvimento do público é a capacidade dos reality shows de servirem como uma válvula de escape. Em momentos de estresse, intensa carga de trabalho e desafios na vida pessoal, esses programas oferecem uma pausa, permitindo que os espectadores se desconectem temporariamente de suas próprias preocupações para acompanhar as vidas e dilemas de outras pessoas.
Realities que você provavelmente já viu e não se lembra
Para nós que vivemos os anos 2000, escolhemos alguns realities shows muito especiais, e largados naquele tempo, para rememorarmos juntos. Vem com a gente!
(Imagem: Walt Disney World / Reprodução)
Um fruto da geração early millennial, gostaríamos de relembrar o High School Musical: A Seleção (2008), da Disney Channel, cujos episódios passavam no horário nobre da emissora, durante o programa Zapping Zone. Basicamente, foi uma grande competição para selecionar quem estrelaria a versão brasileira da franquia High School Musical – que foi o High School Musical: O Desafio (2010).
Gostaríamos de relembrar, ainda, o Disney Channel Games – “evento” televisionado que juntava todas as estrelas jovens da Disney daquela época em uma competição esportiva de verão, de 2006 a 2008. Eles não ganhavam nada, mas deveriam trabalhar em equipe para passar por desafios como corridas em bolas gigantes de hamster, por exemplo. Na época, chamada de “minissérie”, esse reality contou com diversos famosos, como os gêmeos Sprouse, Zac Efron, Miley Cyrus, Selena Gomez, Raven, etc.
Também houve a Temporada de Moda Capricho (que aconteceu de 2010 a 2016) – nele, estudantes de Moda que competiam por uma vaga de estágio na Revista Capricho, que estava em seu auge, afinal, aqueles eram tempos de Manu Gavassi e seu Garoto Errado. Era veiculado no site da revista, ou seja, não se precisava de TV a cabo, e o ganhador simplesmente se tornava o novo estagiário. (Sim, existem pessoas que entram em realities para competir por R$ 1,5 milhão, e existem pessoas que competem por um salário de mil e quinhentos.)
(Imagem: MTV / Reprodução)
E por falar em Capricho, temos que mencionar o casamento entre a MTV e a Revista, o que deu luz ao reality Colírios Capricho no ano de 2010! Dele, saiu a tríade Dudu Surita, Caíque Nogueira e Federico Devito, que hoje trabalham em carreiras diversas, mas também foi plataforma de influências que estão presentes na mídia até hoje, como Leonardo Picon.
Outro interessante reality foi o Projeto Adrenalina (2009), transmitido no Boomerang. Era uma espécie de No Limite juvenil. Os competidores passavam por desafios perigosos, difíceis e até mesmo nojentos, e isso sem nem ganhar nada – apenas o título de “Super Adrenalina do Ano”. Radical!
Por último, relembramos o Parental Control (2006), também da MTV. A narrativa era sempre a mesma: os pais odiavam o namorado da filha e, portanto, eles armavam alguns encontros às cegas com candidatos à escolha, para que a menina se apaixonasse por outra pessoa, desse um pé na bunda do atual e passasse a sair com alguém que seus responsáveis “aprovassem”. Saudável? Não. Icônico? Com toda certeza.
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