O Pintassilgo – A adaptação que deveria ser mini-série não filme

O Pintassilgo

Adaptações de grandes livros pro cinema ou para TV sempre dão o que falar, algumas conseguem acertar em cheio e fazer uma adaptação tão digna quanto, outras fazem uma adaptação tão fora da curva, que nem parecem ser uma adaptação, o que aqui diremos que é o caso de O Pintassilgo.

Tentando adaptar o vencedor do prêmio Pulitzer o romance de Donna Tartt O Pintassilgo (The Goldfinch), John Crowley (diretor) e Peter Straughan (roteirista), falham em trazer a alma que o livro de Donna tem, deixando uma trama vazia e sem carisma, com uma montagem cheia de flashbacks para explicar eventos futuros em cenas passadas, separando o filme em duas linhas do tempo, de uma forma corrida mas cansativa. Um filme que se sairia melhor como uma mini-série, e que por algum motivo a Amazon resolveu transformar um livro de 700 paginas em um filme sem profundidade com personagens rasos e sem carisma em uma trama de 2h 49 minutos.

Após Theo perder sua mãe em um atendado em uma galeria de artes, a vida de Theo (Oakes Fegley/Ansel Elgort) vira de cabeça para baixo, o menino de 13 anos acaba indo morar com a família de seu amigo, liderado pela famosa Sra. Barbour (Nikole Kidman) por um tempo, até a aparição de seu pai ausente mudar a vida do jovem outra vez, que agora deixa Nova York para viver com seu pai Larry (Luke Wilson) e sua madrasta Xandra (Sarah Paulson) em uma área afastada e com ambiente desértico de Las Vegas.O interessante dessas mudanças de ambientes/cidades durantes os flashbacks é a escolha de cores e o design visual de cada lugar que direção de arte de K.K. Barret trás, uma arte delicada para cada cena.

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Quando Theo conhece Boris (Finn Wolfhard/Aneurin Barnard), um garoto ucraniano com um sotaque um tanto esquisito, que ao lado de Theo trazem para o filme um ar politicamente incorreto, trazendo cenas mais descontraídas, mas nada de um clichê adolescente, apenas dois adolescentes com vidas bagunçadas abusando de sua criatividade para se embebedar e se drogar, trazendo as melhores cenas com um gostinho de “As Vantagens de Ser Invisível“.

Apesar do roteiro e a direção se arrastarem pelos flashbacks, trazendo personagens tão vazios que você passa a se perguntar se eles realmente são necessários, e em momentos que você deveriam sentir por eles, a falta de tela traz a falta de evolução dos personagens, novamente trazendo o pensamento do por que adaptar algo tão complicado para o cinema a invés de uma mini-série, que assim talvez, se houvesse mais apelo pelos personagens que vai e vem tão rápido que você nem percebe a falta deles, ou nem mesmo consegue sentir dó de Theo. Apesar do filme ter grandes nomes do cinema e de plataformas de Streaming, a superficialidade do roteiro com a correria trás os famosos personagens secundários mais secundários do que nunca, nem dando a chance aos grandes mostrar o que estamos acostumados a ver.

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O Pintassilgo se vence pela direção de arte, que sabe se adaptar a cada ambiente escolhido durante seus flashbacks, mas quando a trama volta para o tempo ‘atual’, as ações e cenas começam a correr e no final, quando possivelmente a ação poderia se iniciar, a trama volta a ficar lenta, e ao invés de mostrar uma cena que poderia ser algo de pura ação, eles optam por falar o que houve do que mostrar, deixando o final mais corrido que o filme todo.

O Pintassilgo está nos cinemas de todo o brasil.

Nota: 2,5/5

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Marta Fresneda
Líder do site de entretenimento O Quarto Nerd. Apaixonada por cultura pop, com objetivo de influenciar e incentivar mulheres na área de comunicação voltado ao mundo nerd.