Flow é bonito, ousado e emotivo

Flow chega aos cinemas brasileiros no dia 20 de fevereiro e tem um enorme potencial para ficar na sua mente por dias. Seja pela beleza visual, pela história ousada ou pela emoção que qualquer tutor ou pai de pet sentirá ao assisti-lo.

Com uma premissa que tem se tornado mais comum — como em Robô Selvagem (2024) e Stray (2022) —, o filme apresenta um mundo onde os animais não coabitam com os seres humanos, seja por estarem em um local isolado ou pela extinção da raça humana. No entanto, o principal foco de Flow não é mostrar como os animais vivem após o desaparecimento dos humanos, mas sim contar uma história sobre superar medos, buscar salvação e criar laços.

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E é justamente nesse ponto que Flow se destaca como uma excelente história, com uma narrativa ao mesmo tempo complexa e repleta de nuances que não são entregues de forma fácil ao espectador. Além disso, a maneira como a trama é construída permite diferentes interpretações ao longo do enredo, incluindo reflexões sobre qual é, de fato, o objetivo final da história.

Flow traz uma história ousada que não necessita de diálogos e mesmo assim consegue impactar

A ousadia de Flow está em trazer uma história tão complexa sem se fazer valer do uso de falas para explica-la

Em um primeiro momento, o filme apresenta um desafio evidente: a ausência de diálogos. Flow se propõe a contar sua história exclusivamente por meio dos sons emitidos pelos próprios animais. Embora essa escolha possa parecer um obstáculo para alguns espectadores, a narrativa compensa amplamente a falta de palavras.

A decisão do diretor letão Gints Zilbalodis não é novidade em suas animações anteriores, e Flow é o exemplo perfeito de como ele consegue transmitir tanto sem recorrer a um único diálogo ao longo de quase uma hora e meia de filme. Apesar de os animais não serem humanizados com falas longas que facilitariam a exposição da trama, a história de Flow é contada de forma clara, ao mesmo tempo em que deixa espaço para teorias e interpretações, sem qualquer prejuízo à compreensão.

Confira abaixo o trailer de Flow.

Lindo, bonito, maravilhoso… Nenhum desses adjetivos é o suficiente para descrever Flow

Flow
Flow se tornar um filme intimista e contemplativo com sua escolha de narrativa

Outro ponto essencial para a experiência de assistir Flow é o primor estético e o design do filme. Em primeiro lugar, a animação foge do ultrarrealismo e adota uma estilização que remete, até certo ponto, a animações como Aranhaverso. Em segundo lugar, os efeitos visuais, especialmente aqueles que costumam ser desafiadores de traduzir para a animação — como a água —, são trabalhados de forma impressionante. Tudo isso contribui para tornar o mundo de Flow tão palpável e real para o espectador que parece que estamos imersos nele ao lado dos personagens.

Mesmo nas cenas mais psicodélicas, como a sequência do Gato e da Ave-secretário em meio à tempestade ou a cena da pesca do Gato, é possível perceber a preocupação da produção em manter as cores vivas, mesmo nos momentos mais sombrios. Além disso, o filme consegue equilibrar essa abordagem visual sem se perder em um surrealismo exagerado que poderia dificultar sua compreensão.

Os amigos que fazemos pelo caminho…

Flow
Flow mostra como as nossas diferenças se completam quando temos o mesmo objetivo

Talvez o principal tema abordado por Flow seja como as diferenças nos tornam mais fortes quando estamos em grupo. Acompanhamos o Gato desde o início como uma criatura solitária e cheia de medos, mas, ao ser forçado a mudar de ambiente, ele precisa aprender a viver em uma pequena sociedade à deriva. Esse processo o leva a superar seus medos para sobreviver em um cenário hostil.

É nesse contexto que percebemos como cada integrante do grupo desempenha um papel essencial, seja nos momentos de lazer ou nos desafios da sobrevivência. Tudo isso contribui para um filme que aborda diversas questões, mas cujo cerne está na importância do outro, especialmente nos momentos de maior desamparo.

Considerações finais

Flow é mais do que apenas um filme bonito, ele também é uma mostra de como até os seres mais “primitivos” também buscam salvação

Podemos dizer que Flow se sustenta em diversos pilares narrativos, como amizade, sobrevivência e a busca por salvação. Todos esses elementos se complementam harmoniosamente para construir a história que Zilbalodis deseja contar ao público, resultando em uma obra tão bela que chega a tirar o fôlego.

Além disso, Flow se destaca pela maneira como transita entre múltiplos temas, permitindo diferentes interpretações a depender da perspectiva de cada espectador. Dessa forma, o filme reforça a ideia de que uma história bem contada não precisa de uma única linha de diálogo para ser plenamente compreendida ao longo de seus 85 minutos de duração.

Por isso, se você ainda está em dúvida sobre assistir Flow e se o filme realmente vale o seu ingresso, posso garantir que a resposta é sim. Sem dúvida, Flow merece sua atenção e deve ser apreciado por quem busca uma experiência cinematográfica única e envolvente.

Flow

Flow (2024)

Diretor: Gints Zilbalodis.

Roteiro: Gints Zilbalodis, Matiss Kaza e Ron Dyes.

Onde Assistir: Cinemas.

Nota: 5.0/5.0

Avaliação: 5 de 5.

Mas e você, o que achou de Flow? Conte para a gente nos comentários.

Max Rohrer
Redator do Quarto Nerd. Sou apenas um projeto de fã de Star Wars e Sons of anarchy, que gosta de escrever de vez em quando e gosta de teorizar sobre a Marvel e DC.