‘Eu Me Importo’|filme traz humor ácido dentro de uma história pessimista

Filme é mais um original da Netflix.

Eu Me Importo é estrelado por Rosamund Pike. O filme mistura humor e crime numa narrativa e estética popular e bastante usada em produções americanas. Dirigido por J Blakeson, o longa tem cortes ágeis e com bastante ação. Talvez não se tornasse tão popular caso fosse estreado no cinema. Mas numa plataforma grande de streaming como a Netflix, tem tudo para ser um sucesso.

A história do filme se baseia em Marla Grayson (Rosamund Pike), uma curadora profissional, que comanda uma escritório próprio para administrar interesses de idosos que, segundo laudos médicos suspeitos, foram muitas vezes interditados pela polícia. Nesse trabalho ela vê uma oportunidade de construir uma vida estável financeiramente. Mas, o que muitos não sabem, é que por trás de sua carreira, a cuidadora tem uma grande esquema de corrupção que envolve casas de repouso, médios e clínicas.

O enredo tem uma reviravolta quando Grayson encontra Jennifer, uma senhora com demência em estágio inicial e sem herdeiros, o que parecia ser uma vítima ideal! O que ela não esperava é que essa idosa guardava um segredo perigoso: ela tinha ligação com a máfia russa comandada por um homem que não era mais ninguém menos que Peter Dinklage. Consequentemente, Marla se torna alvo dos mafiosos.

A construção da protagonista torna o longa bastante atraente. Apesar de não ser a vítima boazinha convencional, o público não quer vê-la se dando mal nas mãos da máfia. Ela é uma figura que transita por vários lugares com objetivos específicos e aos poucos é possível entender como ela chegou até esse lugar e o que a levou a criar esse negócio.

Eu Me Importo tem algumas reviravoltas pontuais. É uma mistura de comédia, crime e thriller com uma dose exagerada de absurdos incomuns que acontecem e deboches. Mas, mesmo assim, o roteiro é bastante certeiro, onde não se aprofunda em muitos assuntos além de Marla Grayson, mas também não deixa pontas soltas e nem abordagens repetitivas.

Apesar da estética colorida em tom de humor e toda essa impressão que o filme passa, a história é pessimista com uma pitada de realista. Isso porque não há pessoas corretas. Existem níveis de erros, mas cada um dos personagens fazem parte de algum esquema que é moralmente errado. O que se aproxima da vida real. Apesar das pessoas tentarem ser o mais corretas possíveis, não existe alguém perfeito que não comete erros por mais pequenos que sejam dentro de uma sociedade.

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Além disso, deve-se dar destaque para a atuação de Rosamund Pike que brilhou com o seu humor ácido. A produção tem como um dos objetivos mostrar as narrativas de anti-heróis que saem da zona de conforto em busca de ação. O sucesso de Pike foi tanto que ela foi indicada ao prêmio de melhor atriz de comédia ou musical no Globo de Ouro 2021.

Eu Me Importo tem toda essa mistura de ação e humor dentro de uma estética padrão de filmes. Não é um longa que te faz refletir sobre a vida, mas é ideal para se reunir com a família e se divertir um pouco.

Título: Eu Me Importo
Direção: J Blakeson
Elenco: Rosamund Pike, Eiza González, Peter Dinklage, Dianne Wiest

Nota: 3.5/5

Ludimila Villalba