O jornalista Valmir Moratelli reuniu relatos de pessoas da comunidade LGBTQIAPN+, em seu novo livro Armários Abertos onde abriu espaço para uma conversa sobre aceitação e pertencimento.
Há quem diga que rótulos nos limitam, mas esses são de uma maneira geral uma forma de pertencimento. Quando se trata da sexualidade, que é algo que vem despertando conflitos internos entre os jovens por várias gerações, esses rótulos tornam-se completamente necessários e indispensáveis para estimular o autoconhecimento.
O escritor nos contou um pouco sobre o processo de criação do livro, as reviravoltas que o projeto teve e o propósito de seu trabalho. Confira abaixo:
QN -Como surgiu a ideia de fazer esse livro com tantos depoimentos que abordam temas, que infelizmente, até hoje são tão delicados para uma parte da população brasileira?
Valmir Moratelli: Quando terminei de filmar meu primeiro longa,“30 Dias – um carnaval entre a alegria e a desilusão”, em março de 2019, pensei num projeto que abordasse a questão da sexualidade, tema tabu no país e que pesquisei no mestrado. É no mínimo curioso pensar que o país conhecido pela sensualidade de suas músicas, não gosta de debater sobre sexo abertamente. Levei a ideia a um amigo produtor, e começamos a filmar depoimentos de diversas pessoas que se classificam com cada letra da sigla LGBTQIAPN+.
QN- Com a pandemia tivemos diversas obras em todo o mundo sendo adiadas ou até mesmo canceladas, como foi pra você que já estava nos planos de fazer um filme com essa abordagem ter seus planos virados de ponta cabeça e mudar a mídia por onde a obra original vai ser distribuída?
Valmir Moratelli: Foi uma brusca mudança de planos! A ideia inicial era fazer um filme sim, mas a pandemia parou tudo. Pensar no livro foi uma forma de dar prosseguimento ao projeto, que pretende combater todo tipo de preconceito. Por acreditar na importância de “Armários abertos”, e na necessidade de levar adiante essas histórias, a ideia do livro veio a calhar. A editora Autografia embarcou no projeto de forma a ajudar a concretizar esse “diálogo”.
QN- Essa geração por mais que seja a mais conectada com os assuntos e mudança do mundo ainda precisa lidar com o impacto com a geração passada que ainda enfrenta muitos tabus, logo, o caminho de auto conhecimento pode se tornar muito solitário. Você acredita que o livro pode vir a ser um refúgio e um caminho para esses jovens que estão passando por isso? Qual o papel do seu livro nessa narrativa?
Valmir Moratelli: Sem dúvidas, a proposta é essa, ser um diálogo sobre a aceitação do outro. A sociedade precisa encarar a normalização da vida ampla e diversa, indo muito além da heteronormatividade. A conscientização através de campanhas promovidas por órgãos públicos deveria ser um bom começo… Mas as empresas privadas também devem fazer sua parte, pensar na diversidade de suas equipes e promover diálogos de aceitação. Além disso, todos nós devemos ter um pacto, em casa, na família, nas escolas, para combater todo tipo de preconceito. É uma vigilância permanente pelo bem social, pelo bem de todos.
QN – Além de seu livro que foi lançado dia 08, tem mais algum projeto seu ou que você esteja participando que está em andamento atualmente ?
Valmir Moratelli: Estou trabalhando num filme ousadíssimo para o momento. Ao longo da pandemia, colhemos depoimentos de idosos, o chamado “grupo de risco” da covid-19 para falarem de suas experiencias com a vida. É um filme delicado, sensível, mas muito forte, um outro olhar para a velhice sempre invisibilizada no país. O filme está em fase de pós-produção. E como não está havendo leis de incentivo ao audiovisual no país, contamos com a colaboração dos amigos na divulgação. Tem mais informações sobre como todos podem ajudar aqui.
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Tá esperando o que para colocar Armários Abertos na sua lista de leitura?
Você já conhecia o trabalho de Valmir Moratelli? Conta pra gente a sua opinião sobre projetos com temática LGBTQIA+ em nosso país.