Entenda porque A Era do Gelo é uma história sobre auto conhecimento

Entenda porque A Era do Gelo é uma história sobre auto conhecimento

Hoje é dia 22 de março de 2021. E a 19 anos atrás, A Era do Gelo (Ice Age, 2002) chegava às telinhas do cinema brasileiro. E por mais que tenha feito muitas crianças felizes, e gerado cinco filmes para continuar contando a história de Manny e sua turma, A Era do Gelo tem uma mensagem muito mais especial por trás de todas as grandes aventuras.

Para você que não lembra da história, o primeiro filme é quando os personagens de Manny, Sid e Diego se conhecem. Manny é um dos poucos mamutes que restam da espécie, enquanto Sid acredita estar na mesma situação que seu novo amigo. Já Diego faz parte de um bando de tigres, que se mostram como bichos ferozes atrás dos humanos que por ali vivem, no gelo. E claro, o encontro desses personagens se dá de uma forma engraçada e divertida, até porque é um filme para crianças. 

Mas, a mensagem por trás de toda essa história é muito mais profunda e mágica. Se você parar para analisar, logo no primeiro filme, conhecemos um Manny rabugento, que gosta de ficar sozinho e viver seus últimos dias em paz. Sid já se mostra uma preguiça com muita energia, e bem falante. E Diego, um personagem um pouco perdido e confuso, já que ele acaba se tornando um tigre não tão bravo e caçador como é a promessa do bando. Como toda obra do destino, a vida dos três precisou se cruzar para cada um entender e reconhecer o lado ‘humano’. E o amor que existe dentro de cada um deles. 

A história

A história se passa a cerca de 200 mil anos atrás, quando o planeta se encontrava na era do gelo. E em um momento em que todos estavam correndo para a direção oposta do derretimento do gelo, todos com a intenção de sobreviver, a vida do Manny e do Sid se cruzam pela primeira vez. E claro, a amargura de Manny é bastante retratada, já que o mamute tenta seguir sua viagem em paz, como sempre acreditou precisar estar. Mas claro, assim como qualquer outro mamífero, é impossível viver em sociedade sozinho. Já Sid, que se mostra muito perdido no começo de toda a história, encontra em Manny alguém que nem o mamute acredita ser. Uma pessoa boa e companheira, e um amigo para todas as horas. 

Diego aparece em um momento do filme em que o bando de tigres pretende roubar os humanos que por ali vivem, já que são animais predadores e todos estão ali para sobreviver aos tempos sombrios que estão por chegar. E por mais que no começo da história, nós acreditamos que ele é um animal predador e do mal. Mas, ele acaba se descobrindo muito gentil e amoroso. E tudo isso aflora ainda mais quando os três juntos acabam entrando em uma missão, mesmo que seja sem querer. 

Quando a tribo de seres humanos percebem que estão correndo perigo, no grande desespero, eles saem a procura de outro lugar para ficar. E como a missão dos tigres é roubar o bebê, a gangue se encontra em vantagem quando a família deixa para trás a criança. E é justamente nessa hora que a vida de Manny e Sid cruzam com Diego.

O verdadeiro sentimento do amor

Em um primeiro momento, Diego ainda segue as ordens do seu chefe, que finge uma aproximação amigável para que ele consiga roubar o bebê. Mas, Sid faz de tudo para manter a criança viva e saudável, mostrando que a sua espécie é claramente uma bem família, onde desde pequenos aprendem a cuidar uns dos outros. E é nesse momento em que a gente vai conhecendo um lado mais amoroso de Manny. Que por mais que ainda prefira a solidão, deixa os seus instintos de predador também aflorarem na proteção da criança. E, quando Diego começa a enxergar a beleza e a pureza da criança, as suas ideias também mudam. A intenção de seguirem juntos a viagem para devolver a criança aos pais é uma ideia que cria um laço entre os três, e aquele mamute arrogante que a gente conheceu no começo da história mostra um lado mais afetivo.

E é quando a gente percebe que na verdade, toda essa amargura nasce quando ele acredita estar sozinho nessa luta pela sobrevivência. Tanto que, nos outros filmes da franquia de A Era do Gelo, a gente percebe que tudo o que o Manny precisava era um amor recíproco. Mas, como o foco deste artigo é o primeiro filme, vamos focar no começo do seu bom coração. Quando Diego, Sid e Manny se encontram na obrigação de cuidar da criança, os três começam a perceber que existe mais além do que sobreviver enquanto o gelo derrete. E é nesse mesmo momento em que cada um dos animais entendem que está tudo bem deixar aflorar o sentimento do amor e do carinho. Que é algo que para Sid faltou, para Manny nunca existiu e para Diego é assustador.

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O autoconhecimento

E claro, às vezes, acontecem coisas no passado das pessoas para ela crescer negando o amor dentro de si. Mas, sem o amor, ninguém consegue viver. Principalmente em sociedade, o que é completamente necessário. E é justamente essa a mensagem que o filme retrata por trás dos personagens criados para fazer as crianças rirem. Claro, esse filme é mais um exemplo de história infantil que faz os adultos refletirem sobre quem eles são. 

E é justamente isso que A Era do Gelo mostra. É uma história de autoconhecimento, em que os personagens vivem situações em que as reflexões internas aparecem. E reflexões essas que ajudam nas mudanças de atitudes para vivermos uma nova e melhor versão de nós. E é claro, tudo bem mudar. Até porque se o Manny nunca tivesse mudado e aceitado que ele precisava de um amor, a construção da sua família nos próximos filmes não faria sentido. E se Diego nunca tivesse aceitado o seu lado sensível, as coisas boas não teriam acontecido.

Por isso que a auto reflexão e o autoconhecimento são ferramentas muito importantes para nós mudarmos e aceitarmos as mudanças à nossa volta. A pandemia trouxe muito disso para todos nós. Rever conceitos e aceitar que as coisas à nossa volta mudam, só nos traz consequências boas. E A Era do Gelo, quando assistido com um olhar mais maduro, nos passa exatamente essa mensagem. A auto aceitação é uma coisa boa, maravilhosa podemos dizer. Por isso, esse filme é muito importante. Já que, desde criança, planta essa sementinha para um fruto que um dia vamos colher. 

Mas e você, o que acha de tudo isso? Nos conte tudo nos comentários!

Camila Scovoli
Redatora do QN. Apaixonada pela cultura pop. Não vivo sem música, clipes e documentários sobre música. Amo conversar sobre as teorias dessa indústria. Alexa, play 5 Seconds of Summer.