A dominação da mídia asiática nos filmes e séries

A geração que cresceu nos cinemas dos anos 90 e 2000, certamente crescia com um cinema de protagonistas caucasianos e de maioria estadunidense, mas a dominação asiática está mudando isso.

O crescimento de diferentes etnias e raças no cinema e na televisão está cada vez maior, principalmente com serviços de streaming distribuindo novas produções pelo mundo todo. A luta ainda não foi ganha, o processo é longo, mas hoje em dia conseguimos nos ver nas telas com mais facilidade e menos estereótipos.

Anos atrás, o cineasta e jornalista indiano Shakhar Kapur, notou que o faturamento de Hollywood estava diminuindo na Ásia, e que os cineastas locais estavam pouco a pouco tomando espaço. Algumas empresas de mídia e distribuição, tais como Sony, Bertelsmann Media Worldwide e Vivendi Universal já exploravam o cinema asiático há algum tempo.

Já empresas como Disney, Fox, Warner Bros. e Sony também já iniciaram seus trabalhos de exportação global e produção doméstica de filmes de várias línguas.

Nos dias de hoje, o conteúdo asiático está mais acessível. Vemos isso pelas crianças, que ao invés de crescerem com os contos de fadas da Disney, conhecem todos os personagens de Pokémon e Dragon Ball.

Transcriação

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A dominação das mídias asiáticas

A transcriação é um termo criado pela Marvel, mas, no mundo da tradução, é conhecida como Localização. A localização é basicamente adaptar um conteúdo online para o país de origem, bem como filmes, séries, games e sites.

Mas, o que a Marvel transcriou não foi apenas um filme. Peter Parker se tornou Pavitr Prabhakar e o Duende Verde, Rakhasa, e o homem-aranha ganhou HQs e filmes no estilo sul-asiático.

Outro exemplo é Batman: Hong Kong, onde a DC Comics lançou uma graphic novel do cavaleiro das trevas com o estilo do desenhista de quadrinhos chinês Tony Wong, junto da tradição do Manhua.

A transcriação também trouxe a vida de The Animatrix, escrito pelas irmãs Wachowski, do mesmo modo que a animação trouxe representatividade em um dos maiores filmes da cultura pop, levou grupos de pessoas a se reunirem em parques no Japão e encenarem cenas com cosplay.

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Hibridismo

Por outro lado, temos o hibridismo, uma forma de resistência à produções ocidentais, onde aceitam o material, mas remodelam e transformam em seu próprio.

Também é visto como uma estratégia corporativa, e é considerado uma posição de força ao invés de marginalidade e vulnerabilidade, ela procurar controlar, não conter o consumo transcultural.

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A dominação das mídias asiáticas

A Marvel também criou em 2002 a série Mangaverso de HQs, reinventando os Vingadores e outros heróis para as tradições japonesas, aqui, Peter é um ninja e Hulk se transforma em um monstro verde.

Além do mundo dos heróis, temos o exemplo do filme O Tigre e o Dragão. O diretor foi Ang Lee, de Taiwan, e foi produzido em solo chinês. Ainda mais, o elenco do filme contou com atores da diáspora chinesa, Zhang Ziyi, Chan Chen, Chow Yun-Fat, assim como Michelle Yeoh.

O filme é definido como “combination platter”, que são pratos de restaurantes chineses nos EUA que misturam uma grande variedade de pratos chineses. A referência foi dada por conta das múltiplas tradições culturais. O roteirista do James Schamus define o filme como:

“Um filme oriental para o público ocidental e, em alguns aspectos, um filme ocidental para o público oriental”

Convergência Corporativa

A convergência corporativa foi movida pelas indústrias midiáticas, os três principais objetivos dentro dessa convergência são:

  • Produções nacionais e regionais
  • Conglomerados multinacionais
  • Distribuidores de nichos

Os exemplos citados acima são exemplos de convergências corporativas entre o ocidente e o oriente. Mais um exemplo é a série Kingdom Hearts da Disney com a empresa japonesa de games SquareSoft, criadores da franquia Final Fantasy.

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A dominação das mídias asiáticas

O game juntou mais de cem personagens dos filmes de animação Disney como animes, além disso, personagens de outras franquias da empresa apareceram.

Convergência Alternativa

A convergência alternativa não necessariamente precisa ser por meio de uma tela. Esse alternativo não é nada mais nada menos que fãs (e conteúdo pirata).

Assim como vimos o exemplo de Matrix e os fãs japoneses reinterpretando cenas com cosplay, os fãs sempre estão continuando algo visto na cultura pop.

As fanfics são um grande exemplo nos dias de hoje, e a dominação asiática também consta nesse nicho. Ao entrar nos aplicativos e plataformas de fanfics, personagens de animes e idols de k-pop dominam as categorias.

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O conteúdo e o público alvo

Uma Noite de Primavera

O conteúdo da dominação asiática é variado e atinge qualquer público interessado em sair da bolha estadunidense, seja feito localmente, hibridamente ou por meio da transcriação. Temos séries de terror como Save Me, Garota de Fora, Sweet Home e Caçadores de Demônio.

Na categoria comédia romântica, não vemos apenas K-dramas, também existem os C-dramas e Thai-Dramas e outras, bem como Minha Juventude, Good Morning Call, Together With Me e Fight For My Way.

Fight for My Way

Ao mesmo tempo, temos os melodramas, aqueles que aquecem o coração e nos fazem sonhar com o príncipe encantado. Nessa categoria, os dramas coreanos são os que mais conquistam o coração, e a Netflix já percebeu e está cheia deles, afinal, ela é uma das maiores distribuidoras de conteúdo asiático.

No catálogo temos Something in the Rain, Run On, Uma Noite de Primavera, Romance is a Bonus Book e Tomorrow With You.

Extracurricular

Se você gosta de ação Alice in Borderland, Private Lifes, Extracurricular, Dynasty Warriors e Bleach para a lista. Já para os amantes de drama, é o que você mais pode encontrar não apenas na Netflix, mas também no Youtube e no Viki. Se você curte sci-fi, Seo Bok e Space Sweepers. Suspense? V.I.P. e The Witch, e assim vai.

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As produções não ganham apenas reconhecimento e espaço nos streamings, os filmes Minari, Parasita e a diretora Chloé Zao estão aí para provar. Enquanto as produções entram nas casas das pessoas do mundo inteiro, as bancadas e diretores de grandes premiações também acompanham essas produções, e vendo seu incrível potencial.

Conclusão

A prova dessa dominação mundial é Vincenzo, um K-drama, na lista das 10 séries mais assistidas do mundo e a constância de produções asiáticas no Top 10 da Netflix, como o anime Demon Slayer e o drama Loucos um pelo outro. Sem contar o aumento de asiáticos como protagonistas em séries americanas, como Eu Nunca.

A magia de todos eles não é apenas o enredo, os atores e os plots twists contínuos. Mas também as histórias profundas, delicadas e bem-contadas por trás de cada personagem. A Ásia definitivamente sabe entregar o pacote completo.

Seja por meio de games, dramas, séries, filmes ou reality shows, algum lugar da Ásia vai te conquistar com sua cultura e histórias. Isso sem contar as músicas, mas isso fica para matéria.

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Isabela Caroline
Tradutora e redatora d' O Quarto Nerd. Viciada em música, clipes, séries, teorias, entrevistas e tudo que seja um escape da realidade. Currently listening to any pop songs.