Diferenças entre produções racistas e produções que falam sobre o racismo

racismo

2020 está sendo um ano que trará confusões para os alunos que estudarão história no futuro. Apesar de estarmos em uma pandemia do covid-19, as atrocidades não deixam de acontecer. No Brasil, o jovem João Vitor de 14 anos foi brutalmente assassinado por policiais em sua própria casa. Enquanto nos EUA George Floyd, segurança de 46 anos, pai de família foi brutalmente assassinado por um policial que colocou seu joelho em seu pescoço, e por 9 minutos, Floyd disse que não conseguia respirar. Não é de hoje que vidas pretas vem sendo tiradas, nomes como: Breonna Taylor, Michael Brown, João Vitor, João Pedro, Miguel e Marielle Franco são um exemplo disso.

O movimento ativista Black Lives Matter surgiu em 2014, após a morte de Eric Garner, que foi assassinado com um mata leão por um policial. Assim como Floyd, Garner dizia por diversas vezes não conseguir respirar. Após a morte de Floyd, muitas pessoas, de todo o mundo, se juntaram à causa, assim, dando voz para aqueles que precisam ser ouvidos. Mas, não é só nos EUA que essas tragédias acontecem, ou apenas lá que os protestos estão acontecendo. Países como Inglaterra, Japão, Brasil, França e outros, estão à dias lutando por justiça.

Confira também:

Desde então, muitos sites começaram a fazer listas sobre filmes e séries que mostram a realidade da comunidade preta – nós mesmos fizemos uma, confira acima. Mas, Hollywood nunca foi justa, e existe uma diferença enorme entre as produções racistas e as que falam sobre o racismo. Principalmente na década de 70, atores pretos só faziam parte de filmes para papéis de escravos ou prisioneiros, isso quando não eram apenas um único cidadão em um filme rodeado de gente branca. Não tem como falar disso sem mencionar a sátira”Não é Outro Besteirol Americano“, quando dois jovens pretos se encontram em uma festa e um deles diz ‘era pra eu ser o único preto aqui‘, sendo uma crítica direta ao sistema de cota usado em Hollywood.

Com isso fizemos uma lista de produções hollydianas racistas e as diferenças entre as produções que falam sobre o racismo. Confira:

Corra (2017) – Jordan Peele

Corra! - Filme 2017 - Diferenças entre produções racistas e produções que falam do racismo
Divulgação: Corra (2017) – Jordan Peele

Não tem como começar a lista sem falar do filme de Jordan Peele, Corra. O filme de 2017, é uma das obras mais aclamadas do ano, e ainda mostra uma sociedade onde todos induzem homens e mulheres pretas para usar, assim como era feito com os escravos.

Sinopse: Chris (Daniel Kaluuya) é jovem preto que está prestes a conhecer a família de sua namorada caucasiana Rose (Allison Williams). A princípio, ele acredita que o comportamento excessivamente amoroso por parte da família dela é uma tentativa de lidar com o relacionamento de Rose com um rapaz preto, mas, com o tempo, Chris percebe que a família esconde algo muito mais perturbador.

Mandingo – O Fruto da Vingança

Mandingo - 1975 - Diferenças entre produções racistas e produções que falam do racismo

Igual Corra!, a trama de 75 tenta trazer dois casais inter-raciais como protagonistas da história, o problema é que a trama se passa entre a guerra civil, e o casal de brancos seduz dois escravos por conta de suas brigas. Porém, enquanto o homem branco seduz a escrava após descobrir que sua esposa não é mais virgem e a abandona, ela faz o mesmo: seduz o escravo Mandingo e o usa. No final – infelizmente – a esposa afirma ter sido estrupada por Mandingo, que é preso, torturado e enforcado por “seu crime”. O filme fortalece o racismo da época, não com a intensão de mostrar a crueldade, e sim só os vê como criminosos e escravo sexual. Além de achar – com seu pequeno pensamento – que pessoas pretas devem apenas ficar com pretos.

Histórias Cruzadas – 2012

Help - Diferenças entre produções racistas e produções que falam do racismo

Muitos filmes tentam retratar a vida de pretos e muitos falham. Principalmente produções antigas, aonde Hollywood inflamava com seu ego inflável. É necessário entender a história que você está tentando contar sem diminuí-lá ou camufla-la. Histórias Cruzadas de Tate Taylor sabe se situar muito bem sobre mulheres pretas que trabalham para famílias de brancos. Vale lembrar que o filme foi indicado em quatro categorias ao Oscar e levou para casa uma estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante por Octavia Spencer.

Confira a Sinopse: No Mississipi dos anos 60, uma jornalista (Emma Stone) escreve um livro contando as histórias de mulheres pretas como Aibileen (Viola Davis) e Minny (Octavia Spencer) e outras, que trabalham nos lares das famílias ricas, expondo como elas sofrem preconceitos ao mesmo tempo em que amam as crianças das quais cuidam.

E o Vento Levou – 1939

E o Vento Levou - Filme 1939 -

Como esquecer o filme “E o Vento Levou” de 1939? O filme mascarado pelo romance de Rett Butler (Clark Gable) e Scarlett O’Hara (Vivien Leigh) conta o racismo da história dos confederados durante a Guerra Civil, que apenas queriam manter seu ‘estilo de vida’ a.k.a escravos. Mas, a vida de Scarlett vira de ponta cabeça quando o presidente Lincoln liberta os escravos.

Confira Sinopse: Scarlett O’Hara é uma jovem mimada que consegue tudo o que quer. No entanto, algo falta em sua vida: o amor de Ashley Wilkes, um nobre sulista que deve se casar com a sua prima Melanie. Tudo muda quando a Guerra Civil americana “explode” e Scarlett precisa lutar para sobreviver e manter a fazenda da família.

Ou seria seus escravos, já que a pobre donzela racista é incapaz de fazer qualquer coisa sozinha? Ah! Vale lembrar que o filme ganhou inacreditáveis 10 Oscars.

Infiltrado na Klan

Infiltrado na Klan - Diferenças entre produções racistas e produções que falam do racismo

Novamente, vamos trazer dois exemplos de como tratar um grupo. Nesse caso, além de falar da Guerra Civil, ambos os filmes trarão à tona detalhes sobre a Ku Klux Klan. A visão entre os olhos racistas e aquele que quer desmascarar o ódio. O filme de Spike Lee é o melhor exemplo principalmente para aqueles que querem entender sobre a Ku Klux Klan sem efeito sobre. Vale lembrar que o filme foi vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado.

Sinopse: Em 1978, o policial negro Ron Stallworth (John David Washington) consegue, de forma inusitada, se infiltrar na Ku Klux Klan. Seu parceiro Flip (Adam Driver), um policial branco e judeu, se passa por Ron nas reuniões presenciais para que a dupla possa investigar e pôr fim à organização racista.

O Nascimento de Uma Nação

A obra de 1915 de D. W. Griffith traz, sem sombras de dúvidas, um dos roteiros mais conturbados e cheios de racismo desta lista. O filme é uma explícita acusação aos pretos dizendo que, tudo que aconteceu aos brancos durante a Guerra Civil, é culpa deles. Além de ser retratados como ‘porcos’ e bêbados durante todo o filme. Griffith conseguiu surpreender ao apresentar um grupo de encapuçados maltratando/espancando um preto por um delito. O filme traz uma visão – falsa – e morna do grupo Ku Klux Klan que teve seu ressurgimento no ano seguinte em 1916.

Sinopse: Dois irmãos da família Stoneman visitam os Cameron em Piedmont, Carolina do Sul. Esta amizade é afetada com a Guerra Civil, pois os Cameron se alistam no exército Confederado enquanto os Stoneman se unem às forças da União.

Confira também:

Marta Fresneda
Líder do site de entretenimento O Quarto Nerd. Apaixonada por cultura pop, com objetivo de influenciar e incentivar mulheres na área de comunicação voltado ao mundo nerd.