Hoje (12) é o Dia Nacional da Leitura, e apesar da baixa de consumo de livros no Brasil, a realidade pode ser outra. Tudo isso, por causa da mídia.
Uma dessas pontes são as fanfictions, conhecidas há certo tempo e um dos fatores influenciadores da geração jovem-adulta atual. Atualmente, um novo meio de leitura está ficando cada vez mais conhecido, as AUs, lidas pelo Twitter.
Ambos são transmídias, uma forma de mistura de mídia e leitura, outro exemplo são os Pov’s do TikTok. Para começar, vamos esclarecer ambas plataformas e formas de leitura abaixo:
Fanfiction
As famosas Fanfics existem a mais tempo que muitos imaginam. Durante os anos 60, a série Star Trek (1966-1969) alcançava pessoas de vários lugares e idades.
Os episódios fizeram tanto sucesso no meio geek que os fãs se juntavam para fazerem cosplay e escreverem outras continuações e linha dos personagens. Algumas ficaram tão famosas que chegaram a virar roteiro de episódios.
Desde então, podemos encontrar as histórias escritas por fãs dos mais diferentes gêneros e artistas. Atualmente, a plataforma mais conhecida é o Wattpad, lá você encontra histórias desde conteúdo asiático, assim como Naruto, BTS, Noku no Hero e K-dramas, até desenhos, como Miraculous: Ladybug.
Além disso, você facilmente encontra realidades alternativas de livros como A Seleção, Corte de Espinhos e Rosas e Harry Potter, ou de séries, assim como Bridgerton, Stranger Things e Elite.
Confira algumas fanfictions aqui.
AUs
Por outro lado, temos as AUs, sigla para Alternative Universe, universo alternativo em tradução livre. Já existia como um gênero de fanfics, mas agora você pode encontrá-las no Twitter. Por mais que a intenção seja a mesma, histórias escritas de fãs para fãs, os formatos de postagem são diferentes.
Ainda mais, por termos recursos no Twitter como publicação de links, imagens, vídeos, GIFs e até mesmo áudios.
As AUs são publicadas em forma de thread, tweets que são postados seguidamente e compartilhados por meio de um único link.
Assim como as fanfics, é possível encontrar histórias dos mais diversos gêneros e famosos, bem como Now United, K-pop, personagens Disney e da antiga One Direction.
Para encontrar histórias de sua preferência, procura por “au + nome do shipp” ou artista no search do Twitter.
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A cultura da convergência
A palavra convergência significa “direção para um ponto comum”, no mundo digital. Mas, essa cultura pode significar transformações culturais, sociais e tecnológicas.
E a mídia é a principal ponte para essas transformações e convergência, e um dos principais públicos são os fãs.
Podemos dizer que os fatores que dão resultado à essa convergência são vários, mas um deles é como pessoas engajadas nos mesmos conteúdos e interesses observam, leem, acompanham e compartilham um personagem e uma história, desde o primeiro dia de postagem, até o fechamento dela.
É quase uma maneira colaborativa de montar uma história.
Henry Jenkins, (Cultura da Convergência, pág 194) profissional da área de transmídia comenta sobre o crescimento de produções amadoras criadas por fãs:
“Uma parte do que os amadores criam será surpreendentemente boa, e os melhores artistas serão recrutados para o entretenimento comercial ou para o mundo da arte. Uma parte maior dessas criações será boa o suficiente para atrair o interesse de um público modesto, para inspirar a criação de outros artistas, ou para fornecer novos conteúdos que, quando refinados por muitas mãos, talvez se transformem em algo mais valioso no futuro.”
E podemos afirmar, que esse futuro chegou. Pois e ssa convergência já teve resultados incríveis, bem como fanfics virarem livros para então, se tornarem filmes de grande bilheteria.
Um exemplo pouco conhecido de fanfic para livro para então filme é Instrumentos Mortais: Cidades dos Ossos.
Uma forma alternativa de leitura
Com o pouco incentivo à leitura. livros cada vez mais caros e a dificuldade em achar uma editora para publicar seus livros, escritores e leitores encontraram um plano B.
Em 2020, o preço médios dos livros chegou a R$ 29,48, sem levar em conta o fato de estarmos em meio a uma pandemia onde necessitávamos de frete. Por outro lado, temos um salário mínimo de R$ 1,1 mil com contas tendo aumento por irresponsabilidade do governo, uma compra simples no mercado chegar a R$ 350,00 e outros custos básicos.
O livro fica fora da lista de compras mensal, e se torna um evento a ser realizado. O famoso guardar dinheiro para comprar o livro que eu quero. Isso não é acessibilidade.
Além disso, temos outros dois fatores, a interatividade e a empatia.
Ao ler AUs e fanfics, histórias reais na imagem de seus ídolos são compartilhadas. Com referências, citações, memes, piadas internas, músicas, séries, filmes e qualquer outra coisa que fizer parte do processo criativo, o escritor conquista seu público.
São histórias verossímeis de pessoas com vivências e idades similares. Isso gera identificação e empatia, somando à imagem do ídolo, e então incentiva a leitura.
Também temos meios como links, vídeos, imagens e conversas interativas. Para uma geração visual, essa é uma leitura agradável.
Afinal, é um escape divertido para o leitor e um meio de realização de um sonho para o escritor.
Fonte: SILVA, Isabela Caroline. Leitura e produção: ações integradas – um exame das produções de Alternative Universe e FanFiction. 2021
