Após duas décadas, o ator Chris Evans retorna à televisão. Dessa vez não só como ator, mas também como produtor executivo na série da Apple TV+, Defending Jacob. Sua premissa traz potencial, promete e até prende, porém, a série se perde, da um pequena reviravolta, mas volta totalmente fora da curva. Com seus tons escuros e frios, Defending Jacob traz o melhor em seus pequenos momentos de atuação, nada muito surpreendente, mas seu ponto forte está em sua trilha sonora e edição de som, que consegue fortalecer as emoções de seus personagens, mesmo quando os atores não conseguem à expressar muito bem.
Atenção, o texto pode conter spoilers
O grande problema dessa série é não acertar o tom de seriedade e peso emocional que tal caso tem. Os atores são entregues à personagens vazios sem grandes premissas, é difícil encontrar momentos em que podemos realmente ver a atuação deles. É como se os mesmos estivessem presos no mesmo dialogo prolongado, se afundando nas mesmas expressões. E é frustrante ver que o elenco com tanto potencial se perde, e deixa que o ator Chris Evans, que aqui interpreta o pai, tenha alguns poucos surtos durante o seriado. Uma série sobre um caso que quase destruiu uma família, mas sem nenhuma cena emocionante.
Mas, em um cenário em que seu filho, Jacob Barber (Jaeden Martell) está sendo acusado de assassinado é esperado que o filho tenha um papel a desenvolver. Porém, a série acaba focando no personagem de Evans, deixando não só o filho – que poderia trazer o grande peso pra história – mas também a mãe (Michelle Dockery), que poderia ter sido desenvolvida melhor. Ambos são jogados de lado, como se fossem coadjuvantes de sua própria história.
Defending Jacob | Chris Evans fará de tudo para defender seu filho acusado de assassinato
Talvez, tal decisão de dar mais palco e mostrar o pai desesperado como principal, seja pelo grande nome que Evans construiu nos cinemas nos últimos anos. Apesar do ator entregar à seu personagem o seu melhor, tal escolha ofusca os outros personagens, principalmente Jacob. Quando a Apple TV lançou seu primeiro teaser da série, a voz de Jacob jurando à seus pais que não assassinou o jovem Ben, é dada como central, mas o mesmo não segue na série, o personagem é mais usado em segundo plano.
Quando um estúdio cria uma série de suspense sobre um assassinato, a escolhas a serem feitas, 1- deixar pistas sobre o assassinato durante, ou 2 – revelar quem é o criminoso logo de cara. Porém, a série não segue nenhum dos caminhos, é como se o roteirista estivesse tentando decidir qual caminho deveria seguir. Então, a trama se desenvolve como pode, deixando pequenas migalhas pelo caminho, dá uma pequena reviravolta, se perde e finaliza. Assim, deixando o telespectador com um grande ponto de interrogação na cabeça, querendo saber se tal decisão é para trazer uma segunda temporada, mas para um caso encerrado…?
A Trama
A todo momento o Andy Barber reclama que os investigadores nunca olharam em outras direções sobre o assassinato, como se tivessem desistido de procurar. A série faz o mesmo, não sabe se aproveitar das possibilidades que tem e o roteiro não sabe como desenvolver seus personagens. Dessa forma, a série se estende por minutos e minutos desesperados por uma atenção forçada, quando no final já sabemos como aquele ato termina. Seus 8 episódios de quase 1 hora, as vezes se estendendo a mais, torna sua história maçante, é mais fácil desistir do que ser continuada.
Em um dos episódios, a advogada da família entrevista Jacob, como a polícia fará, e derruba muitas perguntas para o menino – perguntas que os telespectadores se fazem durante – e diz ao mesmo que sua história tem furos. E novamente, o mesmo pode se dizer de sua trama, que faz mistério, e não responde nenhuma das questões que deixa em aberto. É inacreditável como essas similaridades acontecem, como se estivessem tentando avisar que: ‘se você está aqui por respostas, aqui não é o lugar pra você’.
Trilha Sonora, Edição de Som e Atuações
É necessário que o termo seja citado, já que em um suspense a sua trilha sonora é o grande efeito especial usado para enfatizar algo. Em Defending Jacob, sua edição de som e um plus de sua trilha sonora são capazes de trazer todas as dores, expressões e enfatizam o medo, quando nem mesmo os atores conseguem. E aí está o problema, se inicialmente os personagens ganhassem o espaço que deveriam, talvez os atores conseguissem entendê-los melhor, e os representar melhor.
O mais frustrante está em Jacob, Jaeden Martell está familiarizado com o tema, sabemos que essa premissa traria potencial se somado aos talentos do ator, mas ele é tratado como coadjuvante, e suas cenas são poucas para que o telespectador possa o conhecer bem, e decidir se irá ou não ficar a seu lado. Sem dúvidas, o papel da mãe seria de longe a personagem mais difícil a ser desenvolvido. Apesar de mostrar qual caminho ela tomará, Michelle Dockery se perde e claramente não acerta o ponto emocional da mãe que tem sua família destruída. São poucos os momentos que a câmera foca no rosto da atriz, que apresenta o semblante perdido o tempo todo, mas quando ela chora, seu rosto é coberto por algo, e só podemos ouvir o som do que deveria ser um choro desesperado.
Sua finalização
Claramente, o foco em Evans é proposital para vender a série, mas isso acaba sendo uma facada nos personagens que ficam de lado. Dificultando qualquer vínculo que o telespectador possa ter com eles. A série traz uma fotografia promissora, com seus tons frios e trilha sonora quase sem erros. A trama falha em trazer um roteiro interessante e até te faz desejar que fosse mais, com quesitos que já estamos cansados de ver.
No geral, a trama se enrola durante 6 episódios, e corre para tentar finalizar tudo deixou de lado nos episódios anteriores e dar um fim ao julgamento. Mas, mesmo dando um fim ao julgamento, a série começa abrir outros caminhos, deixando mais pontos em aberto. Suas decisões são perdidas, seu elenco é sem dúvidas o maior desperdício, o que antes tinha sido dito que a série que traria a investigação pelos olhos do detetive investigativo, Andy é totalmente comercial, já que nada é investigado a fundo.
Crítica Defending Jacob
Nota: 2/5
Elenco: Chris Evans, Jaeden Martell e Michelle Dockery
Apple TV