David Bowie estaria completando 74 anos se estivesse vivo. Infelizmente o astro nos deixou em 2016, dois dias após o seu aniversário. Apesar disso, Bowie carrega uma legião de fãs até hoje com o seu legado musical incrível.
Uma das grandes características de Bowie foram as encarnações de diversas personas ao logo de sua carreira. O apelido Camaleão do Rock não é por acaso, já que o cantor tinha a capacidade de criar alter egos, mudar radicalmente a aparência e criar uma história incrível por trás de tudo isso.
Major Tom provavelmente é o personagem mais famoso e mais reinterpretado de David Bowie. É um astronauta que vai numa missão sozinho e perde o contato com a Terra.
Nos anos 70, o quinto álbum de estúdio nomeado The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars foi lançado. Esse trabalho de estúdio é considerado o melhor de todos os tempos e, além de ser um projeto de sucesso, o disco também é uma peça de teatro que caracterizou e marcou o famoso glamour rock: bissexualidade, atitude, temas polêmicos, visual andrógeno e forte interação com o público.
O álbum conta a história do alter ego de Bowie, Ziggy Stardust, um rock star que age como um mensageiro de seres extraterrestres. Bowie criou essa persona em Nova Iorque, enquanto promovia o Hunky Dory, e interpretou-o numa turnê pelo Reino Unido, Japão e América do Norte.
Ziggy Stardust era um marciano rockstar enviado até a terra para transformar a mente dos humanos. Com a maquiagem, o visual feminino, cabelo repicado e tingido de laranja avermelhado, Ziggy assumiu a missão na terra de espalhar paz e amor. Porém, durante a história contada ao longo das canções, o alter ego se torna um roqueiro e se perde em meio ao consumo de álcool e drogas, além de assumir uma vida desregrada e promíscua.
Depois de todo mundo se apaixonar por Ziggy Stardust, Bowie matou-o no palco em Londres, apresentando posteriormente a nova persona: Aladdin Sane. Os fãs mundiais do artista assumiram que Aladdin é inspirado no meio irmão de David, Terry, que foi diagnosticado com esquizofrenia, por isso o jogo de palavras em inglês com a pronúncia “A lad insane”, ou seja, “um rapaz insano”. O álbum nomeado com o novo alter ego de David Bowie foi muito mais sinistro, já que ele se baseou no lado obscuro da cultura americana para escrever as músicas.
A encarnação da nova pernona chamada The Thin White Duke veio nos anos difíceis de Bowie. Na época ele lutava contra a dependência de drogas e stress associado ao álbum Station to Station. Esse personagem retrata um homem com problemas que canta canções românticas, mas que é completamente insensível aos sentimentos. Duke tinha cabelo loiro platinado, vestia-se com camisa branca, calças pretas e colete. The Thin White Duke foi dominado como um aristocrata psicopata e zumbi imortal em que fazia declarações fascistas. Depois de um tempo Bowie se desculpou com as drogas pesadas que consumia nessa época. Quando se referia ao projetos desse período, o músico alegava que era “um trabalho de uma pessoa completamente diferente”.
Paralelamente a carreira musical, David Bowie assumiu alguns papéis como ator. De todos, o personagem mais memorável é Jareth, o Goblin King, do filme Labyrinth, de 1986. O look era extremamente anos 80.
Depois de diversos personagens ao longo da carreira, no último álbum lançado Blackstar, em 2016, Bowie mostra quem ele era realmente: David Robert Jones. Nos vídeos, os seus olhos estão tampados com ligaduras, já que o personagem era um profeta cego que previa a própria morte. A estrela negra na capa do vinil contém uma mensagem oculta e transforma-se numa galáxia de estrelas quando é projetada a luz sobre a capa. Foi uma emocionante despedida para os fãs, já que David Bowie morreu apenas alguns dias após o lançamento do disco.
As inspirações de todos esses alter egos sempre foram de forma muito pessoais de acordo com a fase que Bowie passava naquele momento. Além disso, as jogadas de marketing sempre foram de sucesso com todas essas personas. Apenas um gênio do rock é capaz de criar todo esse conceito de ideias e histórias para serem usadas em discos e interpretadas no palco. Sem sombra de dúvidas David Bowie foi um dos maiores idealistas da músicas que, certamente, será lembrado eternamente.
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