Crítica | Warrior Nun – 1ª temporada

Essa semana chegou à plataforma da Netflix a primeira temporada da sua mais nova série de ficção e ação – confira nossa crítica de Warrior Nun:

Inicialmente, a trama não apresentava muito interesse, mas a esperança de que pudesse entregar algo mediano ou até melhor ainda existia, o que não aconteceu. A série se perde facilmente em seu desenvolvimento, e tenta deixar pequenos mistérios durante seu caminho, e claro, coloca pequenas tramas para confundir o telespectador, mas não funciona. Porém, não trazer clareza e constante mudança de seus princípios, acaba tornando a trama em mais uma série sessão da tarde sem pé nem cabeça.

De início, somos apresentados à protagonista, recém chegada dos mortos, Ava (Alba Baptista). Mas ela parece simplesmente ignorar os fatos básicos de sua volta à vida: como aconteceu, como está andando e de onde esses poderes vieram? A personagem pula direto para a diversão e claro romance, não demora muito para que a mesma caia nos braços um jovem forte e bonito. E logo, as perguntas que foram a pouco feitas dão a lugar a outras, a jovem passa a confiar em grupo de criminosos, onde o boy magia faz parte.

Nos primeiros minutos as jovens freiras guerreiras tentam sobreviver a mais uma batalha, enquanto a protagonista aproveita sua vida, elas lidam com o luto. Trazer um grupo de fortes mulheres lutando por um bem maior é algo chamativo e pode servir como inspiração para muitas meninas, mas a trama faz questão de criar intrigas entre elas. Como se mulheres fortes e poderes não pudessem viver no mesmo ambiente (trabalho) sem serem grandes inimigas ou viverem em discordância.

Enredo e Personagens

Warrior Nun crítica
Divulgação: Netflx

A crítica de Warrior Nun, é que a série tenta construir sua história por diversas tramas: o luto, intrigas, a mudança constante de vilão, a igreja e a ciência. E toda essa confusão não chega nem perto da protagonista, que segue sua vida sem preocupações sobre diversas confusões em sua narrativa forçada, literalmente. Quando Ava está com JC – seu par romântico – o uso excessivo da narrativa para expressar os pensamentos da personagem é cansativo, a trama te força a absorver a relação dos dois.

Mas é apenas quando Ava recebe as respostas básicas de seu retorno que ela começa a questionar, seus objetivos na vida. Entretanto, a protagonista não quer se juntar à uma causa, ela quer se divertir com o cara que gosta/acabou de conhecer. Porém, é com a mesma convicção que ele é colocado na vida da protagonista e dada tal importância, o roteiro o corta sem pestanejar.

A série tenta trabalhar as sub-tramas e evolução de todos os seus personagens tudo ao mesmo tempo, mas isso acaba apenas resultando em uma confusão entre o verdadeiro objetivo. O que deveria lá no final ser marcado com uma surpresa, começa bem mas se desenvolve com preguiça, como todos os seus personagens. As motivações de seus personagens, e suas índoles, são fracas, sujeitos à serem facilmente esquecidos, incluindo a protagonista. Suas construções são confusas e fracas, dessa forma é difícil torcer e prezar por eles, a série tenta ganha-los com péssimas frases de efeitos, claro nos momentos errados.

Ação

Warrior Nun Crítica
Divulgação: Netflx

E todos esses fatores influenciam muito em sua guerra, a todo momento as personagens enfrentam diferentes – o que aqui chamaremos de – vilões, dessa forma é facilmente esquecido qual o seu real objetivo. O enredo não sabe desenvolver suas personagens à terem carisma e personalidade. Sendo assim, é difícil torcer por elas, comprar suas brigas, principalmente em suas cenas de ação. Não é como assistir uma emocionante cena de luta onde cada corte de câmera a tensão aumenta, e em poucos momentos as cenas de ação são coordenadas de forma originais, sendo quase sempre lentas e sem identidade.

Não há um momento em que suas lutas sejam emocionantes, a protagonista segue quase sempre fazendo piadas durante seus treinamento e ri o todo tempo, é difícil mencionar bad ass vindo dela. Sua falta de identidade – principalmente em suas batalhas – acaba focando no uso de seus poderes, que se resumem a arremessar pessoas longe e atravessar paredes. Para uma série de freiras guerreiras, suas cenas de lutas raramente coordenadas entre incríveis manobras e rápido (mas bem dirigidos) cortes de câmeras. Grande parte de suas cenas em campo de batalha as freiras estão lutando contra suas irmãs, e novamente o objetivo principal é deixado de lado.

Finalização

Warrior Nun Crítica
Divulgação: Netflx

A Netflix finalmente firmou um padrão em suas séries, conseguindo – grande parte das vezes – se consolidar com poucos episódios de menos de uma hora. Porém, ainda sim é necessário saber o que está trabalhando durante todos esses episódios, mostrar aos público que cada pergunta terá sua resposta, assim como fez com Dark. Mas a série se perde constantemente entre suas mil narrativas e tramas de suas personagens. Não há apelo emotivo para seus personagens, sua construção é fraca e por isso é difícil de comprar suas ideias e escolher um lado.

Seu roteiro é tão preguiçoso que a série começa a trabalhar tudo aos 45 do segundo tempo, como se de última hora o roteirista tivesse tido uma ideia ‘genial’ para seus personagens. A trama tenta deixar pistas durante o desenvolver mas por confusão são facilmente esquecidas, apesar de uma ser bem trabalhada em sua finalização. Porém, ao segundo que a série finalmente começa a trabalhar em sua trama principal, o clichê atinge a série em força e claro já sabemos aonde tudo aquilo vai dar.

Confira também:

Talvez Warrior Nun poderá trazer uma evolução em suas personagens em uma segunda temporada, e esperamos cenas de ação muito melhores. Mas agora, sua finalização assim como toda a sua trama é tão morna e sem pé nem cabeça, deixando toda sua história à desejar. A série tenta lidar com diversos problemas ao decorrer, e muitas das vezes segue o caminho errado para resolve-las. Nem todo grupo de mulheres poderosas tentam se matar a todo momento, o acréscimo de histórias e motivações para as suas personagens será necessário.

É claro que a série encontraria seu jeito de misturar a ganância pelo poder, a igreja e a ciência, e tais fatores poderiam ter sido usados de forma coerentes em sua finalização. Mas é de se imaginar que não foram. Dessa forma eles só estão ali como um rápido pitaco à sociedade, sem nenhuma razão importante para a série, assim como sua diversidade. E é em apenas em seus momentos finais que vemos todas juntas, prontas para lutarem lado a lado, quando o corte mais sem noção encerra a primeira temporada com o momento mais sem noção da história. A finalização da primeira temporada acabou se estendo por segundos a mais do que o devido, conseguindo fazer menos sentido que toda a série.

Warrior Nun
Divulgação: Netflx

Critica Warrior Nun – 1ª temporada
Criador: Simon Barry
Gênero: Ficção Sobrenatural, Drama e Fantasia
Nota: 2/5

Já disponível na Netflix

Marta Fresneda
Líder do site de entretenimento O Quarto Nerd. Apaixonada por cultura pop, com objetivo de influenciar e incentivar mulheres na área de comunicação voltado ao mundo nerd.