Crítica | Uncharted: Fora do Mapa é uma trama comercial e quem decide se isso é bom ou ruim é o público

Crítica | Uncharted: Fora do Mapa é uma trama comercial e quem decide se isso é bom ou ruim é o público

Quando o assunto é adaptação, todos os fãs – seja do que for – tremem ‘na base’. Mas se tem um tipo de fã que tem azar com adaptação, são loucos por games. Quando um estúdio anuncia que está produzindo uma live-action de algum jogo de sucesso sabemos que coisas ruins virão por aí. E talvez, Uncharted: Fora do Mapa traga esse sentimento para muito fãs da saga, para outros não. A verdade é que Uncharted entrega o que promete, uma versão comercial e superficial de um dos maiores jogos de aventura já feito. Então, se estiver procurando uma trama com visual único e cenas de ação de tirar o fôlego, se contente com os jogos, porque é só isso que terá. Mas, se o telespectador não sabe nem o que é Uncharted, nunca ouviu falar de Nathan Drake, essa sessão da tarde, vai agradar.

É difícil explicar a história desse filme quando ela é uma bagunça de outros roteiros. Mas para aqueles que são calouros nas aventuras de Drake (Tom Holland) e Sully (Mark Wahlberg), saiba que estamos falando da maior dupla aventureira de todos os tempos, mesmo no ‘perrengue’, essa dupla sabe como arrancar risos. E Fora do Mapa, é o ponto de encontro dos dois personagens. Sully misteriosamente aparece na vida de Nate para caçar uma fortuna perdida há 500 anos. Mas além disso, Sully traz detalhes da vida pessoal de Nate, ou melhor, detalhes sobre o paradeiro de seu irmão, Sam. E é aqui que o homem de meia idade convence o menino a partir nessa jornada com ele.

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Assim como os jogos, Uncharted: Fora do Mapa, começa com uma cena de ação, um momento para levantar a curiosidade do público, que foi tirada do terceiro jogo. Mas em uma virada genial, de câmera, fotografia e edição, a trama pula para os dias atuais, para um momento icônico do quarto jogo. Não é necessário nem 10 minutos de filme para entender que o filme é picote do terceiro e do quarto game. E por mais que esse live-action não queria se prender, as suas melhores e mais trabalhadas cenas são tiradas dos jogos.

Tom Holland e Mark Wahlberg criam química, mas é só nos 45 do segundo tempo que as coisas ficam interessantes
Crítica | Uncharted: Fora do Mapa é uma trama comercial e quem decide se isso é bom ou ruim é o público
Mark Wahlberg stars as Victor “Sully” Sullivan and Tom Holland stars as Nathan Drake in Columbia Pictures’ UNCHARTED. Photo by: Clay Enos

Durante duas horas é quase impossível enxergar Nathan Drake e Victor Sullivan em Tom Holland e Mark Whalberg. A escolha para os dois é a maior prova de que esse projeto nasceu para ser comercial. Colocar o rosto do momento: Tom Holland; e o homem que está mais acostumado a fazer filmes comerciais com cenas de ação e comédia: Mark Wahlberg; é a confirmação de que esse filme iria se apoiar 100% em seu marketing. Não é segredo pra ninguém que essa produção passou pelas mãos de muitos cineastas durante a última década, e da mesma forma que é perceptível a mudança entre os games, é notável que Uncharted é uma junção de pedaços de outros nomes.

Uncharted: Fora Mapa, é divertido, vai arrancar risos com certeza, mas a sua mistura de tudo e a sua necessidade em resolver de forma rápida os mistérios/quebra cabeças que precisa criar, torna essa trama mais obvia do que deveria ser. No final das contas, mesmo misturando jogos, roteiros picotados de outros roteiristas, Uncharted: Fora do Mapa é extremamente preguiçoso e sem genialidade.

A sessão da tarde perfeita
Crítica | Uncharted: Fora do Mapa é uma trama comercial e quem decide se isso é bom ou ruim é o público
Sophia Taylor Ali and Tom Holland star in Columbia Pictures’ UNCHARTED. photo by: Clay Enos

Mas, ao mesmo tempo que apontamos esses detalhes, que serão facilmente notado por aqueles que conhecem a trama, os que não sabem nada, se divertiram muito. Como apontado aqui antes, estamos falando de uma trama comercial, ou seja, um produto que é adaptado para agradar o maior público possível. Sendo assim: vender ingressos e arrecadar rios de dólares em bilheteria. E Uncharted tem grandes chances de ser um sucesso.

Estamos falando aqui de um filme para não pensar muito, não avaliar, apenas curtir. Espere, pois daqui alguns anos quando a sequência estiver pronta para ser lançada, esse filme será exibido na globo, na sessão mais querida do Brasil. Então, mesmo que isso doa profundamente em qualquer fã dos jogos, a trama de Drake, entrega tudo o que promete ser: um filme para a grande massa.

Então, a bilheteria dessa produção dirá muito sobre uma possível franquia de Uncharted. É claro que teremos cada vez menos e menos sobre os jogos, já que o primeiro filme começa se baseando nos últimos. Mas, é nos 45 minutos do segundo tempo, ou melhor, na segunda cena pós-créditos do filme, que Holland e Wahlberg conseguem se entregar 100% aos personagens, criando uma conexão divertida que os precisam ter. Até o momento, o futuro da trama é incerto, mas se ele for como essa última cena, os fãs estarão lá para ver.

Crítica | Uncharted: Fora do Mapa é uma trama comercial e quem decide se isso é bom ou ruim é o público
Crítica: Uncharted: Fora do Mapa

Direção: Ruben Fleischer

Elenco: Tom Holland, Mark Wahlberg, Tati Gabrielle, Antonio Banderas e outros.

Nota: 3/5

Marta Fresneda
Líder do site de entretenimento O Quarto Nerd. Apaixonada por cultura pop, com objetivo de influenciar e incentivar mulheres na área de comunicação voltado ao mundo nerd.