Crítica | The One desperdiça elenco mas propõe redenção para possível 2ª temporada

Seja no seu celular ou o que pesquisa pelo seu computador, as propagandas ao redor sempre parecem saber o que gostamos, ou o que estamos interessados naquele momento, graças ao algoritmo. E que os algoritmos já viraram parte da nossa vida é um fato. Agora, leve isso ao extremo que terá The One, a mais nova série de ficção científica dramática da Netflix.

Adaptado por Howard Overman (Misfits, 2009) do livro de John Marrs com o mesmo nome, The One se passa em um futuro nem tão distante onde, através de um teste de DNA, você pode achar seu par perfeito. E, apesar de ser um plot já usado exaustivamente na indústria, como em Soulmates, 2020, da AMC, e em Osmosis, 2019, da Netflix, a série surpreendentemente não se perde em sua premissa, mas sim na falta de desenvolvimentos de pontos cruciais e na indecisão em relação à personagem principal.

Muitas histórias, pouco desenvolvimento

Esses pontos são uma auto sabotagem da própria série, que não decide apenas contar a história de Rebecca Webb (Hannah Ware), a idealizadora do projeto e CEO da empresa The One. Ele também inclui um caso de assassinato para ser resolvido ao mesmo tempo que outras duas histórias se desenrolam paralelamente.

Uma delas é sobre Kate (Zoë Tapper), detetive encarregada de resolver a morte de Ben (Amir El-Masry), amigo de Rebecca que foi encontrado no lago Thames um ano após seu desaparecimento. Kate é bissexual e encontrou seu par perfeito pelo teste The One. Porém, Sophia (Jana Pérez), que vive em Barcelona, sofre um acidente enquanto ia ao seu primeiro encontro com a detetive. Kate, então, descobre que a vida de Sophia é muito mais complicada do que parece.

Já Hannah (Lois Chimimba) vive um casamento estável com Mark (Eric Kofi Abrefa), que não teve relação alguma com DNA, já que se conheceram do “jeito antigo”. No entanto, Hannah, com medo do fim de seu casamento, faz o teste para descobrir quem seria essa pessoa. E, nessa necessidade de afastar essa mulher para o mais longe de Mark, acaba colocando seu casamento em xeque.

Roteiro falho

The One

Ao decorrer da narrativa, esses personagens se entrelaçam e giram em torno da principal, Rebecca. Porém, seu protagonismo não é sinônimo de simpatia, já que o roteiro não consegue transitar entre as facetas da personagem. A audiência repudia tanto suas atitudes para se manter a qualquer custo no poder, que quando mostra o lado sensível da personagem, não faz jus à atriz, Ware, que fica a mercê de um roteiro mal construído.

Roteiro esse que não desenvolve o que seria o ponto crucial da história: o stalker de Rebecca. David Cooper (Paul Brenn) aparece de maneira porca e sem espaço algum na série. Essa que se dá por satisfeita com apenas 1 cena para explicar a história daquele personagem e sua motivação. Assim, seu clímax se reduz apenas a mais um para a soma de acontecimentos ruins para Rebecca.

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Apesar de tantas frustrações no roteiro – e convenhamos, uma logomarca bem feia – The One consegue se manter minimamente interessante (e respirando por aparelhos) já no final, com algumas cartas na manga que, finalmente, surpreendem a audiência. Claro que essas cartas poderiam ter sido utilizadas antes, mas são interessantes o suficiente para fazer a maratona do final de semana ter valido a pena. Assim, nos resta esperar para uma segunda temporada.

The One já está disponível na Netflix. Confira o trailer aqui.

Crítica

Título: The One

Showrunner: Howard Overman

Criador: Howard Overman

Elenco: Hannah Ware, Dimitri Leonidas, Diarmaid Murtagh, Zoë Tapper, Lois Chimimba, Eric Kofi-Abrefa, Jana Pérez, Stephen Campbell Moore

Nota: 3/5

Gabrielle Yumi
Jornalista e sócia do Quarto Nerd, sou apaixonada por cultura pop e whovian all the way. Busco ativamente influenciar e ampliar a voz de mulheres no meio geek/nerd. Cabelo colorido e muito pop é quem eu sou dentro do meu quarto nerd.