Crítica | Tempo traz uma filosofia vultosa por trás de cenas simples

O filme Tempo está para entrar em cartaz nos cinemas brasileiros. Nos Estados Unidos, a bilheteria bateu a de Space Jam e Viúva Negra.

A trama foi construída baseada na HQ Castelos de Areia, e enquanto os quadrinhos foram categorizados como terror, o filme usa outros métodos para causar pânico e medo em quem está assistindo.

Mas, a explicação por trás disso pode estar por trás da direção. O responsável é M. Night Shyamalan, diretor de grandes produções cinematográficas bem como a trilogia de Corpo Fechado e O Sexto Sentido.

Diretor M. Night Shyamalan

O que essas obras têm em comum, é a lição valiosa e realista por trás do que achamos ser um enredo simples de thriller ou sci-fi. Além disso ser a marca de Shyamalan, é muito bem roteirizado e minimalista.

Um enredo detalhista

Crítica | Tempo traz uma filosofia vultosa por trás de cenas simples

Em Tempo, é possível ver a construção do enredo nos pequenos detalhes, desde diálogos até troca de olhares e ações simples. E isso é marcante, e fácil de notar, além de trazer uma imagem mais filosófica e dedicada para o filme.

E na trama, todo esse talento do diretor é visível. É a habilidade de instigar quem está assistindo, à espera de uma cena agoniante, e em resultado, receber uma metáfora reflexiva e atualizada.

As combinações desses diálogos, personas e histórias é perfeita. É muito bem encaixada desde ricos a humildes, até um garoto com memória impecável a uma apaziguadora.

Por trás das câmeras

Crítica | Tempo traz uma filosofia vultosa por trás de cenas simples

A atuação acompanha a mensagem e a sensação passada no filme. Juntamente do jogo de câmeras, efeitos e cenário, a ideia da lentidão do tempo, contudo, crescente e repentino, formam uma das mensagens passadas.

Essa mensagem mostra como todos somos vulneráveis e o tempo é suficiente para desmascarar todos os traumas, pensamentos, preconceitos e facetas. E isso foi mostrado em cada personagem e em cada cena construída.

Por outro lado, o que era esperado para ser um fechamento inusitado, era previsível. Por trás da ideia anormal de um lugar que faz você envelhecer anos em horas e dias em minutos, um motivo para toda a tensão e ações misteriosas era esperado.

Mas esse motivo já é conhecido e foi várias vezes explorado, principalmente em cenários onde temos pessoas desconhecidas juntas em uma ilha desconhecida. Sim, a história de Lost e The Wilds de certa forma são vistas no filme.

A diferença é o motivo por trás de todo estudo e teste. É um motivo racional, verossímil e ainda mais reflexivo sobre as personalidades de quem está no poder nos dias de hoje.

Da mesma forma mostra como não temos controle, noção ou consciência de como funciona as grandes conquistas. E que muitas vezes não usamos a frase “os fins justificam os meios” com sabedoria.

Em suma, Tempo mostra como somos treinados a esconder a nossa verdadeira face, mas o tempo é resultante e justo.

Confira também: Crítica | Segunda temporada de Sky Rojo é tão machista quanto a primeira

Título: Tempo
Direção:  M. Night Shyamalan
Elenco: Gael Garcia, Vicky Krieps, Rufus Sewel, Alex Wolff, Thomasin Mckenzie
Nota: 4/5

Isabela Caroline
Tradutora e redatora d' O Quarto Nerd. Viciada em música, clipes, séries, teorias, entrevistas e tudo que seja um escape da realidade. Currently listening to any pop songs.