Crítica| Sweet Tooth é sobre amizade e esperança

Sweet Toth

Na última quinta-feira, chegou ao catálogo da Netflix a série Sweet Tooth, uma trama pós apocalíptica com uns toques de fantasia baseada na história em quadrinhos de Jeff Lemire. Desenvolvida por por Jim Mickle, e produzida por Robert Downey Jr e Susan Downey.
A série conta com 8 episódios na primeira temporada. Inicialmente a série seria produzida pela Hulu, que comprou os direitos da história produzir um episódio piloto, no entanto no início de 2021 a Netflix adquiriu os direitos para produzir os oito episódios.

A História

Sweet Tooth
SWEET TOOTH (L to R) CHRISTIAN CONVERY as GUS in episode 101 of SWEET TOOTH Cr. Kirsty Griffin © 2021

Após um vírus começar destruir parte da humanidade, bebês híbridos começam a nascer de todas as gestantes que deram a luz com o vírus a solta. Esses bebês são metade humanos e metade animais, porcos, macacos, lebres, entre outros. Como tudo aquilo é uma grande novidade para a população, uma enorme rejeição envolta das crianças se forma, pois acredita-se que estes são a causa do vírus e o real motivo do mundo estar em caos. E não demora muito para que grupos de radicais se formem para caçar essas crianças e tentar “cortar o mal pela raiz”. O que faz com que essa trama não seja mais um enredo cansativo sobre o fim do mundo, é justamente a introdução da fantasia, a criação das crianças híbridas que consegue dar um toque especial para a trama, e esse é um dos maiores diferenciais da série.


Relação com a pandemia

Sweet Tooth
Imagem: Reprodução Netflix

No último ano, enfrentamos algo totalmente desconhecido, uma pandemia mundial, que virou a vida de todos de cabeça para baixo, medo se instaurou, caos e pânico dominavam as ruas, não sabíamos quando e como o vírus iria agir. O que nos torna cada vez mais próximos das tramas de fim de mundo que assistimos há tantos tempos. Uma das coisas mais assustadoras da série é notar o quão próximos estamos dela, ter um vírus que chegou para acabar com grande parte da população, com pessoas desinformadas, acreditando que tudo não passa de uma estratégia do governo, motins se formando, tudo muito próximo de nós. A série carrega aspectos que nos familiarizamos no último ano, distanciamento social,uso de máscaras, testes do vírus, dedetização imediata dos ambientes e assim vemos essa
sociedade fictícia se adequando ao caos assim como nós fizemos durante a pandemia. O vírus chega sem dúvida para acabar com a humanidade e trazer uma nova espécie capaz de renascer o mundo em que vivem.

Amizade

quarto nerd
Imagem: Reprodução Netflix

Um dos elementos que melhoram muito a narrativa de uma história pós apocalíptica é o desenvolvimento dos personagens e das amizades entre eles. Bom, nós recebemos esses dois na história. Gus,que recebe o apelido de Sweet Tooth, o pequeno híbrido é a uma das criaturas mais fofas, e se não bastasse só o seu rosto temos também o carisma do ator e do personagem que nos
cativam desde a primeira cena. E quanto as amizades no decorrer da história, aprendemos a nos apaixonar por casa um deles, no tempo certo e pelos motivos certos. Cada um possui sua própria história e desenvolvimento particular, o que além de humanizar, também nos permite nos identificar
com a situação.


A Geração da Mudança

Sweet animal army
Imagem: Reprodução Netflix


(Alguns leves spoilers nesse parágrafo )
As crianças que nasceram antes dos 10 anos em que o vírus se espalhou pela humanidade cresceram em meio ao caos, e assim como o que conhecemos por “Geração Z” precisa mudar hábitos que a antiga geração se nega a abandonar. O que as obriga a tomar medidas para concertar o mundo que foi arruinado pelas gerações passadas, afinal, esse
mundo será delas em algum momento. De forma nem um pouco sútil, esses novos líderes inspiram algo mágico dentro dos telespectadores, o que faz com que aquela faísca de querer mudar o mundo após terminar uma série se acenda de uma forma indescritível.


Os fins que justificam os meios

Sweet Tooth
Imagem: Reprodução Netflix

Além da identificação e e todas as partes boas da série, é inevitável não nós colocarmos no lugar das pessoas com decisões difíceis também… Até que ponto iríamos para salvar quem amamos? Até que ponto podemos contrariar tudo que acreditamos para um possível bem maior? Essa pergunta nos persegue durante os episódios, o que se torna de certa forma perturbador, pois não conseguimos abandonar aquela voz em nossa cabeça nos perguntando o que faríamos no lugar dos protagonistas. O que é de certa forma bom, afinal, uma boa história é aquela que nos faz sentir, raiva,piedade, amor alegria… Simplesmente sentir.


O tempo

Sweet Toth
Imagem: Reprodução Netflix

A saga é dividida em quadros dos personagens com saltos no tempo que no começo nos
confundem mas não demora muito para nos acostumar. Mostrando perspectivas
variadas do ponto de vista de cada um dos lados desse apocalipse.

Sweet Tooth é sobre gentileza, amizade e principalmente esperança. Nos faz querer viver aventuras e saber que dias melhores virão.

Crítica

Título: Sweet Tooth

Direção: Jim Mickle

Elenco: Christian Convery, Nonso Anozie, Stefania LaVie Owen, Aliza Vellani, Adeel Akhtar, Dania Ramire.

Nota: 5/5

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Júlia Oliveira
Redatora d' O Quarto Nerd. Apaixonada por música e séries. Completamente viciada em livros. 'I go to seek a Great Perhaps'.