Crítica I Super Mario Bros. O Filme é simples e divertido, mas se ancora muito na nostalgia

Crítica I Super Mario Bros. O Filme é uma experiência simples e divertida, mas se ancora muito na nostalgia das referências

Quando o assunto é adaptação para as telonas, a famosa dupla de encanadores Mario e Luigi não tem um passado muito aclamado pelo público, dado o desastre que foi a bilheteria e a recepção extremamente negativa do live-action que foi lançado há 20 anos. Mas assim que foi anunciada uma animação longa-metragem – Super Mario Bros. O Filme – uma chama de esperança se acendeu  no coração dos fãs do bigodudo. 

A trama de Super Mario Bros. O Filme se faz uma adaptação modernizada da estrutura básica dos jogos principais da franquia: a dupla de encanadores italianos transporta-se do Brooklyn para um mundo alternativo com cogumelos, tartarugas e gorilas falantes por meio dos icônicos canos verdes. Aliás, aqui a recorrente dinâmica da “donzela em perigo” é subvertida e a Princesa Peach torna-se uma mentora experiente na jornada de Mario para salvar seu irmão Luigi e todo o Reino dos Cogumelos das garras do vilão Bowser e seu exército de tropas do mal.

Por mais que a proposta da narrativa seja bastante simples, o filme se destaca na apresentação dos personagens e do universo. Todos são extremamente carismáticos e é possível notar o esforço da Nintendo em preservar a essência de cada criatura em meio ao caos das divertidíssimas sequências de ação – e olha que não são poucas. Além disso, algo a se destacar nestas cenas é a forma como a horizontalidade dos jogos clássicos da série Mario é apresentada de forma orgânica com perspectivas criativas, movimentos frenéticos e elementos que referenciam as mais diversas dinâmicas presentes nos jogos do protagonista.

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E por falar em referência, Super Mario Bros. O Filme é um prato cheio delas para os “nintendistas” – apelido carinhoso dado aos fãs da Nintendo. É realmente impressionante a quantidade de elementos dos jogos que têm importância para desenvolver a história do filme, principalmente com o uso dos power-ups, itens que marcam presença em praticamente todos os jogos da franquia e dão poderes como aumentar o tamanho do corpo, lançar bolas de fogo e ficar ágil como um gato. Outro exemplo perfeito é a inserção dos veículos do spin-off Mario Kart no filme. Esses veículos são essenciais para algumas das melhores e mais engraçadas cenas de ação. 

Imagem: Reprodução

Mas por outro lado, estão presentes também as referências que não agregam tanto ao enredo além do fator nostalgia, que vão desde easter eggs sucintos como pôsteres e objetos inspirados em jogos de videogames clássicos até frases que claramente foram introduzidas no roteiro apenas para arrancar um sorriso dos jogadores mais nostálgicos, o que estaria tudo bem se fosse algo pontual em momentos apropriados do filme. O problema é que o excesso de referências chega a incomodar depois de um tempo. Tantos elementos sendo bombardeados (às vezes, literalmente) ocupam um tempo de tela que poderia ser utilizado para desenvolver melhor outros personagens, como o pobre Luigi que mais uma vez foi ofuscado pelo irmão.

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Por fim, vale destacar a montanha-russa emocional que é a trilha sonora da obra. As músicas e os remixes que envolvem as músicas da Nintendo são excelentes, com transições e efeitos que unem de forma agradável a nostalgia das trilhas originais com a atmosfera moderna que o filme propõe. Porém, algumas cenas vão um pouco além e utilizam hits populares como Take on Me e Holding Out for a Hero (sério, Illumination?). Assim, parecendo uma solução preguiçosa e que se destoa bastante do restante do filme. No entanto, a dublagem está maravilhosa e expressa muito bem a caracterização de cada personagem, apesar do excesso do uso de algumas expressões (prepare-se para ouvir com frequência alguém gritando “Mamma Mia”). 


Honestamente, Super Mario Bros. O Filme não foi uma adaptação tão surpreendente, mas ela cumpre o que promete com alguns poucos deslizes que realmente incomodam. Ao levar em conta os pontos levantados antes, fica evidente que os fãs de Mario e as crianças constituem o público que mais vai aproveitar a experiência do filme. Ainda assim, é uma jornada muito divertida e recomendada para qualquer um que tenha o mínimo interesse em animações, videogames ou encanadores salvando o dia.

Super Mario Bros. O Filme estreia dia 6 de abril nos cinemas brasileiros.

Crítica

Título: Super Mario Bros. O Filme

Direção: Aaron Horvath, Michael Jelenic

Roteiro: Matthew Fogel

Elenco: Chris Pratt, Anya Taylor-Joy, Charlie Day, Jack Black, Keegan-Michael Key, Seth Rogen, Fred Armisen, Sebastian Maniscalco, Charles Martinet, Kevin Michael Richardson

Nota: 3,5/5

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Bruno Andrade