Falar de Menudo é falar de um fenômeno musical latino-americano que conquistou o mundo. E a série Súbete a Mi Moto tem a tarefa de recriar as experiências de jovens que pertenceram a uma banda cujo conceito consistia em rodar seus integrantes ao longo do tempo. E manter o aspecto infantil e fresco na banda, que segundo a série narra, foi uma regra imposta por Edgardo Díaz, o criador do conceito Menudo, no final a banda teve mais de 30 integrantes.
Sim, todos nós já ouvimos o nome Menudo, especialmente para saber algo sobre o passado de Ricky Martin (que se tornou o ex-integrante mais famoso da boyband), e como ele fez seu caminho no caminho da música e do palco. E principalmente para nós aqui do Brasil, a banda foi muito presente em rádios e programas de tv da década de 80. O que não sabíamos – exceto pelos fãs que a banda ainda colhe – é que o Menudo foi um diamante bruto criado nas mãos de um único visionário, através de tentativa e erro, e um esforço incansável para alcançar algo único. Claro, uma década depois, nos surpreendemos com BackStreet Boys ou NSync, mas tudo já havia sido inventado em uma pequena ilha, há muito tempo.
Em 15 episódios, que podemos ver no Amazon Prime Video, Súbete a Mi Moto nos mostra os altos e baixos do grupo, mas tudo narrado do ponto de vista de seu criador Diaz (Yamil Urena), seu assistente Joselo Vega (Sian Chiong) e pouquíssimos integrantes, aspecto que fica perceptível na narração da história, acho que foi possível ter o ponto de vista de todos ou quase todos os integrantes para ter uma história mais arredondada, mas ainda assim a série apresenta algumas meias verdades.
Desde o primeiro episódio, o encontro da filha – já adulta – de uma fã, que faz pesquisas sobre o Menudo para seu blog, com o criador e produtor da banda, Díaz, atualmente funciona como um gatilho para a revisão as origens do grupo musical, passando por suas diferentes etapas, ao mesmo tempo em que afirma que o grupo sempre foi um negócio. “Apostei tudo pelo Menudo”, diz Díaz à mesa do bar. Embora ela tenha certeza de que toda aquela história significou mais do que apenas uma empresa com a intenção de obter lucro.
Tudo começa então com um flashback no primeiro episódio, mais precisamente de 1975, para mostrar o produtor Díaz dissolvendo o grupo espanhol La Pandilla (que também tinha meninas em sua formação), que teve grande sucesso em Porto Rico, e que se desfez quando seus membros cresceram. Então ele tentou a sorte com outra banda de garotos e garotas, mas também não deu certo. Díaz percebe a necessidade do mercado e diz “Não preciso de mais cantoras, preciso de mais fãs” .
A série também enfoca a origem do nome da banda, os pequenos shows em feiras da cidade, a gravação das incipientes canções que o próprio Díaz escreveu, a primeira sessão de fotos, as dúvidas quanto à criação da identidade dos integrantes e a marca. Um show do Menudo em Porto Rico em 1981, com o primeiro vislumbre dos chiquitos em ação, indica o sucesso que estava por vir. Mas nem tudo que brilha é ouro.
Em alguns episódios, os graves problemas que assombravam a franquia Menudo são abordados já que, por exemplo, Roy Rosselló (bastante conhecido pelo público brasileiro) – um dos muitos meninos da banda-, em 2014, acusou Díaz de ter abusado sexualmente de vários membros do Menudo.
A série ainda retrata muito bem o surgimento de Enrique Martin Morales, nome verdadeiro de Ricky Martin, no Menudo em 1984. O garoto de 12 anos se juntou à banda para substituir Ricky Meléndez. Esse por sinal, é um excelente episódio da série. Na ficção, Ricky é interpretado por 2 atores: na infância, por Ethan Schwartz, e na adolescência, por Felipe Albors.
O elenco adulto é muito bem interpretado graças à participação de Yamil Ureña e Braulio Castillo como Edgardo Díaz, Sian Chiong como Joselo Vega, Marisol Calero como Doña Panchi, Josette Vidal como Julieta Torres e Rocío Verdejo como Renata Torres. Entre as crianças e jovens, todos são atores talentosos que se fazem passar pelos membros da banda, incluindo Felipe Albors e Ethan Schwartz (Ricky Martin), Marcelo Otaño e Eugenio Rivera (Ricky Meléndez), Samu Jove (Xavier Sérvia), Gustavo Rosas (Sergio Blass), Alejandro Bermúdez (Rene Farrait), Leonel Otero (Johnny Lozada), Mauro Hernández (Miguel Cancel), entre outros.
Um dos pontos fracos da série é condensar tantas histórias em poucos capítulos, então às vezes vemos os personagens dos membros passarem tão rápido que às vezes você não percebe a mudança das histórias, então não pode ser fisgado por um personagem, tudo acontece tão rápido, eles só têm tempo de contar muito bem o início da banda, mas depois disso a troca de integrantes é na velocidade da luz.
Temas que se tocam muito bem, a abrangência que o grupo teve com seu sucesso mundial, a exploração das crianças no mundo da música, os escândalos da banda com as drogas, os problemas financeiros de Edgardo Díaz, e claro os sonhos de as 33 crianças que se aventuram, são expostos com muito respeito e profissionalismo.
Se falamos de elementos de produção, podemos citar o trabalho de pesquisa para recriar os momentos icônicos do grupo, recriação de shows e figurinos bem conseguidos, sobre o casting podemos citar que nem todos os atores são semelhantes aos integrantes em suas versões juvenis, e as caracterizações carecem de credibilidade, já que alguns atores não convencem com suas perucas e maquiagem, por parecer forçada e pouco credível. Mas tudo compreensível dado a série ter baixo orçamento.
No final temos em Súbete a Mi Moto uma série que a maioria dos adeptos do Menudo vai gostar. Que vai te deixar com a sensação de saber mais sobre a história, mas de outro ponto de vista.
Titulo: Súbete a Mi Moto
Temporadas: 1
Gênero: Biografia
Exibição: Amazon Prime Video
Criadores: Mary Black-Suarez, Sergio Jablon
Elenco: Josette Vidal, Yamil Urena, Braulio Castillo hijo
Nota: 2/5