Crítica | Sex/Life é picante, viciante e decepcionante

Sex/Life

Atenção: “Sex/Life” é uma série com conteúdo para +18, contendo cenas explícitas de sexo, drogas e bebidas alcoólicas.

Se você nunca chegou ao ponto de ser perguntar “o que é que eu estou fazendo da minha vida?”, você, provavelmente, ou faz parte da geração millennial ou acredita que o comodismo é muito melhor do que arriscar os poucos anos de vida vividos por você. Mas, a verdade é que todos nós, em algum momento das nossas vidas, questionamos as coisas mais simples. É de se esperar, já que só temos uma única chance. E é exatamente isso (com adição de cenas eróticas extremamente explícitas) que a nova série da Netflix, “Sex/Life” (2021) retrata.

Seguindo a sinopse original, a série conta “a história do inusitado triângulo amoroso entre uma mulher, seu passado e seu marido, que lança um novo olhar sobre o desejo feminino. Billie Connelly (Sarah Shahi) nem sempre foi bela, recatada e do lar. Antes de se envolver com o carinhoso Cooper (Mike Vogel) e viver em Connecticut, Billie morava em Nova York com a melhor amiga Sasha (Margaret Odette), trabalhando muito e se divertindo mais ainda. Cansada de tomar conta dos filhos pequenos e movida pela nostalgia, Billie escreve um diário e fantasia sobre a tórrida paixão que viveu com o ex-namorado Brad (Adam Demos), que ela nunca superou. Quanto mais Billie remexe no passado, mais ela questiona sua trajetória — até que o marido encontra o diário.”

Vídeo: Divulgação

Com 8 episódios de, aproximadamente, 50 minutos cada, a produção é movida por diversos contos clichês empacotados na vida perfeita – porém, depende – da protagonista. Billie, interpretada por Sarah Shahi, tem o marido perfeito, os filhos perfeitos e a casa perfeita. Mas, não tem o que mais deseja: satisfação sexual. Pode até parecer um motivo inútil para tentar reviver um passado (não tão) satisfatório, porém, pode acreditar, caro leitor, que o sexo é a junção da atração, com paixão e desejo pelo outro. Por isso, há de ser uma dos maiores motivos possíveis.

Contudo, apesar de um ótimo background para a protagonista, o roteiro parece se perder a todo momento e a única personagem sensata nisso tudo parece ser a melhor amiga de Billie, Sasha. E devo acrescentar aqui, que Margaret Odette faz um excelente trabalho ao dar vida para a personagem, já que é ela que a única a apontar os erros que a amiga está se submetendo. Ok, sei que disse que o sexo pode ser um dos maiores motivos para se sentir insatisfeita em um relacionamento. Mas, na obra, isso não parece ser o suficiente.

Vamos concordar aqui, caro leitor, um relacionamento abusivo é um relacionamento abusivo. E, apesar de se sentir 100% satisfeita sexualmente, há outros milhares de motivos que o fazem ser abusivo. Como o fato de sempre mandar o outro embora e, três dias depois, se ajoelhar e pedir desculpas dizendo que sente muito. Não, não sente. Um relacionamento deveria – e deve – transparecer segurança entre os envolvidos e, com certeza, não colocar seu amor à prova de tudo.

A produção retrata, através da narração da própria Billie, as insatisfações de grande parte das mulheres em relação a vida sexual, casamento, vida social, filhos etc. Demonstra como um ex-namorado (psicologicamente abusivo) pode ser um escape, um modo de satisfazer as relações sexuais, enquanto o marido (perfeito até demais para ser verdade) é apenas um modo de preencher as diversas outras lacunas da vida adulta.

De forma geral, apesar da trilha sonora fantástica (que você pode ouvir aqui), das cenas eróticas e do drama bem dosados, das interpretações fantásticas e de cada episódio receber o nome de uma canção famosa, “Sex/Life” deixa muito a desejar. O roteiro é fraco e confuso, sempre voltando a mesma questão que parece bastante óbvia aos telespectadores. Sem contar que, no momento em que poderia terminar, não termina.

Sex/Life: nova série da Netflix aborda desejo e identidade feminina

Crítica

Título: Sex/Life

Criado por: Stacy Rukeyser

Elenco: Sarah Shahi, Mike Vogel, Adam Demos e Margaret Odette.

Nota: 2,5/5

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Raphaela Lima
Completamente apaixonada por música e pelo Spider-Man, usa seu conhecimento sobre a comunicação e a cultura pop e seu vício em filmes e memes para complementar a equipe das nerds da cadeira.