Crítica | Segunda temporada de Sky Rojo é tão machista quanto a primeira

Crítica | Segunda temporada de Sky Rojo é tão machista quanto a primeira

Chegou ontem, 23, na plataforma de streaming da Netflix, a segunda temporada de Sky Rojo. E, apesar de a primeira temporada tratar sobre o machismo e xenofobia descaradamente, a história terminou precisando de uma segunda temporada. Que, ao que tudo indica pelo trailer, mostra a superação das três personagens principais. Confira abaixo:

Assim como na primeira parte da história, a segunda temporada conta com oito episódios, com em média 20 minutos cada. Ou seja, a maratona é muito fácil e tranquila de fazer. E diferente dos primeiros episódios da primeira temporada, o começo da segunda não traz nada de confusão. Muito pelo contrário, a continuidade é tão perfeita que nem parece que houve uma quebra na história.

E muito diferente também da primeira temporada, a união de Wendy (Lali Espósito), Gina (Yanis Prado) e Coral (Verónica Sánchez) representa muito bem a força que as mulheres têm, ainda mais quando se unem para um propósito em comum. Mas claro, o sentimento de vingança que as três carregam em si não é nem um pouco saudável. E a segunda temporada explora muito bem isso.

Mas, infelizmente, o machismo continua bem presente. Até porque as cenas de memórias que as meninas têm no prostíbulo, e a continuação do seu funcionamento mesmo depois da fuga delas, mostra isso muito bem. O que por si só, faz a série ter uma história horrível. Fazendo mais uma vez a luta das mulheres por reconhecimento e igualdade parecer piada.

Machismo e Poder

A esperança de um roteiro menos machista é uma grande ilusão. Inclusive, o excesso de cenas explícitas do abuso contra as mulheres chega a ser enjoativo. E por isso, a vontade é de nem terminar a série. Mesmo com a Wendy, a Gina e a Coral mostrando a força que as mulheres têm juntas, principalmente para mudar de vida, o excesso de todos os outros defeitos da série a tornam praticamente insuportável de ver.

E por mais que pareça que as mulheres estão se divertindo seguindo as ordens de Romeo (Asier Etxeandia), claramente sabemos que tudo isso só acontece para que nenhuma delas morra em suas mãos. Ou nas mãos dos seus capangas, Moisés (Miguel Ángel Silvestre), e Christian (Enric Auquer). Mas, as cenas explícitas são sempre com as mulheres, mostrando o corpo das mulheres. E quando aparece algum homem desnudo, os ângulos das câmeras nunca mostram o seu corpo. O que deixa tudo ainda mais estressante ainda.

Mas ao mesmo tempo, nós entendemos que as mulheres não são as únicas presas as garras de Romeo, já que os capagas Moisés e Christian também querem mudar de vida. Mas, claramente, não conseguem. Ou seja, para Romeo, o dinheiro e o poder sempre serão prioridade, independente de quem esteja envolvido com ele.

Fechamento da segunda temporada de Sky Rojo

Apesar de todos esses problemas muito sérios com o roteiro e a história, a segunda temporada traz um perfeito desfecho para alguns assuntos. E, coisas que poderiam não fazer tanto sentido no começo, começam a ser explicadas no final da temporada. O que faz o telespectador entender porque Moisés e Christian estão tão presos a Romeo. Mas, também mostra muito bem que todo esse poder chega a ser algo bastante doentio.

Mas, o último episódio traz uma grande reviravolta. E, infelizmente, faz o telespectador acreditar que uma terceira temporada pode sim estar a caminho. Até porque, depois que Moisés se encontra com Romeo em um momento delicado, ele afirma que perderam apenas uma batalha e não a guerra toda. Ou seja, ainda tem muita coisa para acontecer na vida de todos os personagens.

Considerações Finais

Com certeza Sky Rojo é uma série para você assistir e passar raiva. Principalmente com todos os assuntos delicados que ela traz, mas aborda de uma forma bastante grosseira e nojenta. E apesar de a segunda temporada mostrar a tão aguardada liberdade da Wendy, da Gina e da Coral, o prostíbulo ainda existe. E a lista de crimes de Romeo e dos seus capangas só aumenta. Não se pode esquecer do machismo e do uso do corpo da mulher como brinquedo sexual, que é bastante explícito e corriqueiro nas duas temporadas.

Talvez o que salva a série na segunda temporada é a união das meninas para finalmente conseguirem a sua liberdade. E claro, ajudar as demais meninas que vivem o horror do prostíbulo. E também algumas falas da Wendy durante a temporada traz a reflexão sobre o machismo, mas, são poucos os segundos que a série é boa. Ou seja, é uma história que poderia facilmente não ter sido escrita.

Confira também: Crítica | Sky Rojo mostra machismo e xenofobia descaradamente.

Ainda não existem informações sobre uma terceira temporada. Mas, as ambas as temporadas já disponíveis estrearam este ano. Ou seja, a qualquer momento pode ser que a terceira parte da história aconteça. E talvez seja um pouco ilusório sonhar por um roteiro menos preconceituoso, e traga muito mais respeito às mulheres. Mas, se seguir os passos das suas primeiras temporadas, o sentimento de raiva e nojo com certeza vão acompanhar o telespectador.

Título: Sky Rojo
Direção:  Jesús Colmenar; Óscar Pedraza; David Victori; Albert Pintó, Javier Quintas, Eduarto Chapero- Jackson
Roteiro: Álex Poina, Ether Martinex Lobato, David Barrocal, David Oliva Javier Gómez Santander, Juan Salvador López
Nota: 1,5/5

Mas e você, já assitiu Sky Rojo? Nos conte tudo nos comentários!

Camila Scovoli
Redatora do QN. Apaixonada pela cultura pop. Não vivo sem música, clipes e documentários sobre música. Amo conversar sobre as teorias dessa indústria. Alexa, play 5 Seconds of Summer.