Crítica | Quem Vai Ficar Com Mário? é o remédio para os dias cinzentos

Quem Vai Ficar Com Mário?

Hoje, 10, chegou aos cinemas brasileiros mais uma produção nacional: “Quem Vai Ficar Com Mário?” (2021). Dirigido por Hsu Chien, o filme traz um elenco de peso (com Daniel Rocha, Letícia Lima, Felipe Abib, Nany People e Rômulo Arantes Neto) ao contar sobre um momento difícil da vida do jovem Mário e que todo integrante da comunidade LGBTQIA+ tem de passar, que é se assumir para a família.

Na trama, Mário (interpretado por Daniel Rocha), resolve visitar sua família – que é bastante conservadora – e contar para seu pai Antônio (Zé Victor Castiel) que, ao invés de estar estudando o seu MBA em Administração de Empresas como ele pensava, decidiu seguir a carreira de escritor e que mora junto de seu namorado e diretor de uma companhia teatral, Fernando (Felipe Abib). Contudo, como toda boa história, os problemas de Mário se multiplicam seus planos são adiados e ele acaba assumindo a cervejaria da família, onde ele conhece e se apaixona por Ana (Letícia Lima), levando a grande questão presente no título do filme: Quem vai ficar Com Mário?

Vídeo: Divulgação

Se você é cinéfilo, ou minimente consome produções italianas, vai achar o longa bem parecido com “O Primeiro que Disse” (Mine Vaganti, 2010). Isso porquê, segundo o próprio Chien, a ideia do filme foi inspirada no longa italiano, mas, claro que com suas ressalvas e suas mudanças para a produção brasileira, como a criação da personagem de Nany People, a qual marcou o filme com sua performance emocionante de La Vie En Rose.

Mas, a pergunta que realmente não quer calar é: será que vale a pena investir para assistir o filme nos cinemas? A resposta é bem simples: ô se vale!

Em um mês tão importante para a comunidade LGBTQIA+ e algumas semanas após a perda de um dos maiores ícones do cinema brasileiro, o longa chega no momento certo para o público. Além de piadas inteligentes e carregadas de duplo sentido, “Quem Vai Ficar Com Mário?” é o que os brasileiros tanto precisam para se descontrair e, ao mesmo tempo, quebrar tabus sobre uma das comunidades que mais sofrem preconceito no País, principalmente diante do atual governo – o que nos leva a perceber que, talvez, tenha sido proposital escolher um dos estados mais conservadores como cenário para a produção-.

Sem contar nas atuações. Pela primeira vez, vemos Daniel Rocha dando vida a um personagem homossexual e devo dizer que ele faz isso com maestria, assim como Felipe Abib e Rômulo Arantes Neto. E se você está achando que o filme é carregado de estereótipos pré-concebidos, saiba que a produção não só mostra como a homossexualidade não é uma escolha, como, também, aposta que não tem cara definida por ela.

Outro assunto bastante abordado no filme, é o poliamor. Por vivermos em uma sociedade com regras decretadas pelo patriarcado, muitos ainda possuem um certo preconceito com este tipo de amor. Assim, de um jeito leve e tranquilo, Chien conseguiu abordar tal tema de forma graciosa no filme.

A verdade é que, com a trilha sonora de ninguém mais, ninguém menos do que Pabllo Vittar, “Quem Vai Ficar Com Mário?” chegou para quebrar tabus, paradigmas e preconceitos que estamos tão acostumados a ver nas telinhas. Com o slogan de “Tenha Coragem De Ser Feliz”, o filme é mais do que uma lição de vida, é um ensinamento sobre a diversidade intrínseca na nossa sociedade e sobre como todo tipo de amor é válido, algo tão importante que precisa ser ressaltado todos os dias.

Afinal, citando aqui uma das falas mais lindas do filme, ​“não importa o rótulo, o que importa é o conteúdo”.

Quem Vai Ficar Com Mário?

Crítica

Título: Quem Vai Ficar Com Mário?

Direção: Hsu Chien

Elenco: Daniel Rocha, Letícia Lima, Felipe Abib, Rômulo Arantes Neto e Nany People.

Nota: 5/5

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Raphaela Lima
Completamente apaixonada por música e pelo Spider-Man, usa seu conhecimento sobre a comunicação e a cultura pop e seu vício em filmes e memes para complementar a equipe das nerds da cadeira.