Crítica | Paranormal se perde na narrativa das várias histórias que tenta contar

Ambientada no fim dos anos 60, a nova série árabe de terror da Netflix Paranormal, que chegou à plataforma ontem, 06 de novembro, acompanha a história do médico Rafaat, um homem solitário que faz questão de afastar todas as pessoas a sua volta, sem permitir que ninguém, nem mesmo sua família saiba quem ele é de verdade.

A Netflix vem investindo cada vez mais em tramas de terror, séries e filmes, e depois da repercussão de Maldição da Residência Hill e Maldição da Mansão Bly, as expectativas para as novas produções de suspense são altas.

Imagem: Divulgação Netflix

A produção é baseada nos livros do escritor egípcio Ahmed Khaled Tawifk que venderam mais de 15 milhões de cópias no Oriente Médio, e é a primeira série original Netflix egípcia.

A série dá alguns saltos no tempo nos primeiros episódios, mostrando a infância de Rafat e seus irmãos que costumavam brincar juntos em volta de uma casa assombrada e fazem amizade com uma garota que os leva para dentro da misteriosa residência. A garota é um espírito que ainda vive na casa e incentiva as crianças a fazer coisas que não fariam em seu estado normal.

Mesmo que a garota assombre Rafaat até a vida adulta, o médico continua justificando essas alucinações como obras da sua imaginação, e procurando respostas para as divagações através da ciência. E toda vez que a conversa surge entre sua família, ele justifica esses devaneios que tiveram quando criança como uma história inventada em conjunto.

Ao longo dos episódios várias histórias paralelas surgem, e Rafat começa a tentar resolver esses mistérios usando a ciência.

Vemos o médico fazendo uma autópsia em um Faraó e libertando uma maldição, em seguida busca pela cura de uma epidemia e acaba em uma caverna com outro ser místico inventado por uma tribo no deserto, e depois, homens da sua cidade começam a ser enfeitiçados por um fantasma misterioso.

Imagem: Divulgação Netflix

Várias histórias são jogadas no telespectador sem se aprofundar em nenhuma delas, são resolvidas às pressas e acabam sem nenhuma explicação.

Durante essas histórias mal acabadas, Rafaat descobre de um dia para o outro que tem um distúrbio de sono e suas alucinações vão ficando cada vez mais severas e ele decide finalizar assuntos do passado.

Caso as histórias fossem mais exploradas teríamos uma trama interessante onde o homem da ciência tenta resolver as aparições paranormais, mas a série não passa uma mensagem forte e não consegue prender atenção.

Os atores, principalmente o protagonista, interpretado por Ahmed Amin, entregam muita emoção aos personagens, quase como se Rafaat fosse transparente para nós. Vemos medo, aflição, paixão, ceticismo e raiva.

Dirigida por Majid Al Ansari e Amr Salama, Paranormal é o primeiro investimento do Oriente Médio na plataforma, e de acordo com Ahmed Sharkawi, diretor das séries originais árabes e africanas da plataforma, os planos são expandir cada vez mais a quantidade de séries egípcias. Mais quatro projetos estão em andamento para entrar no catálogo.

Imagem: Divulgação Netflix

Conta com uma grande produção que não economiza nos efeitos especiais, mas acaba desperdiçando o potencial dos atores com um roteiro preguiçoso.

Por ser o primeiro investimento do Oriente Médio, a série deixou a desejar, o que torna as expectativas para as próximas produções bem baixas.

Crítica: Paranormal
Temporadas: 1
Gênero: Horror Direção: Majid Al Ansari e Amr Salama Roteiro: Amr Salama, Mahmoud Ezzat, Dina Maher e Omar Khaled Elenco: Ahmed Amin, Reem Abd El Kader,Raeefa Ismail, Maggie Mckillop, Huwaida Abdel Moniem, Reda Ismail e Taha

Nota: 2,5

Avaliação: 2.5 de 5.

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Júlia Oliveira
Redatora d' O Quarto Nerd. Apaixonada por música e séries. Completamente viciada em livros. 'I go to seek a Great Perhaps'.