Crítica | Os Segredos de Madame Claude mostra o poder da prostituição na França

Os Segredos de Madame Claude (Madame Claude) estreou na Netflix. O longa é dirigido por Sylvie Verheyde (Stella) e quem apresenta a história de Claude é uma novata que relata através de sua percepção.

Durante as décadas de 60 e 70, Fernanda Grudet, conhecida como a famosa Madame Claude, chefiava uma grande rede de prostituição de luxo em Paris. Os clientes eram políticos, artistas e grandes empresários, como Marlon Brando e J.F. Kennedy. Com esse início, provoca uma curiosidade ao telespectador sobre uma mulher que comandava um negócio de sexo em uma época em que o assunto era um verdadeiro tabu.

A primeira parte do filme mostra Madame Caude já no cargo de poder negociando com a polícia. O plot inicial é a chegada de mais de 200 garotas novas e sua equipe, entre elas a Sidonie (Garance Marillier) e a Virginie (Liah O’Prey), que mais para frente o longa revela que as duas terão destinos completamente diferentes.

A história de Claude se revela em breves relatos, onde fala sobre a criação provinciana que teve, uma gravidez indesejada, onde deixa a filha com a mãe no interior e vai atrás de uma nova vida em Paris, uma desilusão amorosa aos 25 anos e uma tentativa de suicídio. Apesar da trama ser boa, Karole Rocher (Madame Hyde) não consegue convencer com o seu discurso na pele da protagonista. Assim, o espaço é aberto para a jovem Garance tomar a cena.

No início, Sidonie aparece como uma profissional do sexo refinada. Mas ao mesmo tempo, ela oscila entre uma pupila e traidora. Isso porque ao longo da produção, o enredo sugere a moça como um dos principais motivos da queda de Madame Claude de uma forma banalizada.

Dona de uma grande sensualidade, Madame era vista como um mito no mundo dos negócios para as suas agenciadas e para os seus clientes, carinhosamente chamados de “amigos”. O motivos de estar em uma posição de poder, privilégio e proteção pelo governo eram os favores que concedia aos interesses políticos do período dos ex-presidentes Charlles De Gaulle e Georges Pompideu. Mas isso com o tempo mostra que ela também pode se colocar em risco. No entanto, o filme não abrange explicações e nem dá tantos detalhes sobre a sua queda.

O sexo está presente na produção, mas não é o foco de Os Segredos de Madame Claude. O roteiro aborda com mais detalhes a história da mulher no poder e a destruição do seu império.

No fim do filme, Madame Claude passa a sofrer ameaças fantasmas e se vê obrigada a abandonar o país. No entanto, ela retorna em 1985 e tenta retomar os seus negócios em 1992. Esse trecho é contado sem muitos detalhes e de uma forma rápida. Infelizmente nos 30 minutos finais o ritmo se perde e a narrativa se apoia de maneira repetitiva em Karole Rocher, mas não compromete o longa.

Os Segredos de Madame Claude é uma espécie de intriga policial e política resumido no poder de prostituição. A história é boa, mas a falta de detalhes e aprofundamentos sobre determinados temas deixa um pouco a desejar e transforma em um enredo vazio. Até mesmo o feminismo seria uma ótima pauta para debates ao longo do filme, mas é suavizado. Apesar disso, não é uma produção ruim e pode ser interessante para quem não conhece nada sobre a Madame Claude.


Critica

Título: Os Segredos de Madame Claude
Direção e Roteiro: Sylvie Verheyde
Elenco: Karole Rocher, Roschdy Zem, Garance Marillier, Pierre Deladonchamps, Annabelle Belmondo, Hafsia Herzi, Joséphine de La Baume, Mylène Jampanoï


Nota: 3.5/5

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Ludimila Villalba