Crítica | Os Irregulares de Baker Street não é a melhor produção do universo de Sherlock Holmes

Os Irregulares de Baker Street

Não tem como falar sobre as histórias de Sherlock Holmes e não lembrar, quase que automaticamente, sobre sua mente brilhante e os mistérios que cercam a Baker Street. E, apesar de haver uma infinidade de produções sobre o universo do detetive mais conhecido do mundo, nunca é demais lançar outra, certo? Depois de comprar os direitos de Enola Holmes (2020), a Netflix – assim como grande parte de seus assinantes – curtiu o gostinho do universo Holmes e decidiu investir em mais uma produção sobre: Os Irregulares de Baker Street (The Irregulars, 2021).

Lançada na última sexta-feira, 26, a série é inspirada em um grupo de personagens que aparecem em três livros de Sherlock Holmes: Beatrice (Thaddea Graham), Jessie (Darci Shaw), Spike (McKell David), Leo (Harrison Osterfield) e Billy (Jojo Macari). Mas, não se preocupe, pois é óbvio que a Netflix não se esqueceu da dupla favorita dos fãs de Holmes: Sherlock (Henry Lloyd-Hughes) e Dr. John Watson (Royce Pierreson).

O enredo parece simples, ainda que tenha suas partes complexas como toda produção que envolva o detetive. Com o mesmo cenário de Inglaterra Vitoriana, a história envolve mistérios sobrenaturais e críticas sociais da época, além de mostrar as diversas formas de amar – boas e ruins -. Confira o trailer abaixo:

Vídeo: Youtube

Entretanto, Tom Bidwell, o Produtor Executivo, Criador e Roteirista da produção, deixou a desejar em alguns aspectos, o que acaba por decepcionar os fãs do universo. Dividida em dez episódios de aproximadamente cinquenta minutos cada, a história não prende e cada episódio é denso demais, o que, além de tornar tudo mais cansativo de assistir, ainda contribui para uma desvalorização dos poucos minutos realmente envolventes da trama.

Por outro lado, Bidwell conseguiu manter a mesma essência das outras séries de Holmes, em que cada episódio envolve um caso novo a ser solucionado, mas que ainda entrelaça os problemas dos personagens principais e traz uma concordância nos acontecimentos que estão por vir. Bidwell também obteve sucesso ao roteirizar a amizade dos personagens, já que, mesmo que seja focada em um público mais jovem, não traz impasses comuns de adolescentes.

Contudo, dos cinco personagens principais, apenas três lideram de longe as melhores atuações na trama, sendo eles a Thaddea Graham, Darci Shaw e Jojo Macari. Apesar dos cinco terem uma grande química e se darem super bem com os seus personagens, tanto Harrison Osterfield quanto McKell David são atores que se desenvolveram ao longo da trama. No início, era perceptível a falta de aptidão em suas interpretações. Mas, David conseguiu entregar uma grande melhoria ao final da série e seu crescimento diante das câmeras fora imensurável. Já Osterfield, ainda que também tenha apresentado tal amadurecimento em sua forma de atuação, ainda faltou uma melhora nas cenas mais emocionantes e tristes.

Em contrapartida, o espectador é presenteado com as atuações de Jonjo O’Neill (Mycroft Holmes) e Henry Lloyd-Hughes. Enquanto O’Neill dá vida ao irmão arrogante de Holmes com louvor, Hughes traz todas as características essenciais de Sherlock, com o toque de ironia e comédia que todos amam. E assim como eles, Royce Pierreson não fica para trás ao interpretar Watson e, mesmo com a mudança na personalidade do personagem, entregou impecavelmente a sua atuação.

Por fim, é importante destacar dois pontos que o espectador já vem presenciando nas produções da plataforma de streaming: a igualdade racial e a trilha sonora moderna em séries e filmes de época. Ao passo que a Netflix segue acertando ao inserir mais personagens e atores negros em suas tramas – embora aqui o príncipe seja loiro do olho azul, há sempre uma figura autoritária negra ao decorrer da série, como o próprio Watson, por exemplo -, ela erra ao trazer uma trilha sonora com músicas do século XXI em uma produção 100% século XIX, como feito em Bridgerton (2020, por exemplo). Tal questão se torna ainda mais aleatória quando Sherlock finalmente aparece na história e a trilha muda automaticamente para um som instrumental típico do detetive.

Em suma, Os Irregulares de Baker Street é o tipo de série que, talvez, não agradará o gosto dos fãs de Holmes, visto que algumas mudanças nas características internas da dupla de detetives não foram tão agradáveis. Enquanto Enola Holmes foi um sucesso para a plataforma, a nova série pode não ser tão apaixonante e sim um tanto quanto decepcionante.

Título:    Os Irregulares de Baker Street”
Showrunner: Tom Bidwell
Criador: Tom Bidwell
Elenco: McKell David, Thaddea Graham, Jojo Macari, Harrison Osterfield, Darci Shaw, Clarke Peters, Royce Pierreson, Henry Lloyd-Hughes, Edward Hogg, Alex Ferns

Nota:  2/5

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Raphaela Lima
Completamente apaixonada por música e pelo Spider-Man, usa seu conhecimento sobre a comunicação e a cultura pop e seu vício em filmes e memes para complementar a equipe das nerds da cadeira.