Crítica: ‘Os Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seiya’ (Netflix)

De tempos em tempos, a TOEI Animation – estúdio de animação japonês que detém os direitos de ‘Os Cavaleiros do Zodíaco‘ – busca uma maneira de resgatar o nostálgico desenho que marcou a década de 90 no Brasil. E agora, em 2019, é a vez de ‘Os Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seiya‘ tentar resgatar a série, através da Netflix.

Verdade seja dita, Os Cavaleiros do Zodíaco não possuem mais tanta força no mercado como antigamente. O principal pilar da franquia, é a nostalgia que seus fãs constantemente buscam amaciá-la. Seja no Japão ou no Brasil – ou até mesmo em alguns países da Europa -, o público consumidor não é exatamente o público alvo da TOEI. A franquia se sustenta mundialmente com relançamentos constantes do seu mangá e com produtos super valorizados que muitas vezes são inacessíveis para seus consumidores (mas isso é assunto para outra conversa).

No entanto, o principal alvo da TOEI continua sendo os Estados Unidos, um país que não adotou Os Cavaleiros do Zodíaco, ou devemos dizer, The Knights Of Zodiac, com o mesmo carinho que nós adotamos. Motivo? Ninguém sabe ao certo, mas talvez a história original alterada para os padrões americanos não tenha sido uma boa ideia, por exemplo, transformar Hyoga de Cisne em um surfista. Confira a abertura da série nos EUA e tire suas conclusões.

Por esse motivo, a franquia se encontra em constante reboot ou releituras, buscando atingir o mercado norte-americano. Assim como foi em ‘Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário‘, o longa em CGI de 2014 e com o tão discutido filme em Live Action, que aparentemente se encontra na geladeira (Ufa!).

Com o crescimento das apostas certeiras da Netflix em animações originais, não era nenhuma surpresa que a TOEI Animation logo tentasse mais uma vez conquistar o público e mais uma nova geração de fãs, assim como já fomos todos um dia, jovens.

Foto: Divulgação/Netflix

A animação contaria com 12 episódios em sua primeira temporada, que semanas antes do lançamento, fora divido em 2 partes com 6 episódios cada. Nesta primeira parte, em comparação com a obra original, a série cobre até o fim da saga do Ikki e os Cavaleiros Negros.

Como toda releitura e adaptação, a série animada da Netflix conta com mudanças. Mudanças que alguns chamariam de drásticas e os mais fervorosos, de ofensa. Mas é necessário sempre ressaltar, a nova animação não veio para agradar os fãs de longa data, o objetivo aqui é conquistar uma nova geração.

Entre as mudanças, o bondoso Shun de Andrômeda agora é a bondosa Shun de Andrômeda (na versão brasileira. Na versão americana, Shaun). A ameaça de Vander e seu exército (pasmem fãs! exército!!) e a lista segue, com mudanças minuciósas. Da mudança do Shun para a Shun (!!??) e a presença do exército, já foi o suficiente para os fãs, não o público alvo, condenar a série à morte.

Mas fez tanta diferença assim? Mudou a essência do personagem?

ou

Mas pra quê mudar?

É compreensível a mudança, uma vez que a série busca uma nova geração de fãs e conquistar um novo público, principalmente americano. Oras, até os Power Rangers fizeram isso na década de 90 e ninguém reclamou! O Zyuranger (a versão japonesa e original dos Mighty Morphin Power Rangers) Amarelo – Sim! AmarelOOOO!! – foi transformado ocidentalmente em Ranger AmarelAAA(!!), a saudosa Trini.

Mas e o exército ein?! Precisava disso?! Honestamente, não precisava, mas é compreensível, a série precisava de uma ameaça nos primeiros episódios para que não focasse tanto no Torneio Galático (ou Torneio Galáctico, na Netflix) assim como foi feito na série original. Quando Ikki e seus Cavaleiros Negros surgem, a trama de Vander já se torna secundária e ao fim da primeira parte, já nem se lembra mais da existência dele.

Foto: Divulgação/Netflix

A grande questão se torna: Vale condenar uma série bastante fiel à obra original apenas por esses dois fatores e outros mínimos detalhes?

Os combates e a própria trama se torna corrida, afinal, são 6 episódios para resolver o que a série original levou quase 20. Não que seja ruim, como um fã incondicional que vós escreve, fico feliz por não assistir um episódio onde seja 25% preparação de golpe + 25% aplicação de golpe + 50% de pleonasmo. A essência de Os Cavaleiros do Zodíaco está ali, quer queira ou não.

Sem contar as constantes referências à obra original, que estão presentes tanto nos episódios quanto na abertura, intitulada

A verdade é que ‘Os Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seiya‘ é uma versão divertida da obra original. Talvez as pessoas não sentem de tempos em tempos no sofá para re-assistir, como fazem com a série clássica, mas vale o passatempo. E sejamos honestos, vai dizer mesmo que você não se empolgou ao ver Aiolia no começo e o gancho dos Cavaleiros de Prata no final?

O futuro da série está na mãos dos jovens cavaleiros fãs para qual a série foi feita. Basta esperarmos ansiosos que a série seja produzida por completa.

Título: Os Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seiya (Knights Of The Zodiac: Saint Seiya)

Plantaforma: Netflix

Elenco (vozes): Hermes Baroli, Ursula Bezerra, Élcio Sodré, Francisco Bretas, Leonardo Camilo, Letícia Quinto.

Episódios disponíveis: 6

Data de Lançamento: 19 de Julho de 2019

Nota: 8/10

Confira mais sobre Os Cavaleiros do Zodíaco em nosso site. Os 6 primeiros episódios já estão disponíveis na Netflix e você pode conferir o trailer acima ou pelo link.

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