Crítica | O Recepcionista desperdiça talentos com roteiro vazio

O Recepcionista crítica

Não é preciso de muito para saber que um filme desperdiça tudo que tem em um roteiro fraco. Ainda mais quando falamos de um suspense. Existem certas exigências para que um filme entre nessa categoria, como tensão e trilha sonora. E por mais incrível que pareça, O Recepcionista (The Night Clerk) não consegue atingir nenhum dos temas, na verdade nada. Veja bem, o filme tem um assassinato, um jovem com atitudes questionáveis e um bom detetive (ou até deveria ser), mas a trama não consegue desenvolver nada.

O filme inicialmente lembra muito produções como Psicose e seu remake Bates Motel, mas mesmo que seu protagonista (Tye Sheridan) consiga entregar um jovem antissocial com sérios problemas para se comunicar, a trama consegue falhar drasticamente na construção do mesmo. Assim como Norman, o jovem trabalha em um hotel, e então não demora muito para se apaixonar por uma das hospedes. Mas veja bem, estamos falando de um jovem ansioso, e como dito antes, com dificuldade para se comunicar, dessa forma, o mesmo passa a observar as pessoas. Assim, ele começa a copiar e até mesmo repetir falas de outras pessoas, procurando a si mesmo entre elas.

Roteiro e Direção

O Recepcionista poderia ter ido para diferentes caminhos, poderia até mesmo ser uma minissérie. Entretanto, o roteiro e direção fraco de Michael Cristofer não levam essa história a lugar nenhum. Não é preciso mais do que 30 minutos dessa produção para saber que o diretor não sabe aonde está indo. Por mais que o mesmo tente trazer um plot twist interessante em sua finalização, a falta de desenvolvimento resultam numa falha e fraca produção.

Não é exagero dizer que o filme é uma grande perda de tempo, ainda mais para um elenco tão promissor. Bart, personagem de Sheridan, não consegue cativar um carisma, por mais que ator tente fugir de atuações únicas como a de Freddie Highmore, os buracos de seu roteiro nos fazem questionar por que ninguém pediu para refazer esse roteiro. Não é diferente com Ana de Armas, é inacreditável que uma atriz com tanto talento acabe em uma produção para ser apenas o rostinho bonito. Mas não para ai, o diretor ainda faz questão de colocar a atriz em uma cena de nudez, o que simplesmente não faz sentido. Como quase todas as cenas da atriz no filme, quando ela aparece quase nua é como se remetesse ao que parece ser uma ilusão de adolescente preso em site pornô.

Veja bem, estamos falando de um menino com distúrbios, que apesar de não falar sua idade deve ter uns 22. Enquanto a atriz da vida a uma mulher com pouca diferença de idade. Até tal cena, o roteiro estava tentando construir uma relação normal entre os dois, o que foi facilmente desconstruído.

Fotografia e Trilha Sonora
Crítica | O Recepcionista desperdiça talentos com roteiro vazio
Crítica | O Recepcionista desperdiça talentos com roteiro vazio

Aqui está mais um ponto para esse filme conseguir a façanha de fracassar, e consegue, não duvide disso. Entenda, filmes de suspense precisam de uma grande força de sua fotografia, mas principalmente da sua trilha sonora. Entretanto, sabe aquelas músicas de elevador, que simplesmente ninguém mais aguenta? O filme faz questão de abordar tal. É como se não houvesse mais dinheiro para bancar e alguém baixou a playlist: “músicas de elevador para morrer de tédio” e colocou no filme. É simplesmente inacreditável.

Mas, mesmo que o filme tivesse uma trilha sonora de arrepiar, ou de fazer qualquer pessoa não piscar de tensão, a trama não sabe construir um suspense. O que acaba tragicamente caindo no climão de elevador o filme todo. Se tal categoria existisse, sem sombras de dúvidas “O Recepcionista” entraria como exemplo.

Finalização

Tye Sheridan e Ana de Armas poderiam ter sido uma grande dupla se estivessem nas mãos de John Krasinski e até mesmo Jordan Peele. Mas ao invés disso, o diretor aposta em uma produção estranha com uma tensão sexual desnecessária. É perceptível que o filme tem um pequeno orçamento, já que o elenco é composto por menos de 10 pessoas, o que é impossível imaginar em ambiente de hotelaria. Mas, mesmo com elenco pequeno, orçamento baixo, podemos ver o que Krasinski foi capaz de fazer. No final das contas, Michael Cristofer era a pessoa errada para esse projeto. Fato que já é surpreendente demais, já que o mesmo é um vencedor do Pultizer, e que consiga a façanha de estar a frente de algo tão vazio.

Crítica | O Recepcionista desperdiça talentos com roteiro vázio
Crítica | O Recepcionista desperdiça talentos com roteiro vazio
Crítica | O Recepcionista desperdiça talentos com roteiro vazio

Direção e roteiro: Michael Cristofer

Elenco: Tye Sheridan, Ana de Armas e John Alberto Leguizamo.

Nota: 1/5

Marta Fresneda
Líder do site de entretenimento O Quarto Nerd. Apaixonada por cultura pop, com objetivo de influenciar e incentivar mulheres na área de comunicação voltado ao mundo nerd.