Crítica | O Protocolo de Auschwitz é uma verdade nua e crua do Holocausto que não havia sido contada

O Protocolo de Auschwitz

Mesmo depois de 70 anos desde o fim da Segunda Guerra Mundial, suas atrocidades ainda perpetuam no mundo atual. Com centenas de produções que retratam esse período e, principalmente, a Alemanha Nazista e o Holocausto, contar uma nova história – baseada em fatos reais – é desafiador. Peter Bebjak aceitou o desafio e agora, O Protocolo de Auschwitz foi a aposta da Eslovênia como Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2021.

O longa é baseado no livro What Dante Did Not See (O que Dante Não Viu, em tradução literal), de Afréd Wtzler. Assim, Bebjak conta a história de dois prisioneiros judeus eslovacos, Rudolf Vrba (Peter Ondrejicka) e Wetzler (Noel Czuczor), que escaparam de Auschwitz e arriscaram a própria vida para contar os atos desumanos que aconteciam na realidade nazista.

É importante lembrar que a Alemanha Nazista só conseguiu tais feitos horrendos porque grande parte do que faziam não era de conhecimento global. A própria Cruz Vermelha visitou os campos de concentração, mas os nazistas faziam de tudo para esconder a verdade. Por isso que a fuga de Vrba e Wetzler é crucial para salvar milhares de vidas, mas o que O Protocolo de Auschwitz busca retratar, é a verdade da jornada que os dois eslovacos percorreram para fugir do campo de concentração.

Foto: Reprodução

Sem qualquer filtro ou trilha para intensificar o que era mostrado na tela, Bebjak experimenta apresentar a verdade crua, sem embelezamento ou romantização. Corpos em cima de corpos jogados em galpões, ou judeus enterrados vivos, apenas com a cabeça de fora para, então, serem pisoteados por um cavalo – sem suspense, trilha e filtro nenhum. Bebjak propõe considerar aquilo cruel pelo fato em si, e não por induções externas que já são o truque da indústria cinematográfica.

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E se já não estava óbvio, o diretor gosta de trabalhar com emoções em O Protocolo de Auschwitz. Sua direção de câmera acompanha a fuja de Vrba e Wetzler e faz praticamente tudo que os dois eslovacos fazem. A câmera treme e até vira na vertical, simbolizando o stress que eles estão passando por escaparem de Auschwitz.

No entanto, para tudo que a direção agrega de valor no filme, duas atuações não vão além da zona de conforto. Elas são ótimas, mas não estão a altura da direção. Assim, deixa a desejar e, de certa forma, impede a audiência de criar vínculo com tais personagens.

Sem sombra de dúvidas, O Protocolo de Auschwitz traz uma nova visão ao terrível Holocausto. Uma visão corajosa e de um povo não muito falado em produções sobre o assunto. A Eslováquia ser representada e ter um pouco de sua história contada dentro de algo já extensamente conhecido traz luz sob aspectos dos anos 40 que nunca tiveram sua devida atenção. Assim, os absurdos que Vrba e Wetzler passaram e o lado negligente das relações internacionais ganharam espaço em um longa que precisa sim ter estômago para ver. Mas, no fim, não tem como ignorar o que aconteceu ou romantizar. Bebjak, assim como muitos outros, mostrou a verdade. Ela está aí para quem quiser ver.

O Protocolo de Auschwitz está disponível nas principais plataformas digitais para aluguel e compra nas versões dublada ou legendada. Confira o trailer aqui.

Crítica

Título:   O Protocolo de Auschwitz
Roteiro: Peter Bebjak, Tomás Bombík, Jozef Pastéka
Direção: Peter Bebjak
Elenco:  Noël Czuczor, Peter Ondrejicka, John Hannah, Michal Rezný, Kamil Nozynski, Christoph Bach, Wojciech Mecwaldowski, Jacek Beler
Nota:  4/5

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Gabrielle Yumi
Jornalista e sócia do Quarto Nerd, sou apaixonada por cultura pop e whovian all the way. Busco ativamente influenciar e ampliar a voz de mulheres no meio geek/nerd. Cabelo colorido e muito pop é quem eu sou dentro do meu quarto nerd.