Crítica: “O Doutrinador” mostra que o cinema nacional pode entregar um filme de super-herói de alta qualidade

Em 2007, “Tropa de Elite” chegou aos cinemas e mudou o cinema nacional. Com um filme de ação policial retratando a sociedade e a política da época. Muitos acreditaram que seria um novo começo para o cinema nacional, porém com o passar do tempo, o longa se consagradou como um dos melhores filmes brasileiros e o cinema nacional retornou ao status quo.


No ano seguinte, a era dos super heróis começaria a caminhar para sua era de ouro. “Homem de Ferro” e “Batman: O Cavaleiro das Trevas” estreavam e começavam a desenvolver a nova era do cinema mundial, onde o gênero dos super heróis é explorado de diversas maneiras e perspectivas. Era uma questão de tempo, até o cinema brasileiro resolver aderir ao universo dos heróis.


O Doutrinador” é o primeiro longa metragem brasileiro do gênero de super herói. O filme é a prova de que o cinema nacional possui uma capacidade muito mais além de comédias batidas com os atores que estão em alta. 




O Doutrinador” surgiu das HQs, criado por Luciano Cunha em 2008. Após cinco anos de sua criação, Luciano resolveu lançar sua obra em redes sociais para que o público tivesse acesso, sem depender de editoras. O Doutrinador é um anti herói que caça corruptos, ele pune todos aqueles que contribuem à roubalheira da elite política de forma radical: aniquilando sem piedade os políticos corruptos, de todas a matizes ideológicas. 


O longa adapta a trama do anti herói, contando a história de Miguel (Kiko Pissolato), um agente federal altamente treinado e perito em armas. Após a morte de sua filha, ele parte para uma jornada pessoal de vingança, assumindo a identidade de um vigilante mascarado. O Doutrinador faz justiça com as próprias mãos exterminando todos aqueles que ele considera responsáveis pela morte de sua filha.


O maior destaque do longa, não se deve por adotar um gênero inédito ainda no Brasil, mas sim por um olhar totalmente inédito do cinema brasileiro. Desde a primeira cena, “O Doutrinador” deixa claro que não é apenas mais um filme nacional. Sua composição, trilha sonora e a palheta de cores escolhida para cada cena para retratar uma São Paulo que só os fãs e admiradores de super heróis conseguem enxergar.




É satisfatório como o filme consegue balancear os dois lados da produção, ao entregar tanto um filme policial quanto um filme de super heróis. Uma originalidade que permite o longa ser pé no chão ao mesmo tempo que ousar e lembrar o espectador que é um filme baseado em super heróis.


O filme acaba por desejar nos diálogos, onde não transmite a essência dos personagens. Diálogos caricatos e alguns esteriótipos brasileiros que são problemas recorrentes em filmes nacionais. 


O Doutrinador” tem o potencial para se consolidar como um dos melhores filmes brasileiros e para abrir portas para uma nova era de filmes nacionais.

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