Crítica | Missão de Sobrevivência desperdiça Gerard Butler mas tenta ser progressista

Crítica | Missão de Sobrevivência desperdiça Gerard Butler mas tenta ser progressista

Que todo filme de ação – principalmente envolvendo guerras – parece uma versão da mesma receita é fato. Porém, Missão de Sobrevivência traz um ingrediente que há muito tempo não era visto em produções norte-americanas do gênero: dose de autocrítica. Mesmo explorando de vários vícios e lugares cômodos de um filme de ação, o longa de Ric Roman Waugh aposta na autenticidade de seus personagens secundários e valoriza a cultura local, ao passo que condena e escancara a brutalidade do mesmo.

Em seu terceiro trabalho com o diretor, Gerard Butler interpreta o agente da CIA, Tom Harris. Quando a identidade de Harris é exposta em uma missão de resgate no Afeganistão, ele e seu tradutor afegão, Mo (Navid Negahban), precisam escapar em meio a uma série de militantes do Talibã e apoiadores do ISIS.

Por mais que no todo, Missão de Sobrevivência beba muito da mesma fonte que qualquer outro filme de ação genérico, o roteiro de Mitchell LaFortune tenta retratar questões de brutalidade sob um governo teocrático, especialmente para mulheres educadoras. De certa forma, LaFortune consegue explorar o tema, trazendo pontos de visão diferentes sob o mesmo assunto, e como cada um sofre a sua maneira com tal brutalidade.

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No entanto, o roteiro se dedica no desenvolvimento de todos os personagens, menos Tom. Há nuances e propósito em Mo – com parênteses para a sólida performance de Navid -, enquanto resta apenas armas e explosões para o personagem de Butler. Entre as cenas de ação, quando a narrativa lhes dá um momento de conexão e troca, Mo possui profundidade e ganha o público com sua trajetória, já Tom é tão interessante quanto um pedaço de papelão.

A falta de protagonismo do personagem principal dá lugar a interessante retratação dos personagens locais, destaque aqui para a quantidade massiva de falas em língua local dos personagens não-americanos. Isso se mostra como uma pequena tentativa de autocrítica ao imperialismo norte-americano, que julga e impõe suas línguas, políticas e culturas em sociedades. Tal tema é até pincelado em outro momento por Butler, mas nada mais profundo que uma fala. Nos resta acatar as demais migalhas de progressismo que o diretor deixa durante as 2 horas de filme.

Missão de Sobrevivência não mudará a história e nem ficará marcado pela sua tentativa, mas é definitivamente um passo seguro na direção certa quando se trata de retratação não estereotipada de outros países e culturas. Faltava apenas desenvolver uma história que enfatizasse também seu personagem principal.

Missão de Sobrevivência estreia de 27 de julho nos cinemas brasileiros.

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Crítica

Título: Missão de Sobrevivência
Direção: Ric Roman Waugh
Roteiro: Mitchell LaFortune
Elenco: Gerard Butler, Travis Fimmel, Ali Fazal, Tom Rhys Harries e Nina Toussaint-White
Nota: 3/5

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Gabrielle Yumi
Jornalista e sócia do Quarto Nerd, sou apaixonada por cultura pop e whovian all the way. Busco ativamente influenciar e ampliar a voz de mulheres no meio geek/nerd. Cabelo colorido e muito pop é quem eu sou dentro do meu quarto nerd.