Crítica: Minha Mãe é uma Peça 3 – A morna despedida da aclamada Dona Hermínia

Minha Mãe é uma Peça 3

Dona Hermínia (Paulo Gustavo) está de volta às telonas. A terceira sequência do longa Minha Mãe é uma Peça chega aos cinemas com um retrospecto de grande sucesso e recordes de bilheteria entre os filmes nacionais, consagrando o trabalho do humorista Paulo Gustavo e da caricatura divertidíssima de sua mãe, a inspiração do filme (antes representada no teatro).

Dirigida por Susana Garcia e roteirizada por Paulo Gustavo e Fil Braz, a terceira – e possivelmente última – sequência da franquia repete a fórmula de sucesso dos filmes anteriores e de outras produções nacionais, explorando a cotidianidade como elemento cômico e personagens caricatos, sem apresentar grandes novidades.

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Dona Hermínia (Paulo Gustavo) enfrentou no longa anterior a síndrome do ninho vazio e agora, já habituada à sua nova realidade, passa a ocupar-se de novas atividades, como ir à feira, sair com seu grupo de amigas para dançar e até viajar para o exterior. Mesmo assim, os traços exagerados da personagem enquanto mãe persistem, tendo de lidar agora com o noivado de Juliano (Rodrigo Pandolfo) e com a gravidez inesperada de Marcelina (Mariana Xavier), além da recusa de seus filhos em aceitarem suas sugestões e palpites. Outro dilema vivido pela protagonista é a relação com Carlos Alberto (Herson Capri) que, mais uma vez, caminha entre o amor e o ódio, com diálogos repetitivos e piadas forçadas que acabam desgastando ainda mais a dinâmica entre os dois personagens. Nesse contexto, a posição de independência e empoderamento de Dona Hermínia poderia ter sido melhor explorada, não associando-a sempre à falta de uma figura masculina que a acompanhe.

Assim como nas outras duas versões, existem pontas soltas que acabam não sendo desenvolvidas ao decorrer do filme, como por exemplo a participação do filho mais velho de Dona Hermínia, Garib (Bruno Bebianno), um personagem que acabou sendo negligenciado pela franquia, não somando praticamente nada à história. Ou ainda a viagem súbita da protagonista à Hollywood, que não trouxe sentido algum para a narrativa, mesmo sendo uma das cenas mais engraçadas do longa. Outra questão abordada pelo terceiro capítulo da sequência é, como citado anteriormente, o noivado e casamento de Juliano, o filho gay da protagonista. Essa era, sem sombra de dúvidas, uma ótima oportunidade para tratar de um tema tão importante como é o casamento homo afetivo, e tão próximo a realidade do próprio ator e roteirista do filme Paulo Gustavo, fato que acabou sendo deixado de lado frente à rixa criada entre Dona Hermínia e Ana (Stella Maria Rodrigues), sogra de seu filho. Além disso, pouco se viu de interação entre o casal, inclusive durante a cerimônia de casamento, talvez por uma questão de comercialidade e aceitação do público, o que empobreceu o impacto da temática no longa.

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O filme, de maneira geral, não foge às obviedades ao propor conflitos de fácil resolução, piadas rápidas e diálogos superficiais, mas que, dentro da proposta do longa funcionam. A trilha sonora age como norteadora das emoções do telespectador, evidenciando as cenas de maior comoção e aquelas que foram feitas para provocar risadas, em conjunto com a fotografia do longa, que conta com cartões postais de Niterói, Rio de Janeiro e Hollywood.

Sem fugir muito do que já havia sido sucesso nos dois primeiros capítulos da franquia, Minha Mãe é uma Peça 3 é uma boa pedida para quem busca se divertir e dar boas risadas sem esperar muita profundidade no enredo. Dona Hermínia segue ácida, certeira e muito engraçada em mais uma bela atuação e caracterização de Paulo Gustavo. O filme estreia dia 26 de dezembro nos cinemas de todo o país.

Por: Natália de Souza

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Marta Fresneda
Líder do site de entretenimento O Quarto Nerd. Apaixonada por cultura pop, com objetivo de influenciar e incentivar mulheres na área de comunicação voltado ao mundo nerd.