Crítica – “Lucifer”: O que não esperar do Diabo

Atenção! A crítica a seguir possui spoilers da série.

Ontem, 21, chegou na Netflix a 5º temporada de “Lucifer”. A série, que havia sido cancelada pela Fox em 2018, ganhou a sua segunda temporada pela plataforma e conseguiu surpreender de todas as maneiras possíveis – boas e ruins -.

Após termos sofrido com o final da 4º temporada, onde Lucifer decide voltar para o inferno e deixar sua vida em LA, já tínhamos uma ideia de como seria a nova temporada. Baseando-se no trailer que havia sido liberado pela Netflix no mês passado, sabíamos que novo plot twist estava para acontecer, mas, o que não esperávamos era que esse não fosse o único. Ao contrário do que imaginávamos, esta temporada nos entregou 8 episódios envolventes – ainda que você fique com vários pontos de interrogação pairando sobre sua cabeça-.

Vídeo: Youtube – Netflix

Construção de Enredo

Há algumas semanas, os produtores da série Joe Henderson e Ildy Modrovich contaram que, como deveria ser a última, seria normal sentirmos um ar de despedida na 5º temporada. Contudo, ficou faltando contar que esta temporada, com certeza, seria muito mais confusa do que as demais e que a sensação de despedida seria, na verdade, a sensação de que a série foi acelerada e que várias informações importantes não nos foram passadas.

No primeiro episódio somos apresentados ao novo personagem que já era esperado após a divulgação do trailer: o Arcanjo Miguel (Tom Ellis). Além do novo vilão – que parece substituir a antiga personagem frustrante de Inbar Lavi, Eva -, o episódio introduz ao espectador a atual situação da Detetive Decker (Lauren German) e de Lucifer (Tom Ellis) após sua partida. Mas, não muito diferente dos demais, o primeiro episódio se mostra confuso e um tanto intrigante, nos fazendo questionar se vale ou não a pena continuar assistindo.

A resposta é simples: vale!

Por mais confusa que esteja, a série está, claramente, passando por uma mudança de categoria, saindo do estilo procedural – estilo muito presente nos anos 90 e bastante adotado por séries de comédia e criminais – e se aproximando cada vez mais do estilo serializada – onde, ainda que cada episódio tenha uma nova problemática, o carro chefe da série é a própria temporada -. A verdade é que, ainda que seja mais uma comédia com um bom casal clichê, que não consegue ficar junto, “Lucifer” consegue prender a atenção do espectador a cada drama que surge.

Personagens e atuações

  • Miguel X Lucifer

Com a chegada de Miguel, esperava-se que a 5º temporada girasse em torno dos problemas que o gêmeo do mau traria na vida do “Diabo mais querido da TV”, certo? Errado! O novo personagem tenta se passar pelo irmão durante os dois primeiros episódios, o que acaba sendo uma tentativa frustrante – os fãs agradecem! – do Arcanjo, já que, além da fiel escudeira Mazikeen (Lesley-Ann Brandt) do Diabo, Chloe também percebe a mudança de personalidade repentina do par romântico, dando um verdadeiro show de trollagem para os espectadores.

Ainda que o novo personagem de Tom Ellis promete ser o grande vilão para a segunda parte da 5º temporada, faltou uma explicação maior das intenções do gêmeo do mau nesta primeira parte. Ao que entendemos, o arcanjo está apenas querendo mostrar como Lucifer é o vilão que não merece atenção, quando, de fato, ele é quem planta toda a discórdia ao seu redor. Como se não bastasse, a relação entre o “Pai de todos” e Miguel fica confusa ao decorrer dos episódios, nos deixando com a dúvida de que se Deus realmente fora enganado por seu filho e que Este não dá a mínima pela maldade que ele derrama por onde passa.

De qualquer forma, vale ressaltar aqui que, independente de como o vilão parece ter sido esquecido ao decorrer dos episódios, a atuação de Tom Ellis é digna de ser lembrada. Ellis consegue facilmente fazer com que o espectador diferencie Lucifer de Miguel em um piscar de olhos, mesmo nas cenas que possuem diálogo entre os dois personagens.

  • Coadjuvantes

Em seguida, a série parece tomar outro rumo, desviando a ideia de vilão perfeito que tínhamos de Miguel e voltando a apresentar problemas pessoais de Lucifer e seus coadjuvantes. A notícia boa é que a série não parece mais ter o Diabo como centro das atenções, o que dá oportunidade aos problemas dos outros personagens que, antes, só serviam de base para uma comédia mal estruturada.

Mazikeen, mais uma vez, traz ao público seus problemas pessoais sem pé e nem cabeça que provocam um distanciamento da personagem do resto da trama. Desta vez, o demônio trava uma luta consigo por causa de sua mãe, Lilith e, de novo, perde o rumo dos acontecimentos da série, se fazendo descartável perante ao elenco. A personagem possui diversos campos a serem explorados, mas, também, sempre acaba sendo vítima de uma manipulação barata do vilão da história, como já vimos acontecer em outras temporadas e vemos de novo nesta nova.

Outro personagem que parece ter sido esquecido pelos roteiristas é o Detetive (e ex-marido de Chloe) Daniel (Kevin Alejandro), o qual parece servir para completar o número mínimo de elenco para a série acontecer. O personagem não se faz necessário em nenhuma parte da trama, mesmo quando, finalmente, conhece a verdadeira face de Lucifer ou quando Chloe é sequestrada pelo irmão do mau. Nem mesmo quando Trixie (Scarlett Estevez) está em cena, Daniel mostra alguma relevância em fazer parte do elenco.

Ainda seguindo a ideia de personagens perdidos na história, podemos ressaltar como Linda (Rachel Harris) e Amenadiel (D. B. Woodside) passam a aparecer apenas quando o assunto se refere ao filho deles. Enquanto Linda ainda busca manter a relação com suas amigas (e devo destacar aqui um dos melhores episódios da temporada que é quando as quatro mulheres da série saem para uma noite das garotas) e manter o seu trabalho, Amenadiel parece se preocupar unicamente se o seu filho terá sua descendência angelical ou não.

Em contrapartida, Ella (Aimee Garcia) se mostra perfeita para o papel de cientista forense. Com seu charme cativante, Aimee interpreta uma verdadeira coadjuvante que, ainda sim, os problemas se mostram mais interessante do que os problemas dos personagens principais. Com toda a certeza, os dois últimos episódios da série são os melhores de toda a temporada, uma vez que, além de desenrolarem uma série de emoções na personagem, ainda temos a entrada triunfal de Dennis Haysbert como Deus.

Conclusão

Em 8 episódios de aproximadamente 60 minutos, “Lucifer” conseguiu se desenvolver e agarrar a Netflix como dona da série, já que se parece cada vez mais com uma produção original da plataforma.

A série baseada na obra de Neil Gaiman e Sam Keith, possui um roteiro cheio de reviravoltas e episódios “soltos” (como o episódio noir que, aparentemente, só serviu para implantar uma decepção desnecessária em Maze), fazendo com que a 5º temporada de “Lucifer” seja, de longe, uma das melhores, ainda que tenha explorado mais a fundo o relacionamento entre o Diabo e a Detetive Decker sem atrasar, pela milésima vez, a relação dos pombinhos.

Título: Lucifer
Temporadas: 5
Elenco: Tom Ellis, Laura German, Lesley-Ann Brandt, Kevin Alejandro, D. B. Woodside, Rachel Harris, Aimee Garcia, Scarlett Estevez, Dennis Haysbert.

Nota: 3,5/5

E você? Já assistiu a nova temporada?
Deixe nos comentários o que achou!

Raphaela Lima
Completamente apaixonada por música e pelo Spider-Man, usa seu conhecimento sobre a comunicação e a cultura pop e seu vício em filmes e memes para complementar a equipe das nerds da cadeira.