Crítica | Liga da Justiça de Zack Snyder é melhor, mas não pelo motivo que você pensa

Liga da Justiça de Zack Snyder

No universo distante dos críticos de cinema, muito se é discutido sobre comparação. Seria realmente honesto com a produção e o leitor fazer isso e agregaria mais do que individualiza a obra? Pois bem, com Liga da Justiça de Zack Snyder (2021), a comparação se faz obrigatória. Não existe meio de avaliar a versão de Snyder sem compará-la com a “original”, de 2017. Após feita essa comparação, percebe-se que, de fato, o diretor entrega uma versão melhor. Veja bem: não é sensacional, mas melhor que Liga da Justiça (2017) de Joss Whedon. Mas até que ponto e sob quais circunstâncias?

Aliás, importante destacar que a história é, essencialmente, a mesma. Depois dos acontecimentos em Batman v Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice, 2016), o Lobo de Estepe chega à Terra com o objetivo de unir as três Caixas Maternas, instrumentos poderosos, que são usadas para destruir tudo.

Assim, Batman (Ben Affleck) procura recrutar o máximo de “pessoas com habilidades” para combater essa ameaça iminente, e é aí que Mulher-Maravilha (Gal Gadot), Flash (Ezra Miller), Aquaman (Jason Momoa) e Ciborgue (Ray Fisher) entram. Sabendo que não conseguirão fazer isso sozinhos, os heróis decidem reviver o Superman (Henry Cavill).

Mesmo com o “mesmo roteiro” – a explicação das aspas vem mais para frente – e com uma lista dos erros cometidos por Whedon em 2017, Snyder ainda sim peca. Peca no excesso e peca na rigorosidade em se manter autêntico, mas mais do que tudo, peca na infeliz decisão de tornar do longa uma epopéia.

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Porque simplesmente não funciona. Principalmente quando é muito destacado na trilha sonora. A cenas de ação não condizem, de maneira nenhuma, com o que a audiência ouve, que é quase como ouvir uma “luz divina” e grandiosidade refletidas no personagem, que irritam e prejudicam as várias cenas de luta boas do longa.

Mas o Snyder insiste em ser o Snyder. Registrar sua marca. E isso acaba refletindo também nas mulheres e figuras femininas mal escritas. Várias das tensões românticas retratadas são desnecessárias, além das cenas proto feministas, com frases de efeito que, no fim, não tem efeito algum.

E talvez, isso seja o que mais cansa em quatro horas de filme. Então, assistir uma vez é interessante: ver as diferenças das duas versões da Liga da Justiça, comprar a ideia de que o Snyder realmente tinha mais a mostrar etc. Mas parar para assistir novamente depois disso? São longas quatro horas, assistir de uma vez só é pedir muito.

Então como que o Snydercut é melhor que a versão de 2017? As aspas usadas anteriormente nesse texto que são a chave. É o mesmo roteiro mas, ao mesmo empo, não é. As quatro horas utilizadas pelo diretor fizeram, pelo menos, o mínimo: desenvolver coerentemente. O recrutamento dos heróis fez sentido, as Caixas Maternas fizeram sentido, o tão esperado Darkseid, fez sentido. E esse havia sido o maior erro de Whedon.

Fotos: Reprodução

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O roteiro do Snydercut conseguiu desenvolver as raízes da história dessa Liga da Justiça, onde vimos quem aqueles heróis são e como eles se encaixam naquela narrativa. Além do merecido holofote no Victor Stone, o Ciborgue. O arco do personagem é o mais bem trabalhado que, sem sombra de dúvidas, faria o personagem ganhar um filme solo. Uma pena que na atual situação entre a Warner e o Fischer, isso está muito longe de acontecer.

E claro, o desfecho do longa. Após longas horas, o final surpreende. Além de amarrar as pontas principais, dá destinos à personagens que pareciam esquecidos, como Lex Luthor (Jesse Eisenberg) e Deathstroke (Joe Manganiello), e finaliza com a promessa de que aquilo foi só uma das peças do quebra-cabeça. Cabe a nós esperar ansiosamente para ver a imagem que iria se formar. Isso, claro, se tivesse lançado originalmente.

Porém, ao mesmo tempo que Snyder consegue entregar (bem) uma boa parte do que prometeu durante três anos, não tem como negar que as condições estavam favoráveis para isso acontecer. O diretor não teria quatro preciosas horas de seus fãs frente à uma tela de cinema em pleno 2017. Além disso, o Snydercut se tornou realidade após três filmes protagonizando alguns dos heróis da Liga saírem nos cinemas e o diretor saber muito bem o que funciona e o que não.

Portanto, sim, o Snydercut é uma versão melhor de Liga da Justiça. Mas Zack teve tempo de narrativa de sobra, anos de feedback sobre personagens da DC e uma legião de fãs ao seu favor para entregar tal feito. Puro mérito é discutível.

Crítica
Título:   Liga da Justiça de Zack Snyder
Direção: Zack Snyder
Roteiro: Zack Snyder e Chris Terrio
Elenco: Ben Affleck, Henry Cavill, Amy Adams, Gal Gadot, Ezra Miller, Jason Momoa, Ray Fisher, Jeremy Irons, Diane Lane, Connie Nielsen, J. K. Simmons, Ciarán Hinds
Nota:  3/5

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Gabrielle Yumi
Jornalista e sócia do Quarto Nerd, sou apaixonada por cultura pop e whovian all the way. Busco ativamente influenciar e ampliar a voz de mulheres no meio geek/nerd. Cabelo colorido e muito pop é quem eu sou dentro do meu quarto nerd.