Crítica | La Casa de Papel perde sua essência, mas ainda é um lembrete de esperança

La Casa de Papel

Ontem, 03 de dezembro, chegou a plataforma da Netflix a 5º e última parte da série aclamada, La Casa de Papel (2017-2021). A produção, que ficou conhecida no início de 2017 por causa de seu roteiro brilhante e personagens cativantes (mesmo sendo foras da lei), encerrou sua trajetória após 4 anos aguçando a curiosidade do público para mais uma temporada. Mas, claro que seus últimos episódios não poderiam perder a principal moral da trama: a esperança é a última que morre.

Vídeo: Divulgação

Com os últimos 5 episódios lançados nesta sexta-feira, La Casa de Papel foi (e ainda é) uma das poucas produções realmente boas produzidas pela Netflix. Mesmo com alguns desvios de roteiro e um enredo cansativo, a série ainda consegue prender a atenção dos telespectadores após tantos episódios. Claro que isso tem a ver com o fato da Netflix ter explorado e se aproveitado do sucesso que a série possuiu, para prolongá-la e trabalhar ainda mais o background de cada personagem.

Contudo, apesar de manter alguns dos ingredientes importantes para o desenrolar da trama, é possível dizer que, diferente de todas as outras partes, os três primeiros episódios lançados ontem, não fazem jus ao frio na barriga que a produção normalmente proporciona. Falta ação e mistério, mas há um exagero no drama e as emoções se perdem ao longo do caminho. Para quem está assistindo, a impressão é que o diretor e o roteirista se perderam no enredo e/ou quiseram preencher lacunas com romances rasos e sem química.

Sem muito entusiasmo, o telespectador é preso pela única e exclusiva vontade de se despedir da trama. Por mais que seja completa de reviravoltas, lições de moral e metáforas para o mundo real, todos sabem que a série se prolongou apenas pelo seu sucesso imediato, já que a história pareceu ficar em último lugar, fazendo com que a narrativa contada em segundo plano se torne mais atrativa do que o enredo principal. Isto é: é muito mais atrativo assistir aos flashbacks de Berlim (Pedro Alonso) do que as escapatórias do Professor (Álvaro Morte).

E por falar em fugir, fica claro durante cada episódio, como o roteiro foi escrito de forma acelerada, deixando pontas soltas e uma urgência sem necessidade no último episódio. O único ponto positivo de toda a série é sua capacidade de manter a chama da esperança acesa no coração de telespectador, mesmo que para isso ele tenha que aguentar alguns momentos de tensão.

La Casa de Papel chegou ao fim e, com ele, a obrigação da plataforma em aprender a terminar com as produções que precisam terminar, mesmo que isso envolva uma fama imediatista e fugaz de seus telespectadores. Não era preciso tornar a Tóquio (Úrsula Corberó) ainda mais irritante com seu egocentrismo, e muito menos com sua narrativa dramática e mórbida por todas as temporadas. Assim como também não era preciso mostrar como a genialidade do Professor não passava de uma terceirização de ideias.

Em suma, La Casa de Papel cumpriu com o seu dever (há 3 partes atrás), mesmo que tenha custado muito para isso. A trama ainda é muito boa para ajudar em bloqueios criativos, mas, com certeza, precisava de uma dose equilibrada de enredo.

Crítica

Título: La Casa de Papel
Criação: Álex Pina
Elenco: Álvaro Morte, Úrsula Corberó, Pedro Alonso, Miguel Herrán, Jaime Lorente, Itziar Ituño, Esther Acebo, Alba Flores.

Nota: 3/5

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Raphaela Lima
Completamente apaixonada por música e pelo Spider-Man, usa seu conhecimento sobre a comunicação e a cultura pop e seu vício em filmes e memes para complementar a equipe das nerds da cadeira.