Talvez a coisa mais comum de vermos dentro qualquer coisa que faça um sucesso mundial, são as paródias ou referências feitas em cima disso. Quantas paródias ou referências já foram feitas, e estão sendo feitas nesse momento? É muito comum vermos isso sendo feito em filmes clichês ou filmes “classe B”. Pegue por exemplo Super-Herói: O Filme de 2008, o filme estrelado por Drake Bell é claramente uma paródia ao gênero de heróis usando fantasias coladas e que combatem o crime após ganharem habilidades sobre-humanas.
E Super-Herói: O Filme foi um dos primeiros passos dentro da mídia audiovisual a trazer um outro lado, mesmo que cômico, desse mundo de heróis e vilões, bem contra o mal, destruição em massa, morte de inocentes, invasões alienígenas e o que mais você lembrar que envolva os filmes dos personagens da Marvel e da DC.
E lógico, depois deles tivemos a criação de outras nuances desse tema tão querido pelos fãs de quadrinhos e de cinema. Desde de Kick-Ass- Quebrando tudo de 2010, as séries como Arrow, Flash, Supergirl e claro a amada The Boys, todas elas trazem a discussão da responsabilidade das ações dos heróis, a psique dos nossos vigilantes mascarados, e claro, mostraram que nem tudo é tão preto no branco como algumas obras traziam antes.
É claro que para termos todas essas obras já citadas, os quadrinhos aconteceram antes, sejam em obras fechadas e já concluídas, como Kick-Ass e The Boys, todas elas passaram pelas revistas, encadernados e também versões digitais (porque não?). E além dessas já consagradas obras, temos os quadrinhos de Invencível, do mesmo criador de The Walking Dead, o já conhecido Robert Kirkman, a história em quadrinho conta com 144 capítulos lançados entre 2003 a 2018, finalmente teve uma adaptação para televisão, ou nesse caso streaming.
Pegando todos esses elementos já citados, paródias, referências, críticas aos próprios heróis e por aí vai, Invencível trouxe uma primeira temporada surpreendente. Com uma história que começa clichê, com Mark Grayson, o filho de um dos maiores heróis da terra, descobrindo seus poderes e aprendendo a como usar eles e posteriormente lutar contra o crime usando eles, a história parecia que seguiria esse mesmo rumo. No entanto, o final do primeiro episódio que é a grande virada de chave, isso acontece quando seu pai, o Omni-Man, mata brutalmente os Guardiões do Globo, a Liga da Justiça desse mundo, e o pior de tudo, não é falado nem explicado o porquê de ele fazer tal atrocidade, e é aí que a série começa seu brilho.
Apesar de ser uma animação que em poucas vezes pode incomodar, por causa do traço ou qualquer outra coisa, a histórias e o mistério criado em cima de todo o roteiro compensam todo o resto da animação. A primeira temporada de Invencível poderia ser descrita matematicamente como uma função crescente e continua, cada momento que se passa você vê que a série evolui e se melhora sem ter nenhuma parada brusca ou quebra de ritmo.
Com personagens que são referências a personagens já consagrados, como é o caso dos já citas Guardiões do Globo que são inspirados na Liga da Justiça, ou a Força Jovem que é claramente uma referência aos Jovens Titãs da DC, e claro o Omni-Man e Mark Grayson, ou o Invencível, que são respectivamente inspirados no Super-Homem e no Homem-Aranha. Além das referências aos heróis mais conhecidos, temos também referências a outras obras, desde de Hellboy e indo até mesmo aos monstros gigantes, Invencível é uma grata surpresa para os fãs de cultura pop em geral.
E junto de toda essa história de mistério sobre a morte dos maiores defensores da terra, invasões alienígenas, demônios detetives e viagens ao espaço, Invencível ainda traz consigo todos os dramas adolescentes. Desde de saber separar a vida de encapuzado e de um estudante tentando namorar e decidir para qual faculdade quer ir, o mundo da série consegue ser apresentado aos poucos e cria uma base sólida para as próximas temporadas, que inclusive já estão confirmadas.
Outro ponto positivo da animação é saber trazer a mudança necessária para que a adaptação funcione bem, a história é feita de um jeito que atrai o público novo e consegue manter os leitores da história original. Com a mudança de etnia ou do sexo de alguns personagens, e passando por incluir novos elementos que não foram feitos antes, não tem como criticar o roteiro disso tudo.
Pra quem leu os quadrinhos, a adaptação foi muito bem feita e não perdeu essência alguma da história original. E pra quem já conhecia e leu antes, a expectativa das próximas temporadas é enorme, principalmente quando temos um final que deixa em aberto que veremos o lado mais cósmico desse universo, assim como um possível conflito de dimensões.
Outro ponto que a série traz, é a exploração dos personagens secundários, todo personagem que aparece que tem mais de 30 segundos de tela, é certeza que ele vai retornar. E isso tudo mostra que a história, apesar de o foco ser isso, não se prende somente aos heróis e batalhas grandiosas com risco de destruir o mundo ou coisa parecida.
Invencível também mostra a consequência das ações desses super seres, desde do início da série é notável como os heróis procuram salvar os inocentes e não tem como foco principal derrotar os vilões ou acabar com a ameaça primeiro. Assim como também é mostrado o peso de vermos uma morte causada por uma falha de julgamento do próprio protagonista em certos momentos, isso tudo constrói um personagem mais humano e é mais fácil sentir empatia por ele.
Outro fator importante da série é a violência, durante quase todo o primeiro episódio não vemos sangue e muito menos uma brutalidade por qualquer um dos heróis e vilões. No entanto, o final do primeiro episódio mostrou que a classificação de +18 anos não é à toa, com uma chuva de sangue e uma sequência de mortes horríveis, é claro como o sucesso de The Boys permitiu que a Amazon desse carta branca pra que essa história tivesse esse tanto de violência explícita.
Indo para o lado mais técnico da produção, a animação acertou ao trazer grandes nomes para serem as vozes de seu elenco, Steven Yeun, JK Simmons, Mark Hammil, Sandra Oh, Zazie Beetz e Zachary Quinto são algumas das vozes que você pode ver encarnando os personagens da animação. Assim como a trilha sonora se encaixa perfeitamente em todos os momentos, o trabalho feito em cima do seriado para fazer o espectador entrar de cabeça nesse mundo é tão bem-feita, que após o final de cada episódio você sente falta e com vontade de ver a continuação daquilo tudo.
Considerações finais:
Invencível foi um sucesso inegável dentro dos fãs e da crítica, tanto por causa de seu roteiro que prende o espectador em cada episódio, quanto por causa da discussão sobre as consequências de se ter seres tão poderosos vivendo junto da humanidade. A série consegue trazer essas abordagens de uma maneira tão bem feita que é difícil achar pontos ruins em termos de roteiro e de história. No entanto, a animação se mostrou um pouco fraca em comparação ao resto do conjunto que é a obra, mas a expectativa que em futuras temporadas ocorra a melhoria desse ponto.
Título: Invencível
Direção: Simon Racioppa.
Produtores: Robert Kirkman, Simon Racioppa, David Alpert, Catherine Winder, Seth Rogen e Evan Goldberg
Dubladores: Steven Yeun, JK Simmons, Sandra Oh, Mark Hamill, Seth Rogen, Gillian Jacobs, Andrew Rannells, Zazie Beetz, e Walton Goggins.
Nota 4,8/5,0
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