Crítica I Indiana Jones e a Relíquia do Destino – Falta o gostinho de quero mais

Indiana Jones

Indiana Jones e a Relíquia do Destino, o aguardado 5° filme da franquia, chegou aos cinemas brasileiros em 29 de Junho de 2023. Após o decepcionante Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008), este filme é uma melhora significativa. No entanto, apesar de divertido, não consegue deixar um gostinho de quero mais.

cartaz indiana Jones 5

Sobre a produção do filme

Dirigido por James Mangold (Logan e Ford vs Ferrari), o filme apresenta uma sequência inicial de 20 minutos com um Harrison Ford (Indiana Jones, Blade Runner 2049) rejuvenescido digitalmente. Embora tenha havido melhorias notáveis na tecnologia de efeitos especiais em comparação com os últimos filmes de Star Wars, ainda é possível notar algumas falhas, especialmente na falta de expressão facial do ator. Esse estranhamento no início do filme pode afastar o espectador em vez de envolvê-lo, o que é um ponto negativo, especialmente considerando que este é um possível adeus ao personagem icônico.

Com um orçamento milionário, impulsionado pela presença da Disney como produtora, Indiana Jones e a Relíquia do Destino investe amplamente em efeitos especiais, especialmente no rejuvenescimento digital de Ford. Embora a decisão de usar essa técnica divida opiniões, fica a sensação de que todo o orçamento foi direcionado para esse aspecto, faltando investimentos em locações reais e outros efeitos especiais. Além disso, algumas cenas que utilizam chroma key poderiam ter sido realizadas em ambientes reais, proporcionando um maior valor de produção. Os efeitos especiais em determinadas sequências, como a das enguias, também parecem ter recebido menos atenção do que mereciam.

No entanto, um dos pontos positivos do filme são as atuações do elenco. Phoebe Waller-Bridge (Fleabag) está deliciosamente divertida como Helena, proporcionando alívio cômico e conduzindo a trama com habilidade, transitando entre momentos engraçados e emocionais. Mads Mikkelsen (Druk, 007:Cassino Royale) também se destaca ao trazer complexidade ao vilão, oferecendo uma abordagem diferenciada em relação aos filmes anteriores.

Alerta de SPOILER de Indiana Jones e a Relíquia do Destino!

A trama do filme gira em torno de Indiana Jones, que está prestes a se aposentar da Universidade, quando sua afilhada Helena surge para roubar metade de um artefato em sua posse. Agora, ele deve persegui-la e recuperar o que foi roubado, ao mesmo tempo em que enfrenta a perseguição de um nazista que também busca o objeto.

Apesar de apresentar uma história simples, o filme explora o tema do tempo. Indiana é confrontado com a ideia de aposentadoria, enquanto Helena desempenha o papel de uma jovem imprudente que o faz lembrar de seu eu do passado. O vilão busca alterar o passado para garantir a vitória do nazismo. No final, Indiana é confrontado com a possibilidade de permanecer no passado e se tornar ele mesmo uma relíquia, algo que Helena não permite.

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Embora o filme inclua todos os elementos característicos da franquia, como a Segunda Guerra Mundial, confrontos com nazistas e uma relíquia, Mangold falha em entregar uma decupagem bem executada. Nas cenas de ação, faltam planos abertos que permitam ao espectador compreender claramente o que está acontecendo. Em momentos emocionais, a falta de aproximação da câmera faz com que o público não se sinta imerso na história. Além disso, é notável a ausência de cenas icônicas que marcaram os filmes anteriores, como a famosa cena da bola perseguindo Indy em Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida (1981). Essa é a falta que Steven Spielberg (E.T., Os Fabelmans) faz.

O desfecho do filme deixa uma sensação de curiosidade sobre quem irá herdar o legado de Indiana Jones. Phoebe entregou uma atuação maravilhosa, e seria ótimo ver uma mulher liderando uma franquia tão grandiosa, mas ela não é uma Jones. Embora o filho tenha sido mencionado no filme, é explicado que ele faleceu. Nesse sentido, a esperança recai sobre Short Round, interpretado pelo entusiasmado ator Ke Huy Quan (Tudo em todoo lugar ao mesmo tempo), que traria uma dose de nostalgia tão adorada pelos fãs. Embora não seja filho, ele foi um dos poucos que já usou o icônico chapéu do Indiana.

Considerações finais sobre Indiana Jones e a Relíquia do Destino

Em resumo, Indiana Jones e a Relíquia do Destino é uma aventura divertida, mas que deixa a desejar em alguns aspectos. O filme melhora em relação ao seu antecessor, apresentando uma trama simples e explorando o amadurecimento do personagem de Indiana Jones. As atuações são pontos fortes, especialmente a de Phoebe Waller-Bridge como Helena. No entanto, a direção de James Mangold falha ao não entregar sequências de ação impactantes e ao não capturar a essência dos filmes anteriores. A ausência de cenas icônicas e a incerteza sobre o futuro da franquia também são pontos de preocupação. No geral, é uma aventura que agrada aos fãs, mas que poderia ter alcançado um nível mais alto com uma execução mais cuidadosa.

Título: Indiana Jones e a Relíquia do Destino

Direção: James Mangold

Roteiro: Jez Butterworth; John-Henry Butterworth; David Koepp.

Elenco: Harrison Ford; Phoebe Waller-Bridge; Mads Mikkelsen; Antonio Bandeiras.

Nota: 3.0/5.0

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Carol Prado