Hunters não traz apenas uma adaptação de quadrinhos, é mais que um ousado e violento grupo de pessoas prontas para acabarem com nazistas. Que jogada ousada, a série sabe se equilibrar entre violência, tensão e com uma inacreditável pitada de comédia sarcástica. Porém, Hunters falha com seus protagonistas, dando mais espaço para a comédia sarcástica e seus personagens coadjuvantes, que são brevemente apresentados e trabalhados. Assim, a série se afoga em seu próprio roteiro/jogo que só tem sua jogada final bem planejada, deixando espaço para um futuro em aberto.
Baseado na história de um grupo de pessoas que caçavam nazistas escondidos nos Estados Unidos, no final dos anos 70. A série conta a história do jovem Jonah Heidelbaum (Logan Lerman), descontente de Judeu que trabalha em uma loja de quadrinhos em Nova York. Após o assassinato repentino e inexplicável de sua avó – uma sobrevivente do Holocausto chamada Ruth (Jeannie Berlin) – Jonah acaba caindo de cabeça no mundo dos “Caçadores“, que sua avó fazia parte secretamente, liderados pelo amigo de longa data de Ruth, e sobrevivente do Holocausto, Meyer Offerman (Al Pacino). À medida que os Caçadores passam por sua lista de possíveis alvos, sua missão começa a se cruzar com a de uma agente do FBI chamada Millie Morris (Jerrika Hinton).
Inicialmente, a série traz um lento e frustante piloto (primeiro episódio), se arrastando por quase 90 minutos, trazendo grandes questionamentos para a série. Mas, conforme Jonah vai se envolvendo mais com esse grupo peculiar de pessoas, a trama também se envolve em uma imperfeita e ambiciosa jornada. Sem medo de trabalhar o sensível, a série se aprofunda na violência, trazendo cenas agoniantes e planos de sequências incríveis (como uma de cena de boliche, ou em flashback em um centro de concentração, onde o assunto é a música). Apesar da trama não ser sangrenta, a tortura é constante na série, e claro que, cenas das atrocidades nazista não faltam. Apresentadas em flashbacks, á era nazista é apresentada para mostrar o incentivo para os caçadores e para o público. Com isso, Hunters ganha mais um peso psicológico, mas que é bem dosado com o acréscimo de pequenas cut scenes que acabam trazendo um tom sarcástico construído para se habituar com a década, como shows de tv faziam na época.
Claro que colocar um jovem de 19 anos, beirando os anos 80, que trabalha em uma loja de quadrinhos, é pedir para referências e citações de grandes clássicos da cultura pop. As cenas que envolvem Jonah e seus amigos são jorradas de referências e grandes menções á super-heróis. Mas, o garoto que perdeu seu ente mais próximo, e que acaba sendo acolhido por um homem rico que lhe ensina ‘a caçar’, e mostra á ele seus segredos, lhe parece familiar, não? Com isso, Jonah e Meyer acabam tendo um relacionamento muito parecido com o de Robin e Batman, mas do ponto de vista do próprio Robin (não diremos qual, cabe a você descobrir).
Quase uma década se passou, e Logan Lerman ainda consegue interpretar um jovem de 19 anos, apesar do ator estar beirando os 30, Lerman ainda consegue fazer o jovem que está entrando na fase adulta e sendo obrigado a amadurecer, sem esforços. Jonah passa por uma grande evolução na série, e as cenas de violência o acompanham, com Meyer como seu mentor, mas até essa evolução acontecer, Jonah (Logan Lerman) e Meyer (Al Pacino) acabam caindo no mesmismo.
Apesar de Logan Lerman e Al Pacino serem os grandes nomes da série, seus personagens acabam tendo um desenvolvimento lento, então o grande atrativo da série acaba ficando com seus companheiros de caça. Radnor á frente de todos, com seu ator esquecido com o tempo, apesar do pouco tempo de tela, e personagens pouco explorados, deixando um buraco no peito de cada, Radnor, Carol Kane, Sal Rubinek (o casal), Tiffany Boone (Roxy), Louis Ozawa (Joe), Jerrika Hinton (Millie, agente do FBI) e Kate Mulvany (Harriet, a freira) são o grande atrativo que a série poderia trazer.
O grande problema que a série enfrenta é o seu roteiro, a série grita em suas jogadas agressivas e violentas. Mas quando tais momentos são deixados de lado, a adaptação de HQs não sabe trabalhar o tempo que tem, e acaba se afogando na enrolação.
Hunters traz uma grande jogada de xadrez, violenta e sagaz, apesar de se afogar em seu próprio roteiro, lento e enrolado. Deixando seus protagonistas de lado, dando espaço para uma comédia sarcástica e um tanto questionável. A identidade de Peele é forte na série, mas talvez a falta do seu toque na direção peca. Banhado em cultura pop, a série começa a correr em seus 2 últimos episódios, trazendo grandes assuntos para se discutir em uma possível nova temporada, trazendo plot twists, e algumas confusões e buracos que a primeira temporada deixou.
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