Crítica | Mais incrível que seu antecessor, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso é o maior apoteose sinfônico já feito de um super-herói.

Crítica Homem-Aranha Através do Aranhaverso

Nos últimos 2 anos, o mercado cinematográfico de heróis tem enfrentado muitos problemas. A quantidade massiva de conteúdos criados, deixando de lado a qualidade, vem prejudicando obras e saturando um público cada vez mais exigente. Não é de se espantar que isso aconteça quando olhamos para trás e vemos o motivo pelo qual esse gênero sempre cria a expectativa de algo grandioso e bem construído.

Em 2017, a Sony anunciou a primeira animação do Aranhaverso – sob muita desconfiança. O estúdio se encontrava na contramão de seus concorrentes, lançando obras desse universo que, apesar de alguns terem atingido uma receita de bilheteria satisfatória, foram extremamente criticadas pelo público e pela crítica. Mas tudo isso caiu quando o primeiro filme estreou e se tornou não só o trabalho mais bem feito da Sony do universo do Homem-Aranha, como também elevou o patamar com seu estilo de animação único. Para muitos, era a melhor animação de um filme de quadrinhos já feito… até 2023.

Crítica Homem-Aranha Através do Aranhaverso

Dito isso, com um antecessor aclamado pelo público e pela crítica especializada no mundo inteiro, ganhando inúmeras premiações e o Oscar daquele ano, ou seja, torna-se uma tarefa desafiadora e é de se esperar como isso é feito. Homem-Aranha: Através do Aranhaverso é mais, muito mais do que qualquer fã do personagem possa esperar. O que o seu antecessor acerta, este dá aula; o que seu antecessor criou, este expande.

A história do filme se passa algum tempo depois do primeiro e já mostra Miles estabelecido em sua vizinhança como Homem-Aranha, mas é Gwen que dita o ritmo aqui, criando um paralelo perfeito entre seus problemas paternais, melhores desenvolvidos agora, e traumas com os que Miles enfrenta. É uma sequência muito bem contada e emociona pela sua sensibilidade com o que passamos. A identificação em certos momentos é inevitável.

Personagens já queridos do primeiro filme estão com alguns “upgrades” que divertem muito e do mesmo modo têm seus momentos de destaque. Mas com certeza, o ponto alto do filme são os novos personagens em seus mundos, todos com seu estilo diferente, sua personalidade. Nesse sentido, tem para todos os gostos, tipos, identificações, dos rebeldes aos sérios, dos narcisistas aos responsáveis, dos melancólicos aos empolgados, dos high-techs aos pré-históricos. Todos com seu estilo de desenho único. É uma viagem que faria um gerador de Avatares em IA parecer datado, uma aula de direção de arte. Dentre todos os Aranhas, temos o destaque para Hobie Brown (o Spider-Punk), Pavitr Prabhakar (o Spider indiano), Jessica Drew (a Spider-Woman) e Miguel O’Hara (Spider 2099), este último sendo melhor desenvolvido com uma história de fundo tocante e com motivações que funcionam muito bem, às vezes o fazendo como antagonista, mas sem perder a mão.

Crítica Homem-Aranha Através do Aranhaverso

O grande vilão do filme, o Mancha, pode ser considerado um ponto neutro. Alguns podem achar que ele não aparece tanto, mas é de extrema importância. O personagem que começa desengonçado, atrapalhado, no final se mostra um extremo perigo e com uma motivação que pode ser considerada boba, mas funcional e condizente com a história que é contada. Sua presença se justifica pela sua ameaça, e é o que faz a história se desenvolver, e traz consigo a tensão principal da história, além disso, a trilha sonora que continua maravilhosa faz parte história durante o filme inteiro.

Se você é fã do Aranha, o que não vai faltar nesse filme é serviço. Em todos os pontos, há alguma coisa do universo do teioso, e esse filme não colocou limite nenhum para isso. Quadrinho? Está lá! desenhos? Estão lá! brinquedos? Está lá, filmes? Está lá. Tudo que você acompanhou do Aranha nesses últimos anos está lá e flui em harmonia, orquestrado com muito cuidado, capricho e, acima de tudo, AMOR pelo personagem. Coisa que seu antecessor já tinha feito, mas esse faz questão de enfatizar e fazer mais.

Com um roteiro fluido e amarrado, uma história complexa e extremamente bem executada, com cenas de ação desenhadas com muito capricho e competência. Acima de tudo, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso fecha com um cliffhanger para o próximo filme, no melhor estilo “continua na edição #3”, e você mal pode esperar para esse volume chegar às bancas.

Crítica por: Renan Pinheiro.

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Crítica | Mais incrível que seu antecessor, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso é o maior apoteose sinfônico já feito de um super-herói.

Título: Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

Direção: Joaquim dos Santos, Kemb Powers e Justin K. Thompson.

Roteiro: Phil Lord, Christopher Miller e Dave Callaham

Elenco: Shameik Moore, Hailee Steinfield, Brian Tyree Henry, Luna Lauren Velez, Jake Johnson, Oscar Isaac, Jason Schwartzman, Issa Rae, Daniel Kaluuya e Karan Soni.

Nota: 5/5

Marta Fresneda
Líder do site de entretenimento O Quarto Nerd. Apaixonada por cultura pop, com objetivo de influenciar e incentivar mulheres na área de comunicação voltado ao mundo nerd.