Crítica: Hebe – A Estrela do Brasil | A surpresa do cinema nacional

Título Original: Hebe – A Estrela do Brasil

Elenco: Andréa Beltrão, Marco Ricca, Danton Mello, Caio Horowicz, Daniel Bonaventura, Stella Miranda, Felipe Rocha, Otávio Augusto

Direção: Maurício Farias

Duração: 112 minutos

País/Ano: Brasil/2019

Distribuição: Warner Bros.


Sem dúvidas Hebe – A Estrela do Brasil é uma linda homenagem a apresentadora brasileira Hebe Camargo, um filme sobre uma mulher que ia contra tudo que se regrada no Brasil por volta dos anos 80, um filme sobre uma história antiga, sobre preconceito, censura e relacionamento abusivo, uma história que se passa a quase 40 anos atrás mas que também não podia ser mais atual.

Hebe - Estrela do Brasil
Andréa Beltrão como Hebe Camargo. Divulgação.

Quando o regime militar se dizia ter chegado ao fim no Brasil, a apresentadora Hebe Camargo (Andréa Beltrão) ainda sofria a censura por debaixo dos narizes de milhões de brasileiros que acreditavam que finalmente, a TV brasileira não teria mais filtros e que a notícia viria, que a censura havia ficado pra trás. Mas enquanto Hebe, uma mulher que defendia grandes e pequenas causas há mais de 40 anos na televisão/rádio brasileira liderava seu programa ao vivo, sem filtros e com livre expressão, que naquela época muitos programas usavam como forma de protesto, a apresentadora falava dos aposentados, dos desempregados e dos LGBTQ+, o governo brasileiro não parecia satisfeito, e então decidiu tentar interferir em seu programa, enquanto os produtores da Band lutavam para que Hebe cedesse aos caprichos que o governo exigia, Hebe lutava contra a censura com pequenos gestos que podiam se passar desapercebidos pelos espectadores até então, até que, por pressão, Hebe decidiu que se não poderia falar abertamente, ela estaria fora da emissora e assim chegando a se demitir ao vivo.

Falar sobre Hebe Camargo é difícil como se fazer um filme sobre uma mulher que ainda há tantas histórias a contar? Dessa forma o roteiro de Carolina Kotscho resolve focar nessa época da vida de Hebe, trazendo um diferencial, já que sempre temos cinebiografias apresentadas com o passar do tempo, mostrando a vida da pessoas desde a infância até sua morte ou dias atuais. Já o roteiro de Hebe – A Estrela do Brasil traz uma história lenta, mas nada cansativa, uma trama de uma mulher corajosa e batalhadora que enfrentou o governo sozinha, em uma época que muitos pensariam duas vezes.

E claro, a grande joia do filme está na protagonista que não poderia faltar, sem o talento de Andréa Beltrão, talvez o filme não fosse a surpresa é para o cinema brasileiro, atriz que traz todo brilho, preocupação e a postura expressão que só a Hebe tinha, em uma atuação de papel completo como a grande apresentadora, uma mãe coruja, uma mulher que sofre com seu relacionamento abusivo, em sua paixão pela música, e até mesmo quando está bêbada. E tudo em volta de Andrea se completa, a fotografia e a paleta de cores são outros pontos fortes quando se sintonizam com o brilho das roupas e joias que Hebe costumava usar, mesmo em pequeno plano podemos ver que o brilho e o glamour é 100% presente em todas as cenas de Hebe, mesmo quando ela chora.

Apesar da direção de Maurício Farias ser a cereja no bolo de Hebe – A Estrela do Brasil, como dito aqui antes, o filme vai na contra mão do que é um cinebiografia quando mostrada a vida da pessoa ‘do começo ao fim’, e dessa forma, nesse filme temos uma faca de dois gumes, para não ser comparado com esse tipo de filme, a trama acaba sendo direcionada sem uma localização temporal, então quando há um salto no tempo durante as cenas o telespectador pode se sentir confuso inicialmente, o leva ao lento entendimento do filme.

Hebe – A Estrela do Brasil, é mais do que uma cinebiografia sobre uma apresentadora brasileira, é mais do que uma linda homenagem à Hebe Camargo, é o cinema brasileiro entendendo que pode sim se basear na própria história e fazer algo lindo, e algo antigo e atual, é sobre uma forte corajosa e glamorosa apresentadora que o Brasil já teve.

O filme chega aos cinemas nesta quinta-feira.

Marta Fresneda
Líder do site de entretenimento O Quarto Nerd. Apaixonada por cultura pop, com objetivo de influenciar e incentivar mulheres na área de comunicação voltado ao mundo nerd.