Mesmo com tempo corrido, Gatunas acerta com o que não conseguiu fazer em seu primeiro ano, assim deixando pequenos detalhes mais fortes do havia sido mostrado antes.
De um tempo pra cá, a Netflix adquiriu um novo formato para suas séries. Antes, seus episódios sempre passavam de uma hora e na maioria das vezes suas séries traziam mais de 10 episódios por temporada. Dessa forma, transformando grande parte das suas produções em conteúdos desnecessariamente longos. Mas, é claro que, no último ano a Netflix vem tentando diminuir o tempo e aumentar a qualidade de suas séries, o que deu muito certo com séries teens como “Sex Education“. Porém, enquanto algumas produções como “13 Reasons Why” se estendem por 4 (desnecessárias) temporadas, séries como Gatunas (Trinkets), acabam canceladas ou encerradas mais cedo.
A evolução da produção desde seu primeiro ano
Gatunas chegou essa semana em sua segunda e última temporada. A série baseada no livro de Kristen (mais conhecida como Kiwi) Smith, sabe explorar sua jornada, mais do que em sua primeira temporada. É claro que, a série encontra cada vez mais espaço para trabalhar nessa adaptação. Mas, é em seu segundo ano que “Gatunas” encontra espaço para finalmente encarar – e trazer – assuntos sérios com algumas críticas sociais. Enquanto em seu primeiro ano, a série resolveu focar em saúde mental e relacionamentos abusivos, a segunda usa esses problemas para dar ganchos a outros e explicar-los, e dar mais atenção aos detalhes.
Apesar de sua primeira temporada se arrastar entre acontecimentos, que claramente trariam consequências (em seu roteiro raso) a segunda temporada sabe se explorar melhor. Talvez “Gatunas” tenha recebido uma finalização precoce. Mas a produção conseguiu dar um olhar para todos os jovens de forma psicológica, em todas suas situações. A série tenta finalizar os acontecimentos já visto antes, encarando suas consequências e desafios, trazendo mais compreensão, inclusão, empoderamento e críticas sociais.
Enredo
Não é como se o elenco fosse colocado em algo desafiador, todos são usados entre diálogos do dia-a-dia da vida de um adolescente, mas sempre com uma pitada de drama. Apesar da série deixar claro que está levando suas ações com uma grande seriedade, alguns assuntos acabam aparecendo em um timing errado, o que leva a pergunta, “Por que isso não foi abordado em sua primeira temporada?“
A segunda temporada se inicia calma, não como se fosse realmente seu último ano, até parece que descobriram logo após gravar os primeiros episódios, que séria a última temporada. Mas, mesmo assim, a série quase se estabiliza entre os momentos de precisamos responder os detalhes do primeiro ano, e começar os diálogos do segundo. Porém, quando a série chega em seus últimos episódios ela percebe que ainda há lacunas a preencher, e explicação para dar. Dessa forma, a trama acaba abordando flashbacks para explicar ou intensificar alguma ação dos personagens. Entretanto, o formato pode trazer estranheza para aqueles que viram flashbacks anteriormente na série em um formato tão diferente.
Veja bem, apesar de sua primeira temporada se enrolar entre acontecimentos, não saber lidar com suas personagens e muito menos saber como comprar o público com essa história. É em seu segundo ano que a série se encontra, mas uma lastima que tudo tenha sido encerrado de forma tão abruta.
Finalização
Apesar de suas protagonistas terem seus arcos trabalhados de uma forma muito mais redonda, a finalização do trio é morna, mas é feita com uma saída triunfal. Enquanto os outros personagens a sua volta parecem correr para poder acompanha-las – principalmente em seus momentos finais. A temporada vai além da ideia “do último roubo juntas” é um junção de acontecimentos levemente previstos, confusões, e claro a audácia que só o trio sabe trazer.
Grande parte das adaptações de livros acabam fugindo muito da zona de conforto, e explorando novos ambientes – podendo ser positivo ou não para a trama. Mas com Gatunas, o livro de Smith, traz espaço para trabalhar, apesar da série trazer apenas um acontecimento do livros. Todavia, parte os estúdios acabam comprando a ideia, e transformando em algo totalmente novo. De novo, isso pode ser bom ou ruim, mesmo sendo na maioria das vezes ruim, mas no caso de Gatunas, é bom, a trama se transforma, mas mantém a perspicaz e audácia de suas personagens. Mas, a escritora do livro Smith é conhecida por ser roteirista de filmes de sucessos como “Legalmente Loira” e “10 Coisas que Odeio em Você“. Mesmo estando envolvida com a série, sua identidade é dada a falta na série.
Veja também: Crítica – “Lucifer”: O que não esperar do Diabo
A segunda temporada de Gatunas é muito melhor desenvolvida – apesar de mais apressada – do que sua primeira temporada. E ainda sim encontra espaço para falar de críticas sociais, dificuldade e empoderamento. É obvio que os acontecimentos não foram planejados a longo prazo, e talvez encerar assim seja um faca de duas pontas. A série consegue correr para fechar todas as pontas que abriu, mas alguns detalhes parecem ser colocados as presas, usando o timing errado. Gatunas se encerra com um linda obra de arte, um pedido de desculpas, a exposição de um macho escroto – que todos nos adoraríamos ver preso.
Crítica Gatunas 2ª temporada
Elenco: Brianna Hildebrand (Deadpool), Kiana Madeira (Bad Hair Day), Quintessa Swindell, Brandon Butler (13 Reasons Why), Odiseas Georgiadis (O Date Perfeito) e Henry Zaga (Os Novos Mutantes).
Baseado no romance de Kristen Smith
Netflix
Nota: 3,5