Após 8 anos, Game of Thrones chega ao seu fim. Com uma temporada com boas reviravoltas e alguns momentos previsíveis, a série não deixou de surpreender até quem não estava gostando. É necessário admitir sim que a quantidade reduzida de episódio e até mesmo a falta de uma ou duas temporadas a mais, afetou sim o desenvolvimento de algum modo.agora é impossível dizer se tivesse mais tempo, se a aceitação seria melhor. Infelizmente é impossível discutir sem spoilers, então se você ainda não assistiu, é melhor parar aqui.
O desfecho de Daenerys (Emilia Clarke) foi de fato chocante, mesmo que não tenha sido surpresa para muitos. E reforço novamente que não foi loucura, mas foram atitudes de alguém tão focada e desesperada em seguir o que veio fazendo a sua vida toda, que no final não conseguia ver o mundo de outro modo. Sim ,eu sei, o problema está justamente em ter sido apressado, mas realmente, vendo agora tivemos muitos momentos que nos deram um vislumbre dessa Daenerys “vilã” e “chata” para muitos. Não que ela estivesse errada em seguir seu sonho de ver um mundo livre, mas o preço a ser pago por isso era alto, muitas vidas ainda seriam perdidas e mudadas e nem sempre mudam para melhores. Nem sempre seguir fazendo o que é certo te torna alguém bom se durante o caminho você causa sofrimento a todos.
Apesar de Tyrion ter de fato ficado de lado quase a temporada toda, foi possível ver que ele carrega muita sabedoria e razão consigo e nunca deixou de se sentir aterrorizado mesmo fazendo o certo. A atuação de Peter Dinklage entrega isso muito bem quando deixamos de ver aquele personagem que conseguia fazer piada em quase todos os momentos, se tornar alguém com face assustada e por muitas vezes triste.
Sobre quem fica no poder, de fato foi algo surpreendente. Não serei capaz de falar se foi forçado, mas realmente fez sentido. Um dos personagens mais inusitados e atualmente um dos mais enigmáticos assumiu o cargo por uma boa causa. No fim, é possível ver que o sistema mudou e tudo foi escolhido para manter a ordem no reino, uma escolha sábia pois todo o conflito causado desde o começo da série foi de fato por pessoas que queriam seu ganho pessoal, ser governado por alguém que não quer mas mantém seu senso de justiça então parece uma escolha certa.
O final de Jon (Kit Harrington) talvez fosse o menos previsível. Muitos gostariam que ele assumisse o trono e governasse como fosse conveniente, mas o rapaz mesmo disse que nunca quis. Talvez até teorizar que ele fosse morto em algum momento encaixaria em um final trágico. Seu desfecho na série foi de fato agridoce, mas é possível ver aquele Jon de anos atrás talvez em seu melhor momento na vida, livre. Quem sabe só não faltou uma jovem ruiva selvagem/livre ao seu lado nesse momento.
O final de fato não foi um final. Claro que também imaginar uma sequência seja algo improvável para muitos mas vemos esse gancho aqui: um recomeço cheio de possibilidades para todos. Vai me dizer que não seria legal ver como estaria o reino daqui a uns 15, 20 anos? O futuro é de fato incerto. Também houveram momentos poéticos que faltaram em diversos momentos durante a temporada e durante a série, construídos aqui principalmente pela fotografia e pela trilha sonora, criando consigo algo de belo em um momento trágico. A temporada em si pode não ter sido perfeito e seu clima pode ter se distanciado da série que conhecemos e amamos, a falta dos livros para adaptar o roteiro e a quantidade reduzida de episódios podem ter contribuído negativamente, sem toda complexidade e desenvolvimento que estamos acostumados mas ainda proporcionou diversos momentos épicos e emocionantes e pela última vez.
Nota: 7/10