Crítica: Game of Thrones 08×04 | The Last of the Starks



Após a Batalha de Winterfell, é hora de focar na luta que realmente importa, afinal a série ainda carrega a palavra “Trono” em seu nome. Se nos dois primeiros episódios todo clima de suspense e tensão foram construídos em todo clima de despedida, nesse episódio ele parece ser esquecido e acaba se apressando.



Antes de estrear, já era comentado que possivelmente veríamos um episódio de “transição”, afinal os personagens precisam descansar, lamentar pelos seus mortos, se preparar para outra batalha… Até vemos isso na primeira metade algo que foi muito bem explorado já que ainda temos muitos personagens e grande parte dele ainda não teve seu tempo para interagir e é algo sempre muito bem-vindo. Durante sua segunda metade, o grande vilão da sétima temporada reaparece: a pressa. Sabemos que faltam apenas dois episódios para encerrar a série e que isso deveria ser mais aceitável a essa altura, mas as viagens apressadas ainda são bem difíceis de aceitar. Aliás, não são só as viagens que são tratadas assim mas toda a segunda metade do episódio pareceu totalmente apressada.



Não que tenha sido de todo mal. Afinal temos uma das cenas mais chocantes e inesperadas da temporada. Somos relembrados também de que nossos amados personagens não estão seguros, resgatando aquele clima de tensão do qual fez a série ser tão comentada. Esse clima é necessário não só para construir o clima de guerra e insegurança para os personagens mas ajuda desconstruir um pouco o final que eu e você temos em mente fazendo-nos questionar o desfecho que por muitas vezes parece óbvio. E isso também é alimentado pelo sentimento de despedida entre os personagens. 



Outro velho conhecido da série que foi muito bem-vinda são as tramas políticas. Um dos fatores que torna a série tão complexa é toda a filosofia e questionamento que traz sobre os personagens e principalmente sobre quem está no poder. Afinal, ninguém quer manter uma lealdade cega, e nesses momentos dois personagens resgatam em meio as suas conversas complexas e muito bem exploradas: Tyrion (Peter Dinklage) e Varys (Conleth Hill). Apesar dos dois estarem de lado nos últimos episódios desde a temporada passada, eles ainda se mostram necessários para entender toda a complexidade de lutar pelo poder e sobre merecê-lo, questionamento que é transmitido com sucesso para o telespectador.



A desconstrução de personagens de personagem também é algo que ficou apressado nos últimos episódios mas aqui em particular, nos faz pensar um pouco quando falamos de Daenerys (Emilia Clarke). Já é possível notar que a personagem parece ter uma obsessão pelo Trono de Ferro e em se tornar rainha dos Sete Reinos, algo que parece estar levando à loucura (seja qual for seu ponto de vista sobre isso). Inicialmente realmente parecia uma ideia forçada mas aqui temos uma noção melhor. Loucura inicialmente falando, não torna a personagem alguém ruim, veja como exemplo a Cersei (Lena Headey) que nesse episódio parece sã de si e toma atitudes calculistas e frias. Daenerys sempre foi apresentada como alguém justa e gentil mas que precisaria ser fria quando necessário, mas sempre notamos que suas decisões sejam boas ou ruins, nunca foram fáceis. Afinal, ela carrega o fardo em cima disso e creio que em parte isso vem pois ela está ficando cada vez mais só. Desde o início foi forçada a ver com desconfiança seus aliados e ainda pior quando os seus verdadeiros conselheiros são eliminados. Não pode-se negar a sensação de que ela parece cada vez mais sozinha e isso não é algo bom, principalmente nesse episódio nós conseguimos sentir a sua dor – algo muito bem alimentado pela atuação de Emilia – , ela contém sempre seus sentimentos, seu sofrimento e acaba segurando isso sozinha e isso nos faz sentir ainda mais empatia por ela mesmo que isso a leve a errar.



Não abrirei nenhuma teoria sobre o que vai acontecer a seguir ou sobre quem vai sentar no trono. A série apesar de todas essa pressa para terminar devido ao seu número de episódio, ainda consegue abrir espaço para questionamento sobre o que é certo sobre o que é errado, e assim como no início de tudo, fazer-nos pensar que os dois não significam em nada realmente. 




NOTA: 8/10

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