Crítica | Fada Madrinha não passa de um mar de clichês

Diversas produções natalinas estão chegando nos streamings para este final de ano, e a mais nova aquisição da Disney Plus foi a comédia Fada Madrinha (Godmothered, 2020), estrelando Jillian Bell e Isla Fisher, onde Bell interpreta Eleanor, uma aprendiz de fada madrinha que encontra uma carta de uma garotinha, chamada Mackenzie, interpretada por Fisher, que precisa de sua ajuda. Porém, o que ela não esperava é que esta fosse uma carta antiga e que a garotinha já é uma adulta de 40 anos.

No ano passado, o filme natalino escolhido para o catálogo do streaming do rato foi Noelle (2019), onde Anna Kendrick era a filha do papai Noel e se aventurava ao desconhecido: o mundo real. Esta foi uma incrível comédia, que conseguia divertir todo o público, crianças até adultos amantes do Natal. Já com Fada Madrinha, não acontece o mesmo. O filme acaba se perdendo com tanta magia que o roteiro propõe. Mas é claro, ele possui momentos divertidos, como no último ato, onde a desengonçada Eleanor constrói uma carruagem a partir de uma melancia, sendo um momento à lá Cinderela.

O longa está recheado de referências da cultura pop, por exemplo, a aprendiz de fada Madrinha assistindo A Noviça Rebelde (The Sound of Music, 1965), e os clichês já saturados que são encontrados em muitas outras animações – e live actions – da Disney.

A grande meta de Eleanor é proporcionar a Mackenzie o seu “felizes para sempre”, pois assim é a única jeito de realmente virar uma fada madrinha completa. Mas por outro lado, a personagem interpretada por Fisher não quer atingir o ideal final de contos de fada, e sim, apenas ser feliz. E esse acaba sendo um grande problema, pois Eleanor sempre fica repetindo que ela precisa de um “príncipe encantado” e todo o pacote completo do final feliz.

O estereótipo da protagonista mulher que precisa aprender a se amar

Foto: Reprodução |Crítica: Fada Madrinha não passa de um mar de clichês

Porém, como este é um filme tão óbvio, certamente a fada irá voltar atrás e perceber que Mackenzie não precisa de um romance perfeito para ser feliz, e sim, apenas estar rodeada das pessoas que ama. Esse final previsível ainda é presente em tantos filmes de comédia que já até perdeu o sentido. A ‘mocinha’ protagonista é sempre uma pessoa desastrada em que sua vida está de cabeça para baixo, e os dois finais mais óbvios são: ela termina junto com o cara perfeito, que provavelmente foi o mesmo que alfinetou durante todo o filme; ou ela aprende a se amar.

Este é o famoso estereótipo feminino que Hollywood ama, mas o público já está saturado de ver. Fada Madrinha tenta mostrar esse lado da mulher independente, mas erra como qualquer outra comédia feita nos últimos anos. A fórmula aqui presente não faz mais sentido, e talvez seria mais interessante se colocassem como principal, uma pessoa com uma vida normal que consegue conciliar – mesmo com dificuldade – uma grande parte dos aspectos de sua vida.

Fada Madrinha é uma ótima escolha para assistir com seu irmãozinho mais novo ou filho em um domingo de tédio, mas acaba se perdendo em seus milhares clichês. O longa está disponível no streaming do Disney Plus.

Confira o trailer:

Confira também:

Título: Fada Madrinha

Direção: Sharon Maguire

Elenco: Isla Fisher, Jillian Bell, June Squibb e Jane Curtin

Nota: 2/5

Avaliação: 2 de 5.
Camila Ferreira