A Netflix é atualmente a grande produtora de conteúdo para os jovens adultos. Seu catalogo está repleto de filmes e séries para esse público, tendo grandes sucessos como Sex Education, O Mundo Sombrio de Sabrina e outros. Agora, a Netflix lança mais uma série teen, dessa vez com mais diversidades, não só para o elenco mas como para seus protagonistas. Inicialmente, a série “Eu Nunca” prometia em seus trailers uma série focada nos desejos sexuais de sua protagonista, trazendo momentos desconfortáveis, mas engraçados, uma sitcom. Porém, a série acaba se desenrolando entre uma bola de neve na vida da protagonista, deixando a comédia apresentada do trailer de lado.
Contando a história estonteante e um pouco desesperada Dive (Maitreyi Ramakrishnan), corrompida por seu desejo ao desespero. Inicialmente, a série aborda de forma divertida o desespero da jovem, mas mostrando ao longo que existe muito mais escondido por debaixo dessa mudança repentina na vida dela. Essa mudança acontece de forma súbita, sem enrolação mas sem fazer muito alarde durante a transição.
Mas, o que não pode se dizer do mesmo da necessidade desnecessária que a série tem de mencionar outras séries famosas, ou nomes de grandes artistas. Durante suas diversas citações, está claro que a série mais do que grita por atenção, que claramente não era necessária, fazendo ligações incrivelmente desnecessárias. Em contrapartida, são rápidos e podem ser facilmente ignorados em seus primeiros episódios.
Depois de anos produzindo conteúdo com 13 ou mais episódios de 1 hora – ás vezes até mais – a Netflix vem produzindo conteúdos mais enxutos com menos episódios e menos tempo. Trazendo séries menos enroladas que o final acabava se enforcando em seu próprio roteiro lento. Assim mostrando conteúdos mais curtos fluem com mais facilidade, trazendo menos densidade e mais entretenimento. Mas, tal decisão pode ser um faca de dois gumes se não souber ser usada. O que para a série acaba trazendo alguns relacionamentos “do nada”, por não ter tempo de tela para trabalhar eles.
O roteiro de “Eu Nunca” flui com facilidade entre diversos assuntos, sem se afogar. Porém, o roteiro falha mais uma vez trazer o tipico besteirol americano, a trama pode não se afogar entre assuntos importantes, mas se afoga no abuso do clichê. Sendo assim, é possível imaginar com facilidade todo o percurso que a jovem tomará em sua jornada, sabendo de suas decisões do começo ao fim, ou seja, é possível saber o ‘final’ da história no primeiro capitulo. A trama também traz uma abordagem curiosa sobre a cultura indiana, respeitando, mas também tratando de forma silenciosa todos os porém’s que você provavelmente pensará: “isso ainda existe?”. Deixando para o telespectador a reflexão sobre aquilo.
Apesar da protagonista conseguir divertir e entreter o público, alguns atores simplesmente não conseguem alcançar tal carisma, assim algumas atuações acabam deixando a desejar. É perceptível o que a série tenta trabalhar desde o primeiro episódio, o mesmo se repete em relação a vida amorosa de Dive, mas quando o óbvio acontece, a química some. Outros casais na série são tão sem sal e açúcar quanto, mas dessa vez não é por falta de química e sim por espaço e tempo para trabalhar em ambos. É claro que em algum momento no futuro – talvez em uma nova temporada – tais personagens ganhem mais espaço de fala, mais enquanto isso não acontece eles acabam mais robôs de set.
No geral, a série teen “Eu Nunca” consegue fluir com facilidade, mas falha em se aprofundar em seus personagens. Mas acerta trazendo muito mais conteúdo e representatividade que é mostrado em seus trailers. Porém, cai pesadamente em ser mais um besteirol americano, se afundando em seus clichês pré-datados. Apesar de trazer uma protagonista divertidamente desesperada, acaba deixando de lado seus coadjuvantes trazendo atuações e personagens rasos.
Crítica: Eu Nunca
Nota: 2,5/5
Criação: Mindy Kaling e Lang Fisher
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