Crítica |Episódio 1 da 2ª temporada de Loki é uma nova esperança para a Marvel na TV

Loki está de volta para tentar salvar o Universo Marvel, já que a segunda temporada de sua série solo no MCU retornou ao Disney+Loki é a única série do MCU em live-action a ter uma segunda temporada até agora, e, é incrivelmente fácil perceber o porquê. Tom Hiddleston, Owen Wilson e o resto do elenco realmente tornam a história quase incompreensível da viagem no tempo da série totalmente atraente.

Confira o trailer da 2ª temporada de Loki:

Já se passaram mais de dois anos desde a última vez que encontramos o Deus da Trapassa, e quando o deixamos, ele era um homem mudado, tendo visto o erro de seus caminhos e feito um verdadeiro amigo na AVT, Mobius. Ele também acidentalmente ajudou a impulsionar o multiverso da Marvel ao viajar até o fim dos tempos com sua variante Sylvie (Sophia Di Martino), onde conheceu Aquele que Permanece, um homem vagamente desequilibrado que se sentiu compelido a estrangular o multiverso em uma única linha do tempo porque algumas de suas variantes haviam iniciado uma guerra que se expandiu muito além de suas realidades. Sylvie não estava realmente interessada em tudo isso e simplesmente o esfaqueou.

Você pensaria que o crescente multiverso teria tido um enorme impacto no MCU desde então, mas realmente teve? Vimos algumas histórias divertidas e independentes em What If…?, um feitiço que deu errado e foi corrigido em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, um multiverso que não era tão louco em Doutor Estranho 2, e no início deste ano Scott Lang e a família conheceram a variante de Aquele que Permanece, Kang, o Conquistador no Reino Quântico. Mas mesmo levando isso em conta, não aconteceu muita coisa para que não possamos facilmente nos juntar novamente à busca de Loki para gerenciar as consequências das ações de Sylvie na burocrática AVT, o que certamente é uma boa notícia para todos que não têm acompanhado assiduamente ao MCU.

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Loki
Imagem: Marvel/Disney

Poderíamos argumentar que a primeira coisa que a segunda temporada faz é retroceder nas terríveis implicações daquele momento de angústia que terminou há dois anos, mas é uma reviravolta que nem havíamos considerado e não diminui de forma alguma a ameaça maior. Na verdade, o primeiro episódio da 2ª temporada é bastante estressante. A AVT sabe que a Linha do Tempo Sagrada está desmoronando e perdeu Ravonna Renslayer, então somos apresentados a General Dox de Kate Dickie e a Juiza Gamble de Liz Carr, que tentará decidir o melhor curso daqui para frente.

Continuamos exatamente do ponto de onde paramos, com Loki encontrando uma versão de Mobius e a caçadora B-15 que não têm ideia de quem ele é. Logo fica claro que Loki está no passado, quando Aquele que Permanece era uma entidade conhecida na AVT e todos os seus trabalhadores cumpriam ansiosamente suas ordens, incluindo os amigos de Loki. Logo, Loki está “voltando no tempo” para um presente familiar dentro da AVT, onde Mobius o leva para conhecer Ouroboros (Ke Huy Quan), o engenheiro mais brilhante – e aparentemente único – da AVT. “OB” observa que Loki está tendo um deslize temporal e ele encontra uma maneira de consertar isso. 

Quan é um completamente perfeito para o personagem OB, o que nos leva a supor que o personagem tenha sido escrito pensando nele. Suas interações com Loki e Mobius são muitas vezes confusas, mas ele mantém um nível tão alto de simpatia que suas fortes exposições são bastante agradáveis. É fácil imaginar OB como uma versão adulta de Data de Os Goonies, um homem cujas estranhas invenções e engenhocas agora salvam regularmente o dia sem aplausos. 

À medida que Loki salta entre o mesmo local no passado e no presente, sua conversa com OB do passado desencadeia memórias no OB atual e permite que a dupla adquira um dispositivo que o OB do passado montou para tais situações. É uma solução surpreendentemente “simples” para a questão urgente, mas oferecer aos espectadores uma cena de diálogo duplo bem escrita que usa a edição simples a seu favor é mais satisfatório do que lançar aleatoriamente um desvio de aventura com pouco mais a oferecer.

Para mim, muito do sucesso deste episódio se deve às brincadeiras de Wilson com o resto do elenco. Desde a conversa sobre o jet ski até a confusão assustadora enquanto ele tenta se lembrar do OB e, em particular, do momento em que escreve “pele” (“SKIN?” no original) na poeira da sala de controle do tear temporal. Não há cena tão selvagem que o comportamento fácil de Wilson não possa nos trazer de volta à terra, mesmo quando a trilha sonora incrível de Natalie Holt procura tecer sua tapeçaria auditiva surreal.

Loki
Imagem: Marvel/Disney

Há um grande “mas” na forma do Tear Temporal da AVT (uma espécie de nexo que alimenta toda a sua tecnologia relacionada ao tempo e refina o tempo em linhas do tempo físicas) desmoronando, o que seria ruim para todos, mas especialmente para Loki, que iria deixar de estar ligado a dois pontos diferentes no tempo e, em vez disso, se desfaria literalmente. 

A solução é “agarrar” Loki com um dispositivo colocado próximo ao Tear Temporal dentro de uma janela limitada de tempo durante a qual ele deve “podar-se” com a arma da TVA que envia variantes problemáticas para o “ferro-velho do tempo” que vimos na 1ª temporada. Caso você esteja se perguntando: Sim, isso é um monte de bobagens complicadas, mas siga em frente, pois a mecânica real não é difícil de entender. Apenas uma boa e velha diversão de ficção científica.

Loki
Imagem: Marvel/Disney

Está muito claro na estreia desta temporada que a Marvel realmente se preocupa com o sucesso contínuo de Loki. Contratar os amados cineastas independentes de ficção científica Aaron Moorhead e Justin Benson para supervisionar esses episódios foi uma boa escolha depois que a diretora da primeira temporada, Kate Herron, deixou a série. A câmera permanece com os personagens e leva você ao pânico e à frustração enquanto a AVT começa a desmoronar e o tempo de Loki fica pior. O tempo passando é um efeito visual verdadeiramente impressionante. Depois de alguns CGI verdadeiramente duvidosos saindo dos estúdios da Marvel nos últimos tempos, é reconfortante.

A estreia não apenas resolve pontas soltas do final da temporada passada, embora faça um trabalho bastante completo, mas cria um plano de fundo para expandir a história. A viagem de Loki para uma versão futura do pesadelo da AVT aparentemente sugere que os esforços de sua equipe para consertar o tear temporal acabarão por falhar. Uma Sylvie também estará lá no futuro, e Loki fica quase dominado pela emoção com o encontro – até que é podado de forma prestativa por um indivíduo invisível. É tudo intrigante o suficiente para me fazer querer voltar na próxima semana e ver o que acontece.

Claro, tudo remete ao início do MCU: uma cena pós-crédito logo no primeiro episódio! Sylvie chega logo após matar Aquele que Permanece, em Broxton, Oklahoma, por meio de uma linha do tempo ramificada em 1982, e pede um de tudo do cardápio do McDonald’s. Claro, esse pedir “tudo” não passa de uma metáfora ao fato de Sylvie não ter tido uma vida onde ela tinha escolha, agora ela quer experimentar tudo aquilo que não pode viver.

O significado de Broxton no MCU é atualmente desconhecido, mas nos quadrinhos Thor recriou a cidade de Asgard em Broxton e os Asgardianos uma vez entraram em guerra com Galactus lá. É também o local de nascimento do vilão de Agente Carter, Whitney Frost, mas provavelmente podemos assumir que a Marvel não fará esse cânone tão cedo. Dado que esta versão de Broxton é uma linha do tempo ramificada, esperemos que esteja a salvo da General Dox, que parece estar em sua própria missão questionável para consertar a AVT.

Loki
Imagem: Marvel/Disney

Em meio a todas as aventuras de viagem no tempo que certamente nos aguardam, será interessante ver se o estúdio e os roteiristas aproveitaram a oportunidade apresentada por uma organização policial em ruínas para comentar como um regime tão equivocado e opressivo pode ser reconstruído para fazer algum bem real. Todos foram enganados – a ponto de terem suas memórias apagadas diversas vezes – por uma mão orientadora onisciente. Aquele Que Permanece estava realmente protegendo sua Linha do Tempo Sagrada, mas também condenou rapidamente inúmeros outros. Poderia a AVT aceitar esses fatos duros e se tornar outra coisa?

Há uma excelente premissa com muito potencial diante de nós, que, se bem explorada, pode provar que essas séries podem ser muito mais do que peças de um quebra-cabeça maior. A 1ª temporada foi muito divertida por si só, ao mesmo tempo que serviu obedientemente como o ponto de partida para a Saga do Multiverso. A Marvel Studios pode repetir o mesmo truque de mágica à medida que o enredo fica mais estranho e a lista de personagens fica maior? Descobriremos em breve.

Gabriel Martins
Carioca, amante de cultura POP e esportes. Quando não estou assistindo jogos do Flamengo, geralmente estou escrevendo sobre cinema e televisão.