Crítica: Doutor Sono | Um excelente acerto que faz jus à O Iluminado

Doutor Sono adapta o livro homônimo de Stephen King e é que sequência direta de O Iluminado, e o filme é uma sequência direta da adaptação para os cinemas de O Iluminado de Stanley Kubrick, lançada em 1980 e estrelada por Jack Nicholson.

Doutor Sono
Divulgação.

Se muitas dessas sequências de filmes de longa data costumam abusar da nostalgia e referências quase abusivas e intermináveis, o longa chega para quebrar isso. Ainda que seja inevitável não mencionar a obra de Kubrick, não pega carona em nada disso, até mesmo as cenas dos flashbacks foram perfeitamente reconstruídas com uma escolha impecável para dar vida aos papéis que outrora foram de Jack Nicholson (Jack Torrance), Shelley Duvall (Wendy torrance), Danny Lloyd (Danny Torrance) e Scatman Crothers (Dick Hallorann).

Elenco foi escolhido perfeitamente onde até quem aparece em poucos minutos de tela consegue oferecer uma atuação sólida. Mas é necessário falar sobre o elenco principal, em particular: Ewan McGregor, Rebecca Fergurson e Kylegh Curran. McGregor dá vida à versão adulta de Danny Torrance que segue sua vida com os traumas do que viveu quando criança e também com as atuais consequências de suas habilidades procurando, seu lugar no mundo. Fergurson é Rose que faz parte de um grupo de pessoas com o dom da iluminação mas utilizam para encontrar outros iguais e se alimentar dessa energia torturando-os e os matando. Curran vive Abra Stone, uma jovem que possui o dom da iluminação e possui uma incrível habilidade.

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Cada um deles foi perfeitamente escalado. Se McGregor oferece uma sólida contraparte adulta de Danny e consegue criar um carisma tímido. Fergurson vive Rose que é a vilã na história que contracena muito bem com isso sem criar nada caricato. Por outro lado, Kylegh Curran é a grande iluminada. A jovem foi a escolha certeira para o papel que rouba a cena em diversos momentos com uma atuação muito convincente e natural.

A direção do longa fica por Mike Flannagan que criou a excelente série A Maldição da Residência Hill que também é um terror. Além da direção, ele também assina o roteiro e a edição. Ainda que seja nítida a diferença do filme para a série, a escolha foi certa. Flannagan consegue trabalhar muito bem na construção de personagens, de ambiente e na montagem que juntos, conseguem proporcionar um espetáculo com pouco uso cenas especiais.

Doutor Sono é tudo o que O Iluminado deixou aberto todos esses anos, mas esqueça que você viu e principalmente aquilo o que você espera ver. Stephen King usou sabiamente sua própria criação para expandir a mitologia em torno da iluminação sem se prender em suas origens e o filme consegue adaptar muito bem isso criando uma história cujo foco é mais humano, ainda que seja continuação de uma obra conhecida por focar no sobrenatural e no terror psicológico.

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Talvez o único problema seja a conclusão, ainda que tudo faça sentido desde o primeiro minuto de filme, os seus últimos poderiam ter ganhado um desfecho um pouco mais satisfatório e finalizado, mas nada que comprometa a obra como um todo. Se o cinema atualmente está saturado de remakes, reboot, revivals, entre outros, Doutor Sono prova que Hollywood ainda sabe surpreender quando quer e usando muito pouco, e é isso que o filme se torna: apenas com seu ótimo roteiro, direção e atuações fazendo jus ao legado deixado por Kubrick e até mesmo como adaptação da obra de Stephen King.

9,5


Título Original: Doctor Sleep

Elenco: Ewan McGregor, Rebecca Ferguson, Kyliegh Curran, Carl Lumbly, Zahn McClarnon, Emily Alyn Lind, Bruce Greenwood, Jocelin Donahue, Alex Essoe, Cliff Curtis

Direção: Mike Flannagan

Duração: 152 minutos

País/Ano: Estados Unidos / 2019

Distribuição: Warner Bros. Pictures do Brasil

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