Crítica | Dora e a Cidade Perdida acerta como adaptação mas erra no tom

Dora e a Cidade Perdida

Em uma era que live-action’s estão em alta, a Disney vem liderando este mercado, mas como resultado financeiro não garante conteúdo, a Disney acaba falhando em grandes pontos em suas adaptações, Dora e a Cidade Perdida, vinha sendo classificada internacionalmente como melhor do que qualquer live-action adaptada que o Estúdios Disney, jamais fizera antes. Mas por que?! Apesar da adaptação de Dora ser mais redonda que O Rei Leão (que no caso não adapta nada, e sim cópia), A Bela e Fera e outros, a trama falha nas mesmas coisas, trazendo romances repetidos, humor um tanto forçado, e errando totalmente no tom.

Apesar da trama se assemelhar muito á Jumanji, o filme consegue trazer um história para os cinemas, o único grande problema dessa adaptação é o tom, a faixa etária. Ao invés de trazer um filme de entretenimento para todos os públicos, a trama acaba focando no público infantil, o que tecnicamente é seu público inicial, dessa forma trazendo um humor e atuações um pouco forçadas, apesar da trama saber dosar/brincar muito bem com Dora quebrando a quarta parede, transformando os poucos momentos em piadas, que te dão esperança sobre como a comédia vai ser colocada nessa trama, mas como dito aqui antes isso se quebra e acaba pesando no humor, deixando mais forçado do que deveria ser.

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Quantas vezes já vimos nos cinemas personagens que tiveram (que por alguma razão maior) sair da floresta (ou de seu ambiente), e quando vieram para o nosso mundo agiram de forma esquisita, de forma constrangedora que nem da vontade de olhar? Encantada, A Pequena Sereia e George: O Rei da Floresta, que aqui seja dito que George é o melhor exemplo, já que ele como Dora deixaram a floresta para viver na cidade. Ou quando os jovens deslocados de Como Sobreviver a um Ataque Zumbi acabaram salvando todos, deixando no chinelo aqueles que zoavam eles, ou seja, já visto antes.

O roteiro do filme (assinado por Nicholas Stoller), que apesar de trazer uma trama com aspectos repetitivos, mostrando o famosos “amizades esfriam”, tratando alguns assuntos de forma tímida e claro falas e momentos para que os pequenos que assistiram os desenhos ‘surtarem de felicidade’, e isso se assemelha também a direção (de James Bobin), que tenta trazer frames e momentos idênticos a animação, como por exemplo quando dora balança em cipós e câmera acompanha o mesmo movimento que a aventureira faz, mas apesar de não trazer nada totalmente novo com uma direção engessada, que aqui podemos dizer que parece que a produção tomou conta do projeto deixando a trama sem identidade criativa.

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Assim como na animação Dora e a Cidade Perdida, tenta trazer alguns traços da animação para a telonas, como falas e roupas. Na animação Dora está sempre com sua blusa rosa e Diego de azul, fortalecendo o famoso e insuportável, “menino usa azul, menina usa rosa”, trazendo isso para o filme, sendo notável em quase todas as pequenas trocas de roupas que os atores fazem, no quarto de Dora até no cobertor, pijama que os dois usavam na infância, fortalecendo essa ideia quadrada sem cabimento nenhum para os pequenos (público alvo), sem evolução nenhuma.

Mas é claro que o grande atrativo fica com Isabela Merced que de longe foi a escolha perfeita para o papel, sabendo balançar (não só em cipós) á comédia com os momentos em que personagem pede para agir de forma constrangedora á momentos que a personagem se sente sozinha e triste, dosando da forma certa para o público que é pedido. Além das pequenas cenas de ação que a trama pede e a atriz (e talvez um dublê) consegue muito bem atender, com manobras e saltos perfeitos.

Se foi a época em que tínhamos The Goonies, ET: O Extraterreste, Harry Potter e outros, como filmes para as crianças, filmes criativos com mensagens e lições bravas, que nos faziam refletir sobre isso. O que nos resta hoje em dia são fracas adaptações sem a essência que as crianças mereciam.

Dora e a Cidade Perdida trás por fim uma ótima adaptação, mas sem nenhuma novidade, sem a essência que as bravas atitudes e lições que os filmes antigos nos passam, trazendo por si só uma peneira de tudo o que um dia nos amamos. Dessa forma, funcionando para o público alvo mas não para o infanto juvenil ou adultos, sendo apenas mais uma trama divertida e sem carisma.

Nota: 3/5

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Marta Fresneda
Líder do site de entretenimento O Quarto Nerd. Apaixonada por cultura pop, com objetivo de influenciar e incentivar mulheres na área de comunicação voltado ao mundo nerd.